Fala Galera,
há pouco tempo falei sobre o respeito que devemos ter com a seleção musical dos outros (e literária, e cinematográfica…) aqui na coluna, mas queria aproveitar a oportunidade para estender um pouco o assunto. Nem sempre as pessoas censuram o gosto de alguém, ou o seu próprio, por considerar algo ruim, mas apenas inadequado. Se estereótipos são frequentemente vilões na literatura tendo o poder de comprometer boas ideias, no mundo real também não ajudam muito. Se ando de roupa preta, barba, cabelo comprido e roupa preta eu tenho que ser “roqueiro” certo, “metaleiro” talvez. Minha Vida é o Rock’n’Roll como já disse o Made in Brazil muito tempo atrás e vivendo o Rock até hoje (o que acho profundamente justo se é realmente só aquilo que você gosta).
Estereótipos fazem com que eu seja criticado quando ouço samba (fiz o Fábio Barreto ouvir Casuarina outro dia via Twitter), jazz, pop, eletrônico ou sertanejo. Por que você está ouvindo isso, ou nunca imaginei ver você ouvindo isso, são frases comuns nessas situações.
Hoje eu vou apresentar um dos meus instrumentistas, letristas e escritores favoritos para vocês. O jornalista que se apaixonou pela viola, pela fala simples e pelo pulsar que vive dentro de cada viola, cada moda, cada rima “errada” e lenda… Paulo Freire. Não, o famoso educador não tem carreiras paralelas, mas um homônimo, isso sempre complica minhas buscas por material dele no Google / You Tube.
Quem é o Paulo Freire, então?
Com livros escritos, discos gravados e diversos shows completamente diferentes entre si, Paulo Freire é acima de tudo um intelectual divertido. Apesar da excelência nas diversas áreas onde se envolveu, ele parece nunca se levar tão a sério e é sempre promessa de performances divertidas e monólogos hilários, quer seja nas suas letras repletas de causos, quer seja nas intervenções que ele faz durante suas apresentações. Já assisti mais de 20 apresentações envolvendo o músico desde a Universidade, pelo menos umas 10 diferentes entre si, e sempre me diverti com ele. Posso ouvir a mesma história diversas vezes simplesmente por sentir sua alegria em estar ali no palco perto das pessoas.
Apesar de falar dos divertidos causos contados e cantados pelo compositor, a primeira música que eu quero apresentar traz a Saudade, que acredito todo lusófono se orgulha em dizer que é uma palavra sem tradução exata para qualquer outro idioma, em sua forma mais triste, chorada no bojo da viola e de um banquinho. A simplicidade do sertanejo expressada de uma maneira lírica e linda (a poesia que originou a música é de João Pacífico), está nessa música que deixou saudade por não ser mais tocada ao vivo, ou pelo menos não foi das últimas vezes que assisti.
A tristeza se vê refletida em versos como:
“O dia em que ela foi embora / Tá marcado aqui no braço / Olhem bem na viola / Vejam vancês, quantos traços”
ou
“Por isso minha viola tem essa cor de tristeza / Pra mim tem cor de sôdade”.
Mas, como eu disse, o autor se mostra frequentemente muito divertido como nesse pacto aqui cantado (surpreendentemente não achei a música no You Tube – deve fazer parte do pacto). Mas você pode ouvir no Deezer, se quiser.
Em composição aqui ele canta o demônio em pessoa, e rabo e viola.
Depois da saudade, de um pacto e do demônio em pessoa e ponteado, acho que está na hora de acabar a coluna por aqui.
Mas antes, eu quero pedir para que não sintam saudades de tudo que ainda não viram. Cada um deve ir atrás de conhecer o máximo que puder de músicas, livros e filmes a fim de descobrir o que conversa com vocês. Artes ou linguagens não são excludentes e quem você é sempre vai carregar parte de tudo aquilo que você viu, aprendeu, ensinou ou sentiu.
Sejam o máximo que puderem ser e nunca deixem ninguém lhes sugerir o contrário.
Abraços sertanejos, rockeiros e tristes,
Rodrigo Fernandes

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