Fala Galera,
a semana de hoje deveria ser rebatizada de “Tirando a Letra”, já tem muito tempo que abracei a música instrumental de diferentes gêneros e tenho defendido que muitas delas tem muito a dizer. Por isso, anos atrás, batizei meu blog pessoal (que raramente menciono) de “1001 versos de uma música instrumental”. A música instrumental tem a capacidade de evocar com frequência: sentimentos, emoções, lembranças, ritmo… Ainda que de maneira mais sutil, temos uma amplitude similar de evocações possíveis através puramente das notas e cadências. Para essa semana eu gostaria de trazer mais uma vez dois exemplos para ilustrar o conceito.
Duofel, o duo de cordas brasileiro era frequentemente mencionado pelo meu tio (que me inspirou a tocar) como exemplos maiores de instrumentistas nacionais. Ainda assim seus discos sempre foram difíceis de serem obtidos (onde estava o Deezer quando precisávamos dele?!?!?!) e só fui ter contato com a música deles muitos anos depois, por acaso em uma gravação junto com o cantor e compositor Edvaldo Santana.
Essa é uma música infantil de certa forma e cantada. Frequentemente cantei “Cara Carol” para colocar minha filha para dormir. Recentemente levei ela para o show instrumental do Duo, onde várias versões e músicas próprias foram apresentadas. Seu trabalho mais conhecido e reconhecido é o disco com versões dos Beatles e suas recriações têm vida própria ainda que evocando a familiaridade das conhecidas melodias de Lennon & McCartney.
Com 35 anos de carreira o Duofel continua advogando e defendendo a música instrumental como forma de expressão e ampliando seu vocabulário de técnicas e instrumentos de corda para fazer da sua música o que toda música deveria ser… infinita.
Tem mais!!!!
Continuando, temos um exemplo que tem me acompanhado constantemente nas últimas 48 horas. Tenho que agradecer aqui a Melanie do Agentes do Livro que indicou o livro “The Only Pirate at the Party”, escrito pela Lindsey Stirling (infelizmente ainda sem tradução) no podcast. Comprei o audiobook e ouvi a cada oportunidade que tive ao longo dessas 48 horas a história da artista narrada por ela mesma. Por conta dessa narração, é quase impossível não se empolgar quando ela se empolga ou sentir um nó na garganta quando ela a beira das lágrimas conta alguma passagem mais triste de sua trajetória. A violinista YouTuber conta desde sua infância, passando pelo aprendizado do violino, voltado para algo mais clássico, sua passagem por um reality show popular na América e sua meteórica carreira como instrumentista / cosplayer no YouTube.
Sua bem sucedida e independente carreira musical a levou a tocar em diversos lugares do mundo e ao 2º lugar da Billboard com seu disco “Shatter Me”. Esse disco é, segundo a compositora, uma obra mais coesa tendo sido composto e gravado de uma só vez (ao contrário do disco de estreia). É nesse álbum também que a compositora se desprende do compromisso com a música instrumental para nos apresentar duas parcerias com cantoras. O primeiro single “Shatter Me” é uma empolgante parceria com Lzzy Hale (do Halestorm). Ao abandonar a música clássica, mais comum no instrumento, não se deixar abater pelas dificuldades diversas de não ter uma gravadora ou uma estrutura maior a suportando e não se prender ao formato música instrumental (apesar de priorizá-lo) temos nesse segundo exemplo aquilo que toda música deveria ser… livre.
“Somebody shine a light
I’m frozen by the fear in me
Somebody make me feel alive
And shatter me
So cut me from the line
Dizzy, spinning endlessly
Somebody make me feel alive
And shatter me”
Temos ainda inúmeros outros exemplos de grandes momentos da música instrumental, quero deixar aqui 3 recomendações que conversam de maneira muito próxima comigo:
It Never Enetered My Mind – Miles Davis
Always With Me, Always With You – Joe Satriani
My Favourite Things – John Coltrane
Além, é claro, da obra dos artistas mencionados acima.
Por hoje é só torcendo para que todos nós, curiosos como leitores costumam ser, continuemos a procurar o subtexto de cada linha, de cada verso, de cada melodia escrito ou não.
Abraços do lado instrumental,
Rodrigo Fernandes