[Resenha] Filhos do Fim do Mundo do Fábio Barreto

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Fala Galera, de volta para fazer mais uma resenha onde pretendo adiar a resenha técnica o máximo possível.  E hoje trago para vocês um livro lançado a um tempo que, para minha surpresa, ainda não havia sido resenhado aqui no Leitor Cabuloso.  Mais uma vez trago o autor Fábio Barreto, já abordado pelos seus contos no Era uma vez rapidinho, aos meus textos através do premiado romance Filhos do Fim do Mundo publicado pela editora Leya e premiado com o prêmio Argos 2013.

FilhosCover

A sinopse do livro, encontrada no site do autor, é a seguinte:

“Ganhador do Prêmio Argos de Literatura Fantástica 2013. “Filhos do Fim do Mundo” conta a história de um Repórter divido entre o trabalho e a família, quando uma catástrofe assola a Humanidade. Ele precisa encontrar uma cura desesperada para uma mazela que está prestes a tomar a vida do filho prestes a nascer.”

Nesse parágrafo, Barreto já aponta para diversos pontos de tensão, apreensão e preocupação que a leitura trará ao longo da história.  Como pai, a identificação com o personagem e a sensação de alívio ou pesar ao longo da investigação, assim como ao descobrir os destinos de diferentes crianças que aparecem no texto, é praticamente imediato.

E por onde eu poderia começar uma discussão a respeito de um livro premiado, escrito por um autor respeitado em diversos círculos da palavra impressa / digital?

Ao considerar isso minha resposta foi muito rápida e instintiva.  Por aquilo que faz dessa obra uma obra única.  A ausência de identificações.  Os personagens não tem nome, nem os lugares… nada.  Não acredito que essa tenha sido a primeira obra a fazer isso, mas aqui, isso soa acintoso, desafiador, incômodo.  Aqui essa ausência torna a obra universal, ela poderia ter acontecido com qualquer um, em qualquer lugar.   Fiquei surpreso ao descobrir que justamente esse ponto causou uma considerável quantidade de reclamações por parte dos leitores… acho que algumas pessoas não querem ser provocadas / desafiadas.  Da mesma forma que isso se tornou uma referência da obra – “o livro em que nada nem ninguém tem nome”, temos também um exemplo semelhante em Ancillary Justice.

Na obra de Ann Leckie, o personagem principal / narrador não consegue identificar gêneros e por consequência todos os personagems são endereçados na forma feminina.  Em ambos os exemplos os livros oferecem muito mais que sua simplificação, mas a ausência de nomes ou de flexão de gêneros se tornaram de alguma forma a personalidade do livro.  Aquilo que os torna únicos e pelo que são imediatamente lembrados.  Na minha opinião precisamos desse tipo de sacada com mais frequência.

Apesar do texto ágil, e a tensão constante, funcionarem a favor da trama instigando o leitor na maior parte da leitura, senti em um, ou dois pontos, uma resolução apressada dos eventos me deixando confuso com relação ao que ocorreu ou como chegaram naquele ponto.  Isso ocorre em raríssimas ocasiões e não compromete a experiência como um todo.

Argos

Conforme já havia apontado na minha coluna anterior sobre Fábio Barreto, considero o artista muito versátil.  Ao longo do tempo fui acompanhando seu trabalho e conversando com ele em algumas oportunidades que surgiram e percebi que essa versatilidade extrapola a mídia escrita e alcança diferentes podcasts (entre os quais ressalto o Gente que Escreve em parceria com o Rob Gordon de quem falei na última coluna do ano passado ou nos dois cursos de escrita que ele promove atualmente (sendo um gratuito, simplificado, e um bem completo, pago) ou como diretor do booktrailer de sua própria obra.

 

 

Por hoje é isso pessoal e vejo vocês com uma nova coluna semana que vem.

Abraços,

Rodrigo Fernandes.

NOTA:

4,5 selos cabulosos repletos de magia

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Filhos do Fim do Mundo (2013)
Autor: Fabio Barreto
288 páginas
Editora Leya – Selo Fantasy – Casa da Palavra
Skoob