[Notícia] Conheça Jeronymo Monteiro, o “Pai da Ficção Científica Brasileira”

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No dia 11 de dezembro de 1908, nascia Jeronymo Barbosa MonteiroApesar de pouco conhecido, ele foi um dos precursores do rádio-teatro, criador do primeiro detetive brasileiro e da primeira série policial. Além disso, é considerado Pai da Ficção Científica Brasileira, gênero que considerava o mais amplo da literatura universal.

Jeronymo teve uma infância difícil, tendo que largar a escola aos 8 anos para trabalhar em diversos ofícios. Ainda menino, descobriu um tesouro na Venda do Seu Elias: livros. Foi assim que começou a ler e se apaixonou pela leitura. Conheceu os livros de H. G. Wells, o primeiro responsável por sua paixão pela ficção-científica e, também, o “culpado” de Jeronymo aprender sozinho italiano, inglês, espanhol e francês, pois queria ler Wells nas línguas que encontrava.

Aos quinze anos, escreveu No Reino das Fadas para sua irmã, história que foi publicada anos mais tarde pela editora Melhoramentos.

Depois de contrariar a medicina e se curar de uma tuberculose, iniciou a carreira de redator de Publicidade e, a seguir, a de radialista. Em 1937, criou o detetive Dick Peter para uma propaganda e, mais tarde, As Aventuras de Dick Peter se tornaram um marco do rádio-teatro.

A partir de então, teve grande participação em diversos programas de rádio, como rádio-teatro, programas musicais, de humor e de auditório.

O sucesso do detetive Dick Peter aumentou ainda mais com o lançamento de um álbum de figurinhas e de livros. A Teia Invisível, A Febre Verde, O Misterioso Tarântula e tantos outros casos de suspense resolvidos inteligentemente por Dick Peter, eram assinados, por exigência de contrato, com o pseudônimo de Ronnie Wells. Só em 1952, como quadrinho, desenhado por Jayme Cortez, Jeronymo passou a assinar as histórias do detetive com seu próprio nome.

Outra exigência do patrocinador era que todos os nomes, lugares e peculiaridades deveriam ser norte-americanas. Mesmo assim Jeronymo conseguiu imprimir ao herói-detetive um tom nacional, seja pelo seu bom humor ou grande confiança em si mesmo, características que via nos brasileiros.

Jeronymo também trabalhou em jornais como O Estado de São Paulo Folha de São Paulo, nos quais escreveu diferentes colunas sempre muito apreciadas pelos leitores.

Quando a Editora Abril começou, em 1950, foi chamado para ser o diretor de sua primeira publicação, a revista O Pato Donald, já que era considerado um dos melhores escritores infanto-juvenis da época. Além de primeiro editor, caberia a ele as funções de tradutor, redator e secretário. Inventou vários dos nomes de personagens Disney que subsistem até hoje no Brasil, como por exemplo, Tio Patinhas, Huguinho, Zezinho e Luizinho, entre outros.

Pioneiro na ficção científica no Brasil, foi diretor de redação do Magazine de Ficção Científica, da editora Globo, versão brasileira da Fantasy & Science Fiction que, por iniciativa sua, sempre apresentava a cada número um autor brasileiro de FC. Apaixonado por ficção científica, principalmente como leitor insaciável, foi fundador em 1964, da Associação Brasileira de Ficção Científica.

Foi tradutor dos idiomas que aprendeu sozinho, traduzindo livros de grandes escritores como Alberto Moravia, Pierre de Latio, Victor Hugo, Indro Montanelli, Concordia Merrel, entre outros.

Faleceu em 1º de junho, vítima de um aneurisma na aorta.

Jeronymo via a ficção como forma de entreter e de “viajar” para um mundo maravilhoso, fugindo das deficiências da realidade. Além disso, em seus livros procurava alertar a humanidade para o perigo da mecanização excessiva e, principalmente, para a perda dos sentimentos, sem os quais a vida não teria sentido.

O amante da ficção científica também teve grande contribuição para a Literatura Infantil, com livros como O Homem da Perna Só (1943), O Palácio Subterrâneo das Antilhas (1943), Viagem ao País dos Sonhos (1949) e Curumi, o Menino Selvagem (1956).

Segundo as professoras Marisa Lajolo e Regina Zilberman:

Jeronymo Monteiro não perde de vista dois aspectos: adota uma postura crítica em relação às suas personagens, evitando idealizá-las; e enraíza o tema, frequentemente veiculado através da literatura de massas e de outros meios de comunicação de procedência internacional, a um ambiente brasileiro, tanto por integrá-lo a uma vertente em que a Amazônia é objeto de uma representação mítica, como por evitar o ufanismo que pode revestir e camuflar o material literário estrangeiro.

Apesar de tão importante para a literatura nacional, Jeronymo Monteiro não é muito conhecido pelos leitores. Mas além de apresentar um pouco de sua história e de sua obra aqui, para terminar com chave de ouro, também gostaria de apresentar um site, que foi criado para comemorar o aniversário do autor, no qual é possível conhecer mais sobre seu trabalho. Mãos à obra!

Via PublishNews