[Coluna] Dicas de Josy Stoque para você se tornar um excelente escritor ou escritora

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Já vou iniciar com uma dica valiosa: Leia de verdade, leia até o fim.
As pessoas estão cada vez mais tendendo a pular introduções, descrições ou até capítulos de livros. É cada vez mais comum o comportamento do que eu chamo de síndrome do “fast forward“. Claro que não temos tempo de ler tudo que gostaríamos mas pense seriamente sobre isto e verá que graças a este “cacoete” de pular coisas demais não estamos lendo nem mesmo o que gostaríamos, e às vezes precisaríamos. Este é o “caminho da pressa”, o caminho mais curto que não leva a lugar algum.
Outro comportamento que se tornou sintomático na internet é o consumo de listas.
Existem listas de 10 ou 5 ou sei lá quantos pontos curiosos sobre qualquer assunto.
E dentre as listas existem as famosas listas dos conselhos de algum escritor. Listas de conselhos de escrita podem também serem levadas pelo “caminho da pressa”. Podemos cair no erro de usá-las como uma “receita de bolo”. Deve-se lembrar que mesmo que fosse possível seguir qualquer método 100% igual a um determinado escritor, isto nos transformaria em nada mais do que uma mera imitação inferior.
O mundo não precisa de uma imitação de qualquer escritor que já tenha existido. O que o mundo realmente precisa é de um novo escritor. O mundo precisa de você, e do seu livro. Seja um novo autor. Como disse Neil Gaiman no seu conhecido discurso, “Make good art“, ninguém escreveria a sua estória da maneira como você escreveria.
O que temos de aproveitar em qualquer lista de conselhos é saber sempre usar o bom senso.
Ouvir música te atrapalha concentrar para escrever, mas o seu escritor preferido ouve Beethoven durante o processo dele? Não ouça, simples assim!
Seu escritor disse que o programa que ele usa pra editar textos é o do Google Drive e você percebe que este programa é bom pra você? Use.
Mas nada de usar os conselhos como regra de fé. Tenha uma regra: Não se acorrente a regras. Incluindo a regra do bom senso.
Use sempre bom senso, menos quando o bom senso falhar! E sim, ele vai falhar! E é neste ponto que as dicas podem ajudar a experimentar coisas novas. Pois o bom senso deve ser exercitado e aprendido empiricamente e constantemente aperfeiçoado. O que me parece razoável hoje, amanhã quando eu tiver mais experiência pode não ser nada bom.
Eu acredito que se pode aprender com a experiência alheia, mas não acredito em fórmulas prontas. Acredito que devemos ler estas listas de dicas como um complemento e sugestões de coisas que podemos testar para incorporar, ou não, no nosso próprio método.
Eu perguntei para dois escritores nacionais sobre dicas de escrita e os dois me disseram coisas parecidas com este ponto que eu estou levantando.
Hoje irei publicar uma pequena entrevista com a escritora Josy Stoque e suas dicas de escrita. Na próxima coluna irei publicar as dicas de Octávio Aragão.

Entrevista com Josy Stoque

Você poderia nos passar 5 dicas de escrita?
Josy: Posso dizer para você o que acho sobre dicas de escrita: muito relativo cada autor tem seu método, não existe fórmula. Por isso, existem 5 coisas que eu falo e que devem ser a base para qualquer pessoa que escreve:
1 – Leia muito.
2 – Escreva muito.
3 – Revise muito.
4 – Seja autocrítico.
5 – Não tenha pressa de ser lido.
Com essas 5 dicas, um autor sempre vai crescer e amadurecer.
O que você acha mais importante para criar uma boa estória? Ideias geniais? Narração? Personagens bem construídos ?  
Josy: Sabe, tem gente que acha que ideia é tudo, mas sem uma boa narrativa, qualquer livro perde o sentido, porque não prende o leitor. Por isso eu penso que a narrativa é mais importante que a história e sempre, sempre, precisa emocionar e envolver o leitor. Narrativas leves e ágeis são mais propensas a fazer sucesso no entanto, grandes obras de 500 páginas também fazem qual o segredo, então? Envolvimento, ganchos bem elaboradas, enredo crível, personagens que a grande massa se identifique também são uma boa pedida. Acho que falei de tudo o que é mais importante!
Que tipos de personagens você gosta de criar?
Josy: Eu gosto de personagens humanos e realistas, perfeitos em sua imperfeição com quem a gente se identifica mesmo, sabe? Esses são os mais amados pelos leitores.
Como você geralmente cria um personagem que será carismático e um que será odiado?
Josy: Preservando a humanidade dele. Eu o construo psicologicamente Eu sei seus anseios mais secretos, suas frustrações, a maneira como foi criado. Para mim, personagens são pessoas reais. Por isso que a observação é tudo para um escritor.
Você faz muita pesquisa de campo?
Josy: Pesquisa de campo nem sempre é ir ate a Itália para falar sobre arte. Pesquisa de campo é observar as pessoas no ônibus, conversar com amigos, conhecer gente e seus desejos.
Você costuma juntar mais de uma pessoa que você conheceu em um só personagem ou já baseou personagens “avatares” de pessoas conhecidas?
Josy: Eu costumo dizer que tudo que eu vi na vida fica armazenado no meu cérebro e quando começo um enredo, essas informações vem à tona conforme as necessidades da história.
Costuma-se achar que escritor é um tipo de pessoa reclusa. Mas pelo que está dizendo conversar e conviver com pessoas é algo que enriquece a escrita.
Josy: Escritor não é recluso, escritor vê o mundo de maneira diferente dos demais então não existem pessoas específicas nos meus personagens mas um conjunto de vivências.
Você quer dizer que não existem paladinos perfeitos e nem vilões “cartunescos”, só pessoas?
Josy: Exato, pessoas que fazem suas escolhas e que acometem consequências boas ou más para elas ou para as pessoas que as cercam. Isso é vivência, isso é enredo plausível e realista.
Sua criação de personagens, pode-se dizer, é orientada a escolhas que os personagens fizeram e irão fazer?
Josy: Exatamente, normalmente meu enredo se baseia nas escolhas desses personagens. Por isso, os perfis deles são os primeiros a serem criados. Depois eu elaboro o enredo conforme eles pensam ou agem.
Como você aconselha que o Wattpad ou Widbook sejam usados pelo autor?
Josy: As plataformas de publicação grátis são um bom termômetro para medir o interesse de uma obra nova. Eu recomendo para todo mundo que esta começando e gostaria de formar público ou mesmo saber a opinião direta desse público.
Recentemente você publicou grande quantidade de texto no Wattpad. Muitos autores têm medo de que com isto o público não compre. O que você acha sobre isso?
Josy: Este ano foi a primeira vez que eu publiquei uma obra inteira apesar de ter postado degustações das 9 anteriores. Minhas vendas não se alteraram na verdade, os públicos são diferentes. Quem lê de graça normalmente não compra, são públicos distintos. Mas foi ótimo para eu ter uma legião de fãs surtando e querendo mais! Como disse, um ótimo termômetro para a história. Minhas vendas continuam como sempre foram, nem mais nem menos.
Mas você acha que é possível cativar quem lê de graça para que compre? Ou você só utiliza mesmo para fazer experiência e ter o “feedback para melhorar ?
Josy: Já vi pessoas que vendem mais depois de publicarem lá, porém, eles criaram uma quantidade de fãs tão grandes, que atingiram mais gente que compra. Acho totalmente possível como qualquer propaganda: a gente abre um leque enorme de área para atingir determinado público e o resultado é sempre uma porcentagem dessa área. Quanto mais gente você atingir, mais chances tem de vender.
Muitas leitoras minhas me conheceram através das degustações disponibilizadas nas plataformas, e elas compraram minhas obras para concluir a leitura e se tornaram fãs. Compram tudo que eu publico. O bom dessa plataforma é também o boca a boca. A pessoa gosta e chama os amigos para lerem. É a melhor propaganda que qualquer autor poderia ter: indicação de leitores que leram e gostaram. Indicação espontânea!
Muitos dizem que escrever no Brasil é uma segunda profissão. Ou seja, poucos conseguem viver somente da escrita. O que você acha disto?
Josy: Acho verdadeiro, principalmente no começo, infelizmente. À quantidade de gente que escreve, poucos chegam a ser best-seller e viver disso. O mercado não dá conta de absorver todo mundo e não é questão de ser bom ou ruim mas de oportunidade.
Mas e o prazer de escrever. Você diria que vale a pena?
Josy: Com certeza! Não saberia fazer outra coisa. A questão é: Você quer ser escritor para ser rico ou porque não se imagina sem escrever? Só continua quem realmente tem vocação. Porque o dinheiro as vezes nunca vem. Eu tenho 10 livros publicados todos na Amazon e eu vivo desse dinheiro, não tenho mais outra profissão. Porém sou sozinha, não tenho filhos nem marido e voltei a morar com minha mãe depois do divórcio. Então o que ganho lá me sustenta facilmente. Conheço autoras que ganham melhor do que eu e que também deixaram suas carreiras para ficar somente com os lucros da Amazon. Elas e eu não somos ricas mas podemos dizer que vivemos disso e estamos felizes por fazermos o que gostamos sem precisar nos dividir em duas profissões.

Sobre a autora

Josy Stoque iniciou sua carreira de escritora em 2010, ao criar a saga sobrenatural “Os Qu4tro Elementos”, obra auto publicada e o primeiro sucesso da autora, levando-a à indicação do Prêmio Literário Anual Codex de Ouro 2013 e à tradução do primeiro volume para o inglês pela AmazonCrossing, em 2014. A escritora não parou por aí, publicou o new adult “Insensatez”, escrito com Gisele Galindo, e o conto de fadas “Estrela Em Busca do Amor Eterno” em 2013. A trilogia erótica “Puro Êxtase” completa no ano seguinte, seu segundo sucesso de vendas e o romance erótico policial “Não Espere pelo Amanhã”, de 2015, conquistou mais de 55 mil leituras no Wattpad.

Vídeo sobre o processo criativo de Josy Stoque

A Josy Stoque tem uma lojinha no seu site e na compra de livros impressos você pode baixar o ebook de graça.