A coluna desse mês, em vez de expor uma obra que inspirou produções tanto literárias como outros formatos, tratará de uma série de livros que, incluindo outros méritos, é uma baita homenagem para a literatura.
A série de treze livros, que por aqui foi traduzida como “Desventuras em Série”, foi lançada em 1999, e é mais conhecida pela adaptação cinematográfica lançada em 2004. Escrita por Daniel Handler por meio do pseudônimo personagem Lemony Snicket, a série possui inúmeras alusões à literatura em geral, principalmente ao gênero romântico.
O que pode ser considerado o tema central da trama, o infortúnio, é presente de formas sutis ou nem tanto, vão desde a quantidade de volumes e capítulos da série (13 livros com 13 capítulos cada) até referências em nomes de personagens. O que será mantido na nova série da Netflix não sabemos, mas segue uma análise das principais referências encontradas nos livros.
Irmãos Baudelaire: Logo no sobrenome da família protagonista há uma clara alusão a Charles Baudelaire, poeta romântico francês cuja principal obra, As Flores do Mal, foi acusada pela justiça de ultrajar a moral pública.
Sr. Poe: Personagem recorrente nos primeiros volumes da série, também teve um papel de destaque no filme de 2004. Porém detalhes que reforçam ainda mais a referência ao mestre do terror Edgar Allan Poe foram ocultos das telonas. Seus dois filhos, por acaso se chamam Edgar e Albert, e assim como o escritor, o banqueiro Sr. Poe sofre de uma doença de tossir sangue.
Beatrice: Um dos maiores mistérios do livro, citada livro após livro em todas as dedicatórias de Lemony Snicket, é o nome de um poema de Charles Baudelaire: “La Beatrice”.
Gêmeos Quagmire: Isadora e Duncan “roubaram” seus nomes da bailarina Isadora Duncan, que faleceu em um terrível acidente onde teve sua echarpe presa em um conversível em movimento.
Estes foram apenas exemplos básicos da extensa lista de referências que pode ser encontrada na obra. Além de personagens que é melhor não serem mencionados por motivos de spoilers, existem vários lugares fictícios nomeados para homenagear a literatura em geral. Isto mostra que, apesar da impressão inicial, estes livros classificados como infanto juvenis podem satisfazer tanto um público mais jovem, assim como leitores mais maduros, que são capazes de compreender e decifrar os divertidos “easter eggs” que estes apresentam. Só nos resta torcer para que detalhes tão interessantes como estes sejam mantidos na vindoura série da Netflix. Estão otimistas?