[Coluna] Paternidade… tudo Perfeito

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Fala Galera,

aqui estou de volta para dar um toque mais musical ao tema da semana passada: a paternidade.

O tema, por clichê que seja, instiga um milhão de músicas que eu poderia usar para ilustrar.  “Father and Son“, de Cat Stevens / Yusuf Islam, por exemplo, retrata os pontos de vista de pai e filho quando este parte para o Vietnam, é muito forte.

Essa é uma música que gosto muito e toco no Ukulele.  Mas ela não me marcou como pai ou filho. Aqui no Brasil, o estereótipo máximo disso talvez seja “Cálice” de Chico Buarque, com a qual não tenho nenhuma relação.

Pensando bem, Father and Son é uma música sensacional para analisar qualquer hora… mas não dessa vez.

Next…

Tem uma música que me marcou muito.  Vi a notícia, na época, da morte do filho do Eric Clapton. Depois de algum tempo lembro da música Tears in Heaven sendo apresentada e entrando na trilha de um filme chamado Rush, sobre drogas e bem pesado, e na sua versão mais conhecido, e creio, definitiva – o Unplugged MTV.

Se na época tudo isso foi muito marcante para mim, ainda jovem, vocês podem imaginar minha reação já adulto, ainda que um pouco longe da paternidade, vendo ele se transformar em uma figura soturna e mostrar todo seu pesar e dor, ao tocar a música para um Pacaembu lotado em 2001.  Esse foi um dos momentos mais marcantes de um dos melhores shows que assisti em minha vida.  Mas essa também não foi a música escolhida, mesmo pensando agora que… bem podia ter sido.

Next…

Ao fim, e ao cabo, trago uma música que moldou o que eu acreditava que deveria ser a criação da minha filha.  Isso foi muito antes de eu realmente pensar em ter filhos. Há  20 anos atrás foi lançado, e comprei no lançamento, o álbum de estréia Jagged Little Pill da Alanis Morissette.  Entre as várias faixas de sucesso que fizeram o nome dela no mainstream do pop rock como: You Oughtta Know, Ironic, Hand in my Pocket (outra genial que eu devia falar aqui eventualmente) e  You Learn uma desconhecida Perfect chamou minha atenção.

Ouve aí! (Com legenda, claro!)

A música é apresentada do ponto de vista dos pais com uma demanda não tão incomum. Seja Perfeito!

A letra já começa ilustrando esse distanciamento ao condicionar o amor paternal ao seu sucesso

If you’re flawless, then you will win my love / Se você não tiver defeitos, então você irá receber meu amor).

O refrão, que apresenta algumas variações durante a música, aprofunda com Be a good boy / Try a little harder / You’ve got to measure up / And make me prouder (Seja um bom garoto / tente com mais força / você tem que estar a altura / e me fazer cada vez mais orgulhosa).

Um outro ponto de grande agressividade é “How long before you screw it up? / How many times do I have to tell you to hurry up ? / With everything I do for you / The least you can do is keep quiet” (Quanto tempo até você estragar tudo? / Quantas vezes terei que dizer para andar logo? / Com tudo que faço por você / O mínimo que você pode fazer é ficar quieto).

A música segue por aí e o vídeo pode ajudar a mostrar a pegada do tratamento da criança nos levando ao que, para mim, é a motivação de tudo isso em

I’ll live for you / I’ll make you what I never was / If you’re the best, then maybe so am I / Compared to him, compared to her  / I’m doing this for your own damn good / You’ll make up for what I blew / What’s the problem …… why are you crying?” (Vou viver por você / Vou fazer de você tudo que eu nunca fui / Se você for o melhor, então talvez eu também seja / Comparado a ele, comparado a ela / Eu estou fazendo isso pelo seu maldito bem / Você compensará por tudo que eu estraguei / Qual o problema… por quê você está chorando?).

Basicamente a letra, muito exagerada, nos apresenta psicopatas com filhos e tudo de errado que se pode fazer na criação infantil.  Há 20 anos eu sei que caminho eu não poderia tomar com meus filhos… e foi a Alanis que me contou.

Eu costumo dizer que eu fiz muita coisa errada na minha infância, na minha adolescência e na minha juventude.  Sempre tive orientação para saber exatamente no que estava me metendo e apoio para resolver o que fosse necessário.  Além disso, consegui sobreviver a mim mesmo e todos os meus “aprendizados”.  O que eu posso dizer é que espero ser capaz de oferecer o mesmo apoio e orientação que recebi e que a Tampinha seja capaz de sobreviver a si mesma como eu fui.

 

É isso por hoje Galera.  Semana que vem voltamos a programação normal e aleatoriedade de sempre.  Enquanto isso não saiam do tom…

Rodrigo Fernandes

 

Now there’s a way and I know / Agora há um caminho, e eu sei

That i have to go away / que eu tenho que ir embora

I know I have to go  / Eu sei, que eu tenho que ir

Father and Son (Yusuf Islam)