Samba: um livro que não tem nada a ver com o conhecido gênero musical.
Samba é um malinense vivendo ilegalmente em Paris. Saiu de Mali com o sonho de ser alguém, de conseguir vencer na vida e sustentar sua família. Assim, Samba vive em Paris há dez anos e há dez anos ele paga impostos, trabalha e tenta se regularizar. O livro começa com Samba indo verificar se seu pedido para um visto de residência foi aprovado. Lá, depois de enfrentar uma fila enorme de pessoas na mesma situação, recebe a infeliz notícia de que seu pedido foi negado e pra piorar ele será preso por estar ilegalmente no território francês.
É levado a força para uma instituição conhecida pelos ilegais como “Crade” (que tem o significado de sujo, imoral) e lá passa a viver junto com outros que também temem a volta forçada para casa. É lá que ele conhece a narradora do livro, Alice, que trabalha como voluntária junto com a divertida Manu e tenta recorrer para que pessoas como Samba possam ter uma nova vida em Paris, para que o sonho delas realmente se torne realidade.
O livro é narrado em segunda pessoa, com Alice descrevendo a história de Samba. Voltamos ao passado diversas vezes para mostrar a infância/adolescência de Samba e suas tentativas para entrar em Paris. Outros personagens também fazem parte da vida de Samba, como seu tio com quem vive desde que chegou em Paris. Os dois vivem em um porão e o tio trabalha em um restaurante onde consegue trazer pratos franceses para casa e fazer Samba se apaixonar pela cozinha francesa. Há colegas que Samba conhece no Crade e em seus trabalhos, além de uma paixão.
O livro é muito cruel, frio, assim como a realidade. A luta de quem vive nessa situação, o preconceito, além do sentimento de que nunca será bem vindo, por mais que trabalhe e não faça nada de errado. Nós vivenciamos a jornada e luta de Samba com pequenas vitórias e grandes derrotas, torcendo para que no final dê tudo certo. Algumas vezes eu pensava, como ele, que desistir era o mais fácil, que ele era invisível, que ninguém realmente se importava com o que acontecia com um ilegal. É triste e dura a realidade de pessoas como Samba e se você é do tipo que pensa que eles devem ser imediatamente deportados, o livro pode mudar sua opinião.
Samba não é baseado em fatos reais, mas bem que poderia ser. Existem diversos Sambas em diversos países. Pessoas que trabalham em empregos que normalmente ninguém quer, que são invisíveis e mesmo assim indesejadas.
O livro ganhou uma adaptação para o cinema que parece ser bem interessante. Vi o trailer e foi ele que me fez escolher o livro para a leitura do mês, mas parece que o filme irá ser mais “leve” que o livro com passagens cômicas e algumas grandes diferenças. Exatamente por ser mais leve, acho que vou preferir o filme ao livro. Segue o trailer:
Se você quiser ver um pouco da realidade dos ilegais é bom conhecer Samba.
NOTA:
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Submarino
Autora: Delphine Coulin
Origem: Estrangeira
Título original: Samba pour la France
Edição: 1ª
Editora: Paralela
Ano: 2015
Páginas: 232
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