[Coluna] A literatura como arte que rompe barreiras

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Dias atrás, estive lendo sobre a pragmática de C. S. Peirce, pai do pragmatismo,  em busca de algumas explicações…

Ele (Peirce) era filósofo, matemático e cientista e enquanto estudante de química, trabalhou muitos anos em laboratórios. Na atualidade, é reconhecido por toda sua contribuição à lógica, à filosofia, à matemática, ao método científico, à semiótica e, à sua fundação teórica, o pragmatismo.

A principal linha de entendimento dele nos mostra que todas as coisas giram em torno de um hábito, um costume. Porém que, apesar de existirem, esses hábitos não aprisionam o personagem, podendo ele agir de uma maneira inesperada, o que Peirce vai chamar de comportamento transgressor.

Vamos citar como exemplo a história da Chapeuzinho Vermelho: ela toda vez pegava o mesmo caminho pela floresta pra levar os doces na casa da vovó (Hábito), até o belo dia que TRANSGREDIU a regra da mãe: “Não ande pelo meio da floresta, tem lobos e você pode se perder. É perigoso.”

chapeuzinho

Toda essa linha teórica quebra um pouco aquela verdade de que os personagens são maniqueístas em toda sua essência (possuem um lado bom e um lado ruim, por exemplo) e agem guiados por isso.

A pragmática mostra que esses comportamentos são como um “contínuo de mudanças”, por mais que possa parecer descontínuo e transitório.

Essa leitura nos faz olhar com cuidado para todas as rupturas mal-entendidas na literatura e na arte como algo inovador, “uma cesura que se abre contra as convenções”, pois essa mudança nada mais é do que a quebra de um hábito.

Aí, me surgiu durante os estudos desse capitulo (digo, de três páginas do meio dele) o questionamento: “Porque, com o perdão de todas as coisas, mas eu só estudo perguntando?”

Aprendi desde muito pequena (e sem palhaçadinha aqui) que perguntando eu aprendo mais, que questionar leva ao conhecimento e não é crime. Pergunto mesmo!
E sim, eu pergunto e espero que o livro me responda. (Fazer o quê né? Loucura pouca é bobagem mesmo…)

Fontaine-DuchampMarcel Duchamp, pintor escultor e poeta mundialmente conhecido na época do movimento dadaísta na época de grandes movimentações e mudanças na arte, é famoso também por colocar um mictório/ privada no museu como obra de arte… e assinar.

Ou seja… o hábito, segundo a pragmática, mostra que o lugar do mictório é no banheiro.

A transgressão mostra que, ao colocá-lo no museu, virou objeto de arte.

Descendo da estante e indo além

A arte, então, nada mais é que uma transgressão das regras?

Um caminhar pela “Road not taken” de Robert Frost?

Beijinhos,

Giul

— O livro de onde tirei isso tudo é o “Lições e Subversões” da Lúcia Santaella
Você pode adquirí-los nessas livrarias: —- Amazon  /  Submarino / Livraria Cultura

—- O artigo que li sobre o pragmatismo é esse.

—– O poema do Robert Frost pode ser conferido em — The road not taken