Em um momento de frenéticas mudanças no mundo editorial, parece que novas formas de leitura, compra e venda de livros estão surgindo a cada semana. O último a jogar com o paradigma é Paulo Coelho, que esta semana botou dois de seus livros disponíveis on-line. No que ele chama de “método reverso da venda de livros”, o autor best-seller brasileiro sugere que os leitores paguem apenas se gostarem do que leram.
Coelho está oferecendo aos leitores a versão em inglês do seu livro de não-ficção O Manual do Guerreiro da Luz, de 1997, e da versão em português do seu romance Brida. O primeiro, que compila ensinamentos, pensamentos e histórias filosóficas, podem ser encontradas em seu perfil na editora Inkitt Digital, assim como em seu próprio blog, onde ele pode ser baixado como um e-book. Ele também promete fazer o mesmo para mais edições de seus livros em português e em espanhol.
Mais precisamente, ele está oferecendo quatro quintos do trabalho em Inglês (“Eu não tenho a versão completa. Faltam algumas páginas, o que não estraga a leitura“, ele esclarece em seu blog). Em uma nota, que seus leitores vão encontrar depois de terminarem os primeiros capítulos do livro, o autor de O Alquimista escreve: “Caro leitor, se você gostou do texto, por favor compre-o –, então podemos dizer ao mercado editorial que esta ideia não prejudica o negócio“.
Esta não é a sugestão de publicação mais radical que o grande populista fez. Ele tem sido um entusiasta de downloads ilegais de sua escrita. Desde que a edição russa pirata de O Alquimista foi publicado on-line em 1999, as vendas têm sido crescentes. Em 2012 ele juntou fileiras com o site de compartilhamento de arquivos Pirate Bay, invocando os “piratas do mundo” para “se unir e piratear tudo que eu já escrevi“, e colocar para fora sua oposição às leis de pirataria em termos inequívocos.
Com mais de 25 milhões de fãs no Facebook, mais de 10 milhões no Twitter e quase um quarto de milhão no Instagram, Coelho é adepto de técnicas de crowdsourcing: para seu último livro Adultério, coletou mais de 1.000 e-mails em que seus fãs, de boa vontade, compartilharam histórias pessoais de infidelidades.
Ele não está, no entanto, pedindo aos leitores que experimentem quando se trata de onde ir para pagar pelas obras – seu site oferece links para lojas online como a Amazon, Barnes & Noble e iTunes. Vai ser interessante ver como muitos de seus leitores de língua inglesa farão para pagar a obra toda apenas pelos faltantes 20%.
Via The Guardian