[Notícia] Livro que discute a masculinidade por um viés feminista gera polêmica no twitter

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Haig quer explorar masculinidade e “porquê sua interpretação atual é problemática”, mas suas ideias foram desconstruídas como “feminismo de homem”.

O que o Leitor Cabuloso diria da ideia de que os homens têm o direito de serem mais femininos? Não que isso signifique deixar de ser homem, mas absorver qualidades hoje apontadas como “de mulher”, como sensibilidade, por exemplo, e expressá-las como masculinas. Vamos ao debate.

Matt Haig reagiu depois que seus planos de escrever um livro sobre “gênero e as armadilhas da masculinidade” recebeu fortes reações negativas de alguns usuários do Twitter. O autor britânico propôs a ideia para seu próximo romance de não-ficção, em 13 de junho, mas repentinamente “abandonou-a” até decidir se deve de fato escrevê-lo. Na verdade, a resposta “mostra que ele precisa ser escrito”.

Haig – cujo recente e depressivo livro de memórias Reasons to Stay Alive (Razões Para se Manter Vivo, em tradução livre) recebeu revisões cinco estrelas – postula que “os homens se beneficiam mais do que as mulheres de sexismo, mas ambos estariam melhor com o feminismo“. Infelizmente isso levou a uma enxurrada de comentários infelizes, com alguns seguidores dizendo que “o feminismo não existe para ajudar os homens” e que por causa de seu sexo, ele deveria “parar de falar sobre feminismo“.

Talvez eu esteja perdendo alguma coisa. Pode haver muitos livros sobre e escritos por homens, mas muitos não olham para os problemas da masculinidade“, Haig escreveu no sábado. “Estou errado? A menos que se queira acabar com os homens, temos de olhar para o que é masculinidade e porquê sua interpretação corrente causa problemas.” Haig mandou uma série de twittes que tentavam trazer à tona o seu ponto de vista, insistindo que tudo o que ele quer é que seu filho “conscientemente não se sinta mal por gostar de balé e [sua] filha continue jogando Han Solo“. Vejam alguns dos twittes aqui.

Felizmente, Haig fez questão de retwitar tanto os twittes de apoio quanto os furiosos, para demonstrar ambos os lados do debate e agradeceu a maioria dos seguidores por seu apoio.

O feminismo não é sobre esmagar os homens até que silenciem, trata-se de estar lado a lado“, escreveu um usuário, enquanto outro expressou sua frustração por Haig ser atacado por “falar sobre a expansão da identidade masculina além dos estereótipos patriarcais“. Haig falou ao The Guardian que estava chocado com a reação à sua sugestão. “Eu sempre pensei que o feminismo tinha muito a dizer sobre ambos os sexos, já que é difícil falar de um sem o outro“, disse. “Eu acho que homens e mulheres se beneficiariam de homens que têm uma ideia mais fluida do que é ser homem“.

O assunto proposto por Haig ecoa, em certa medida, as intenções do rapper Professor Green, que será o anfitrião de um novo documentário da BBC 3 sobre o suicídio masculino, numa tentativa de incentivar mais os homens com problemas de saúde mental a se abrir. Green foi feito patrono da organização de prevenção ao suicídio masculino CALM, no mês passado. Ele tinha apenas 24 anos quando seu distante pai se matou.

Se alguma coisa vem deste documentário é que não devemos nos sentir envergonhados ou constrangidos de nos abrir e falar com aqueles que nos rodeiam, sobre nossos sentimentos, em especial os jovens“, disse Green. “Coletivamente nós precisamos quebrar o estigma em torno do suicídio”.

Ainda não é certo que Haig vá escrever seu livro, já muito criticado. Esperamos que ele o faça.

Via Independent