Conheci Jack Whyte por uma indicação literária, assim como muitos outros leitores, e como sou uma apaixonada por histórias no geral, fictícias ou não, White era um nome que já estava na minha lista há um bom tempo. E confesso que essa foi a minha primeira incursão a este gênero que me fascinou totalmente. Mas o que sempre me chamou a atenção logo de cara ao abrir um livro, ou ao ouvir falar de uma história, sempre foram os personagens que delas são evocados, muitos deles tão lendários que cruzam facilmente a tênue linha entre o real e o ficcional.
E é este justamente o motivo pelo qual me agradou tanto o autor, a forma como ele conduz magistralmente a sua história, faz com que o leitor se veja rapidamente absorvido pela sua escrita, e fascinado pela forma como ele a conta. Afora obviamente sobre o que ele escreve que é de fato a cereja do bolo de suas obras, pelo menos para quem gosta do gênero.
Jack Whyte é um escritor escocês de ficção histórica. E o que viria a ser isso?! Digamos que pelo que andei pesquisando ele é um Bernard Cornwell da Escócia, ou melhor, ele é autor de um gênero de escrita que tenta retratar épocas, personagens, sociedades, em um drama fictício. Uma história que ao mesmo tempo tenta ser o mais fiel possível do que pretende retratar, mas que também cria um enredo que nem sempre está atrelado ao real. Um exemplo disso são as suas próprias obras.
Whyte tem três séries publicadas, a primeira e mais famosa sobre o Rei Artur, chamada de Dreams of Eagles, ou como é mais conhecida As Crônicas de Camulod, que é uma versão popular da lenda de Artur que evita falar do uso da magia. Possui também outra série chamada A Trilogia dos Templários, composta por três livros e lançada aqui no Brasil pela editora Record. E o seu mais recente trabalho e o que eu tive o privilégio de conhecer que foi a sua nova série intitulada Os Guardiões da Escócia, que contará as histórias de William Wallace, Robert Bruce e James Douglas, em livros independentes, publicado pela editora Leya (através do selo Fantasy Casa da Palavra) no Brasil.
O único livro até então lançado dessa trilogia no Brasil foi: O Rebelde, que conta a lenda de Willian Wallace de uma forma mais realista e verídica, menos romanceada que o filme de Mel Gibson, que projetou essa lenda mundo afora, e com o qual o livro não tem nenhum vínculo. Essa é uma das características que eu pude perceber na escrita do autor, ele tenta trazer a história o mais possível do real, desde a construção dos personagens, suas origens e motivações para se tornarem quem são, até o cuidado que ele teve em citar lugares, personagens e situações que hoje em dia é o que de fato se acredita que tenha acontecido naquela época. E não por isso, para escrever o livro Whyte se encontrou com os maiores especialistas sobre a lenda de Wallace e leu manuscritos a seu respeito. E chega a ser tão real que dizem que a sua história é a que mais se aproxima da “história verdadeira de Willian Wallace” que se tornou distorcida ao longo do tempo para se tornar a lenda que conhecemos hoje.
Vale muito a pena dar uma chance ao autor, eu mesma já estou louca atrás de seus outros livros publicados no Brasil, e torcendo para que logo lancem as suas outras obras. Se você ainda não se convenceu em dar uma chance ao escritor, eu deixo algumas curiosidades para você repensar essa ideia:
- Jack Whyte nasceu na Escócia em 1939, mas foi educado na Inglaterra e na França, se mudando em 1967 para o Canadá, como professor de Inglês. Um ano depois ele começou a trabalhar como cantor profissional, músico, ator e artista – uma carreira que se seguiu pelos vinte e poucos anos seguintes, fazendo do autor uma pessoa multifacetada.
- No início dos anos 1970, Whyte pesquisou, escreveu, dirigiu e atuou em uma apresentação baseada na vida e nos tempos de Robert Burns, um famoso poeta Escocês. O espetáculo esteve em turnê por todo o Canadá e foi escrito para o público não-escocês.
- Por causa do sucesso da peça, Whyte foi convidado para escrever para a famosa emissora de televisão, BBC, cargo que posteriormente o levou a tornar-se também publicitário.
- Em 1978, Whyte decidiu ir à busca da verdade sobre o mistério central da lenda do rei Artur, a espada na pedra. Ele então resolve contar a história estabelecendo um rei Arthur dentro de um contexto realista, e viavelmente histórico. Sua saga demorou anos para ser concretizada através de uma investigação profunda, e continua até hoje encantando seu público, tanto assim que em setembro de 2009, a Penguin do Canadá anunciou que seus livros esgotaram. Somente no Canadá essa saga vendeu mais de um milhão de exemplares, em um país onde apenas a contagem de cinco mil exemplares vendidos de um livro ou série já os classifica como best-seller.
- Jack Whyte Recebeu um prêmio honorário de doutorado por sua contribuição para a ficção popular canadense.