[Coluna] De dentro pra fora e de fora pra dentro – um pouco mais sobre estudos sobre o texto

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Muito bem, até aqui todo mundo já sabe que a teoria literária não nasceu para engessar, mas sim para explicar e entender a literatura.
Longe de mim e de todo mundo sair por aí dizendo que existe uma única forma ou maneira de ler as coisas ou uma única possível interpretação para um poema. Existem sim muitas formas de se ler um texto, aplicando-se a ele as mais diversas e possíveis leituras.  Nesse texto, falarei das duas mais simples: A leitura feita do texto para o contexto; A leitura do contexto para o texto.

A primeira abordagem faz com que, a partir do texto, tenhamos uma idéia do seu contexto histórico, social e cultural. A Literatura traz as informações todas de uma época que farão toda diferença no entendimento do texto.

O Segundo, o método de abordagem da contextualização, traz o estudo do texto como objeto único da história social e cultural do contexto ao qual se insere a obra literária  (e aqui estamos utilizando Antonio Cândido). A análise da contextualização são construções que dialogam com outros textos que os compõem (e aqui estamos falando do Dialogismo de Bakhtin).

O romance “Memórias de um Sargento de Milícias” começa com a clássica frase: “Era nos tempos do Rei”, o que de cara nos traz uma informação importantíssima de contextualização do romance, no caso a época em que se passa a história.

Pode-se sim interpretar o contexto histórico e ele deve ser levado em conta ao se produzir uma possível interpretação para a literatura produzida em sua época.

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Nos grandes autores do pós-guerra, por exemplo, as obras são mais facilmente lidas da guerra para a literatura. Só não concordo muito quando utilizam disso para justificar o “CAOS” apresentado no texto… “O autor estava confuso por causa de uma bomba…”

Existe sim o Caos social externo que a literatura relata (veja “O Diário de Anne Frank“), mas lembremos que devemos levar em conta o caos interno e criativo… Eis o motivo de serem  feitas muitas leituras levando em conta a vida do autor, dando ao texto uma possível interpretação ou explicação biográfica.

A confusão é de onde nasce a literatura, como um motivo maior, uma força de expressão e questionamento do mundo, não apenas o relato histórico.

Tudo vai depender do objetivo da leitura.  Com qual finalidade estamos lendo esse texto? Estamos lendo o texto para, a partir dele, entender pensamentos e críticas de uma época ou para trazer para ele uma possível interpretação da época em que ele foi escrito?  Levaremos em conta o romance relatado (o que é possível que traga acontecimentos de uma época) ou o romance é pura ficção e invenção do autor e não deve ser levado em conta?

Pensemos….

Beijinhos,

Giul