[Coluna] Sobre a escrita

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Fala Galera,

bem vindos a mais uma coluna um pouco diferente. Se no início a “Tirando da Letra” se propôs a analisar e discutir o que você estava ouvindo, e eventualmente fiz uma coluna com o que ler enquanto ouvir, na análise das letras literárias, hoje quero discutir o que escrever.

Vou explicar o por quê:  venho aprendendo a tocar diversos instrumentos, de maneira amadora, desde os 14 anos.  Nunca me interessei em tocar igual as músicas, mas de fazer minhas próprias simplificações, arranjos ou versões.  Também desde essa época escrevo minhas próprias músicas.  São poucas, mas sempre componho algo.  É esse processo de composição que eu queria discutir hoje.

Cada compositor tem o seu processo para escrever, assim como cada escritor tem o seu processo para escrever um livro.  Em primeiro lugar, acredito que nas músicas o processo de lapidação da obra fica mais evidente.  Explico: se alguns autores, em especial iniciantes, acreditam que o primeiro rascunho é algo espetacular e não são necessários ajustes, reescritas, cortes de qualquer tipo, na música isso é quase impossível por mais otimista que seja o autor.  Questões como métrica, rimas e arranjo precisam ser lapidadas com o tempo concorrendo com o processo de arranjo na produção. Idéias, boas ou não, serem abandonadas no caminho é muito mais comum.  Tenho aqui pilhas de papéis de anotação ou notas do Evernote com estrofes de 4 versos ou músicas inteiras que precisam passar ainda pelo processo de lapidação, até certo ponto abandonadas, mas escritas para o futuro.

Por que eu quis escrever sobre esse processo aqui?

Sempre levei muito tempo polindo letras que eu escrevia.

Inclusive não anotando esse material.

IMG_20150513_183742699Minha teoria era de que se sobrevivesse na minha cabeça era bom o suficiente para entrar na música senão, não.  Isso mudou de uns anos para cá e as músicas tem saído inteiras de uma vez.  Elas até podem evoluir depois.  Mas anoto quando aparecem.  Essa coluna atrasou por conta disso, e com sorte a Super Domenica vai conseguir compensar minhas falhas, por que estava compondo uma música com a minha filha.  Algo simples no ukulele para ela poder praticar e aprender.  A música inteira já está anotada, gravada, a letra escrita em um bloquinho e dessa vez tem uma estrelinha dourada no alto por que ela falou que estou de parabéns.  Tudo bem, ela pode não estar entendo muita coisa e adorando a bagunça, mas aquela estrela dourada e o sorriso dela tentando inventar uma coreografia para música valem muito pra mim.

Por isso mesmo, hoje não vou seguir com o lema dessas colunas, para mim, que seria “leia, leia sempre, leia muito, leia tudo” e queria propor algo diferente:  Escreva, escreva sempre, escreva muito, escreva tudo… e depois refaça até soar certo.

Abraços e não saiam do tom,

Rodrigo Fernandes

Guenta ae!

Antes de dar tchau, confira a música feita por Rodrigo Fernandes e gravado por sua filhota “Tampinha”: