[Coluna] Mais indicações músico-literárias

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Fala galera,
como colunista, uma das nossas prerrogativas é se meter onde não fomos chamados.

Nesse caso o Cabulosocast a respeito de Músicas Literárias está totalmente alinhado com os temas tratados nessa coluna. Por isso, a ideia essa semana é discutir um pouco sobre esses crossovers músico-literários e fazer também algumas de minhas indicações. Uma das pautas planejadas já era algo semelhante discutindo a relação do Iron Maiden com história e literatura. Não foi uma surpresa quando eles foram mencionados duas vezes no cast!

Para organizar uma coluna com grande número de indicações e discussões sem maior profundidade por conta disso, eu queria começar criando quatro classificações onde comento algumas obras em cada uma delas.

Solta o som!

A primeira é a de trilhas sonoras de adaptações literárias. Talvez essa classe seja a menos relacionada a essa coluna já que boa parte dessas músicas são instrumentais. Apesar de instrumentais, isso não impede que digam muito quando ouvimos devido ao turbilhão de imagens que nos invade ao soar das notas. Impossível ao ler Tubarão de Peter Benchley não ouvir o famoso tema monocórdico criado para o filme ou voltando à obra Duna de Frank Herbert mencionada em uma das músicas do Iron Maiden, o tema criado para a obra de David Lynch na década de 80 (esse tema era utilizado pelo ressurrecto Faith No More para abrir suas apresentações na década de 90). Não se iludam, eu pretendo sim encaixar menções ao Duna em cada uma das minhas colunas sempre que desculpas plausíveis estiverem disponíveis =D .

Uma segunda vertente são músicas inspiradas por livros como a To Tame a Land mencionada pela Priscilla Rúbia por sugestão de seu marido musiqueiro (abraço para ele Pri =D ). Na verdade, o Iron Maiden tem várias músicas na linha de livros clássicos e eventos históricos por conta de seu principal vocalista na carreira Bruce Dickinson. Dickinson escreveu dois livros, é formado em História e baseia várias de suas letras em obras como as mencionadas To Tame a Land e A Brave New World. Além das músicas da Donzela de Ferro temos diversos outros exemplos como a Tom Sawyer do Rush, que compara a pessoa da música com o clássico personagem, ou Killing an Arab baseada na obra O Estrangeiro de Albert Camus. Nos dois casos recomendo ambas as obras. Tanto as músicas quanto os livros são excelentes.

Na coluna passada ilustramos uma terceira classificação que é o uso de poemas como letra para músicas. Esse uso pode ser mais ou menos adaptado. Além da Amor pra Recomeçar do Frejat, discutido a duas semanas, tem um exemplo que eu realmente aprecio – tendo inclusive usado essa música no meu casamento. Ouvir Estrelas do Olavo Bilac foi gravado pelo Kid Abelha de maneira muito próxima a forma do poema original, se não idêntico. Não conhece, corre! Certo perdeste o senso….

Para a quarta classificação guardei a forma mais antiga que lembro de adaptações musicais para obras literárias. A musicalização de um libreto para ópera. Partindo de uma história, temos a criação da sua forma musical. Diferentes músicas parecem nos apontar a diferentes capítulos ou trechos da história. Meu primeiro contato com essa linha foi ao assistir ao filme Amadeus, ainda criança, e ver Salieri dizer isso sobre seu genial rival:

I looked on astounded as from his ordinary life he made his art. We were both ordinary men, he and I. Yet from the ordinary he created Legends – and I from Legends created only the ordinary!

“Eu vi surpreso como de sua vida ordinária ele fez sua arte. Nós dois somos homens comuns, ele e eu. Ainda assim de algo comum ele cria Lendas – e eu de Lendas crio apenas coisas comuns.”

Podemos apontar como representante relevante e contemporâneo dessa vertente o tecladista progressivo Rick Wakeman que já compôs discos inteiros baseados em obras de Shakespeare e Jules Verne. Levando som aos clássicos e musicando nossas linhas.

Fala aí!

Se você quer conhecer mais obras músico-literárias como essas, não perca tempo e corra para o Cabuloso cast da semana passada. Se você se lembrou de alguma que não mencionamos deixe nos comentários, aqui ou lá.

Estamos sempre procurando novas músicas para ouvir e adoraríamos ouvir sua dica!!!

Por hoje é isso e nos vemos em duas semanas com um tom mais sombrio, se tudo der certo.

Abraços e não saiam do tom,
Rodrigo Fernandes.