Ora citado entre uma das tramas precursoras da ficção científica, ora apontado como uma das maiores influências para a fantasia do século XX, ora apontado como um clássico do horror e do mistério. Independente de saber qual afirmação faz jus à obra de H.G. Wells, aceitemos todas como válidas. Afinal, o livro O Homem Invisível é de fato um clássico, um marco entre a ficção científica e eu estaria mentindo se não há horas de horror e é impossível negar que a trama é completamente arraigada no mistério. Essas afirmações só servem para nos mostrar o quão influente uma obra pode ser. Esses são os clássicos.
O Homem Invisível de H.G. Wells, lançado originalmente em 1897, já nos seduz de imediato por ser o primeiro livro a tratar a invisibilidade de modo científico, o que inspirou a produção de outras obras no mesmo gênero, porém nas mais variadas mídias: livros, HQ’s, cinema e mesmo séries de TV.
A história inicia quando um homem misterioso chega à pacata Iping, assustando os moradores com seus hábitos esquisitos e maneiras rudes. No decorrer da história o estranho visitante, que se cobre da cabeça aos pés e que chegou à estalagem local carregado de malas e aparatos científicos, revela-se ser um homem invisível. E a partir daí o combate do homem invisível — que está cada vez mais se comportando como um animal que como homem — contra Iping, se inicia.
Por ser invisível, Griffin se sente na posição de poder fazer quase tudo o que não poderia quando era visível, coisas ruins, diga-se de passagem. Griffin mostra-se um ser humano egoísta e suas experiências como invisível só ajudam a fomentar essa sua característica, o que leva o homem a ir aos poucos perdendo sua própria humanidade e dignidade.
A narrativa de H.G Wells flui bem, mas em muitos momentos o texto apresenta uma série de pontas soltas e incongruências, o que para um leitor acostumado com textos mais elaborados e minuciosamente revisados, chega a ser um incômodo. Entretanto, o autor estava menos preocupado na forma com a qual escrevia e mais preocupado em mostrar ao leitor um lado de “ser invisível” que talvez muitos de nós jamais teria imaginado.
“(…) Antes de fazer aquela experiência louca, sonhara com mil privilégios. Naquela tarde, tudo era decepção. Repassei mentalmente todas as coisas que um homem julga desejáveis. Sem dúvida, a invisibilidade tornava possível obtê-las, mas impossível gozá-las quando conseguidas. A ambição — de que vale ter orgulho de um lugar, quando se está impossibilitado de aparecer lá? De que vale o amor de uma mulher quando o seu nome tem que ser Dalila? Não tenho interesse pela política, pelo brilho falso da fama, pela filantropia ou pelo esporte. Que iria fazer? E por isso tudo tinha me tornado um mistério embuçado, a caricatura de um homem, enfaixado e cheio de ataduras!” (Pág. 137)
No entanto, o próprio H.G. Wells tinha ciência dessas tais pontas soltas e em sua autobiografia ele reconhece que grande parte da história foi “escrita às pressas e revisada sem muita atenção”.
Considerações finais
Particularmente eu esperava mais desse livro, mas ainda assim não me arrependo de tê-lo lido. Em alguns momentos o autor consegue nos prender em climas bem tensos, como a violência empregada pelo protagonista. A linguagem do autor é bem acessível e flui bem. Quanto aos personagens, achei que eles eram demasiado simples. Nenhum personagem, acho que nem mesmo Griffin (o homem invisível), era profundo o suficiente. Talvez fosse a intenção do autor, não sei, mas acho que daria uma profundidade maior à obra caso fosse o contrário. Os diálogos são bem estranhos, e como citado anteriormente, há muitas pontas soltas e alguns capítulos bem irritantes, pois não servem absolutamente para nada.
Acho que o protagonista dessa obra não é o Homem Invisível nem mesmo os seus antagonistas e moradores de Iping. O protagonista daqui é a curiosidade humana e os benefícios que ela pode nos trazer, como também as catástrofes que ela pode nos causar.
NOTA:
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Nome: O Homem Invisível
Título Original: The Invisible Man
Autor: H.G. Wells
Edição: 1ª
Editora: Francisco Alves
Ano: 1985
Páginas: 170
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