Em Minha Querida Sputnik, Murakami nos apresenta um Japão urbano de bares de jazz, cafés, Jack Kerouac e Beatles, numa trama que combina com mestria romance de mistério e filosofia, em uma instigante história de amor que conduz o leitor a uma profunda reflexão sobre o desejo humano.
Está virando praxe nas minhas resenhas dizer que é o primeiro livro de um determinado autor que leio. Isso é bom, pois estou finalmente descobrindo alguns nomes que me intrigam há tempos. Um deles era o japonês Haruki Murakami. Em toda minha vida, li apenas um autor japonês, Eiji Yoshikawa e seu épico Musashi. Murakami é outro tipo de autor.
Esse livro é narrado por um homem cujo nome nunca sabemos, e é, supostamente, a história de sua amiga e interesse romântico Sumire. Digo supostamente, porque não é apenas a história dela, mas de três personagens, incluindo ele mesmo, que participa ativamente da história. Isso por si só diz muito, apesar de não parecer importante. É como se o narrador tentasse se convencer de que a história não é sobre ele, mas em partes é. Outro ponto é que, apesar de ser narrador-personagem, ele consegue, em alguns pontos, dizer o que outros estavam pensando. Um erro? Dificilmente.
Sumire nunca teve interesse por ninguém, até que surgiu Miu, uma mulher mais velha, que exerce grande fascínio sobre ela. Sumire se vê desejando Miu, e começa trabalhar e conviver muito com ela, até que embarca como sua assistente numa viagem pela Europa, onde acontecem muitas coisas. No meio disso tudo, vamos aprendendo a história pregressa de Miu e dos demais personagens.
O livro parece, durante um bom pedaço, uma história mainstream, bem escrita, com momentos de uma beleza metafórica única e passagens contemplativas que só um oriental poderia oferecer. Quando você está ligado aos personagens, os conhece e confia neles, a fantasia chega, de mansinho, e por fim toma conta de tudo. A reação do narrador é de passiva aceitação dos fatos fantásticos e de procurar soluções para os problemas. Estranhamente essa foi a mesma reação que eu tive. Murakami consegue enfeitiçar o leitor, nos enreda em sua trama e nos faz crer na verdade de tudo, a ponto de não ser possível questionar os fatos surreais que surgem.
Nem tudo são flores. Eu, pelo menos, não entendi o intuito de uma grande passagem que existe perto do final do livro, envolvendo o personagem, que é professor, e a mãe de um de seus alunos. Me parece inócuo, um grande bloco de texto que não me faria tanta diferença. O que tem de importante ali, poderia ter sido apresentado de outra forma. Claro que posso ter deixado passar algo, se você leu o livro e discorda, por favor comente.
Ao fim do livro, não espere explicações. Esse não é um romance policial, tampouco uma fantasia com final revelador e cheio de plot twists. Aproveite a jornada, aprecie cada frase, faça uso das oportunidades de reflexão e contemplação que surgem aqui e ali, pense sobre o que leu. Digo isso porque as expectativas erradas podem arruinar a experiência de leitura desse ótimo livro, o primeiro de muitos que lerei de Murakami.
Ficou interessado(a)? Então compre o livro:
Editora: Alfaguara
Autor: Haruki Murakami
Origem: Estrangeira
Título original: スプートニクの恋人 Supūtoniku no Koibito
Ano: 2008
Número de páginas: 232
Skoob



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