No final do mês de janeiro quando foi dado o prazo para seleção e desenvolvimento do post sobre os melhores livros lidos no mês, não tive grande dificuldade em logo escolher o meu: “Até o fim da queda”, escrito por Ivan Mizanzuk e lançado pela Editora Draco.
O motivo é simples: escrever sobre fantasia no Brasil já é um desafio e tanto! (Sim, haters gonna hate!!!) Saber que um autor dedicou sua obra de estréia para escrever sobre fantasia com terror então, chega a ser minimamente muito curioso (e bate aquele medinho dos clichês ultra óbvios, não?!).
Depois do grande evento da Bienal do Livro em São Paulo de 2014, tive a oportunidade e finalmente a inspiração para investir pesado em nomes da nossa literatura. Sim, sai daquela caixa que rotula que livro nacional é só Machado de Assis, Eça de Queiroz e cia Ltda. (Eu sei que deveria ter feito isso antes, mas tudo tem seu tempo jovem!) E foi aí que entrei pela estrada de lançamentos nacionais atuais, com autores e obras que já foram aqui resenhadas.
Mas eu não tinha chegado ainda a um autor nacional que se dedicasse ao terror, essa para mim foi nova! E foi graças ao amigo Charles Dias que pude ler essa obra que olha… tenho algumas considerações a apresentar.
Sobre o livro
Ivan Mizanzuk foi engenhoso enquanto escrevia cada frase do livro “Até o fim da queda”.
Ele é um livro bastante diferente dos livros que estamos acostumados: livros narrativos, que contam uma estória linear lógica (ou não), apresentamos fatos seguindo certa delimitação temporal, local e também estilo de escrita.
“Até o fim da queda” não faz nada disso. Nada mesmo!
Nesse aspecto, o livro parece uma espécie de arquivo pessoal onde encontramos diversas informações para tentar entender os principais acontecimentos entorno do enredo. Resumindo: se você procura por um livro padrão, você vai se surpreender ou se decepcionar.
Na composição do livro, Ivan utilizou diversos tipos de gênero de linguagem: entrevistas, manchetes, poemas, gravuras, cartas, etc. Cada um deles é posto em um momento específico da linha cronológica da obra para que nós, leitores, possamos acompanhar os acontecimentos de primeira mão.
E a receita funciona. E funciona bem! O livro desperta a curiosidade e segura o leitor que curioso quer saber qual será a próxima pista apresentada para descobrir os segredos mais profundos e obscuros a respeito da Irmandade do Dragão e dos leitores de Daniel Farias, o autor que pesquisou e lançou um best-seller sobre os acontecimentos e suas suposições a respeito do motivo do suicídio coletivo dos jovens há algumas décadas atrás.
Análise Crítica
Um ponto extra deve ser ressaltado a respeito desse livro, em particular.
O trabalho de diagramação utilizada é realmente incrível! Na verdade, é mais do que isso: sem esse trabalho espetacular, a receita não ia funcionar.
E tudo isso funciona bem no livro impresso, onde podemos observar todo o cuidado e dedicação de toda a equipe e também do autor e revisor em selecionar aqueles trechos, palavras, pontuação e formatação.
Pode demorar algumas páginas para que o leitor se acostume com essa forma de se montar um livro, mas uma vez habituado não há o que segura o leitor.
Me pergunto, inclusive, como ficará a versão em ebook desse livro. Faço questão de ver!
Além disso, as fontes de gravuras especialmente selecionadas, cujas fontes podem ser encontradas ao final do livro são maravilhosas. Aos mais curiosos e sedentos por conhecimento essa é a cereja do bolo: você pode ainda pesquisar mais a fundo sobre tudo aquilo que tá ali.
E o livro flui: quanto mais próximos da verdade chegamos, mais sem fôlego vamos ficando, mais a leitura se acelera e os fatos correm para que finalmente alcancemos o fim da queda.
Nota
Nome: Até o fim da queda
Autor: Ivan Mizanzuk
Edição: 1ª
Editora: Draco
ISBN: 9788582431177
Ano: 2014
Páginas: 244
Sinopse: 1993. Em pouco tempo sete jovens se suicidam, e rumores sobre um ritual ganham as páginas dos jornais. A polícia descarta a opção e dá o caso como encerrado.
Anos se passam e Daniel Farias, um popular escritor de terror, decide reconstituir o caso em sua nova obra. Durante a pesquisa, descobre histórias sobre uma ordem secreta operando em nome de um demônio, o Dragão Vermelho, cujas origens remontariam a um exorcismo ocorrido no século XVI, na Espanha.
Sucesso imediato entre os fãs, o livro alcança a lista de best-sellers e também as páginas policiais, ao se espalhar a notícia de que leitores estariam se matando após a sua leitura. Isso faz as vendas explodirem, e o mistério aumenta quando o próprio Daniel começa a ser vítima de ameaças, enquanto pais preocupados tentam boicotar o livro.
Livro de estreia de Ivan Mizanzuk, uma das novas promessas do thriller nacional, Até o fim da queda desenha através de cartas, entrevistas e artigos de jornais uma trama de conspirações e inquietudes, ao mesmo tempo em que investiga as mais profundas angústias humanas, e o preço que pagamos ao tentarmos silenciá-las. Descobrir o que se esconde no fundo desse abismo pode custar sua própria sanidade.
“Ivan Mizanzuk não é para iniciantes. Ou melhor, talvez seja bom que iniciantes o leiam – tanto leitores quanto escritores. Porque Ivan sabe do que está falando. Num estilo que mistura e homenageia autores como André Breton e Valêncio Xavier (quantos da nova geração já leram? Precisam), este professor de arte estreia na literatura misturando ficção e realidade, magia e mundo-cão. Já leram? Não? Precisam.” — Fábio Fernandes, doutor em comunicação pela PUC, escritor e tradutor
