[Coluna] Sabia que tem livro? The Outsiders – Vidas sem Rumo – Susan E. Hinton

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– Stay gold, Ponyboy!

Se você assistiu ao grande sucesso The Outsiders na década de 1980 provavelmente nunca se esqueceu dessa frase. Dependendo de seu grau de envolvimento com o filme, talvez ainda se lembre do momento emocionante onde essas três palavras são ditas.

A verdade é que não tem como não se envolver com aqueles adolescentes – sejam os Greasers ou os Socs, nessa história você vai sempre escolher um lado e sentir seu coração se apertar enquanto eles tentam sobreviver nas sombras da sociedade. É assim que é… e é assim que foi feito.

The Outsiders – Vidas sem Rumo – o filme

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Lançado em 1983 e dirigido por Francis Coppola, The Outsiders foi um verdadeiro boom! na cabeça da sociedade estadounidense do início da década de 1980. Mais do que isso, ele foi e é um verdadeiro tapa na cara da sociedade que se autodeclara como o sonho do mundo.

O filme mostra a história e vida de alguns adolescentes que vivem em um subúrbio na cidade de Tulsa, Oklahoma. Ponyboy Curtis é o caçula de três irmãos órfãos e o que busca o que todo adolescente de 14 anos quer: conquistar a garota de seus sonhos e provar que tem capacidade de seguir os passos de seu irmão mais velho. Sodapop, o irmão do meio, com seus 16 anos quer continuar sendo o cara legal e é obrigado a segurar a ponta que liga os dois irmãos e Darrel ou Darry precisa continuar trabalhando como louco para garantir o sustento de seus dois irmãos caçulas, que podem ser enviados para orfanatos caso ele não dê conta do recado (e muito bem!).

Tudo estaria perfeitamente aceitável e até comum, se não fosse o fato da realidade que os cerca: descendentes de latinoamericanos, a família Curtis e seus amigos Dallas Winston, Keith “Two-Bit” Mathews, Steve Randle e grande pequeno Johnny Cade precisam lidar todo dia com as típicas dificuldades de adolescentes como sonhar com a garota mais bonita, ter o carro mais maneiro, aguentar a barra de seus pais que descontam todos os problemas em cima dos filhos e ainda sobreviver e manter seu status durão nas ruas sem perder espaço para os ricaços que andam com as meninas charmosas, carrões, bebem até cair e costumam gostar de bater nos outros.

É nesse universo onde os Greasers – apelido carinhoso adotado por todos eles devido ao trabalho em mecânicas e muito gel no cabelo mais comprido que os deixa com aparência de ensebados e também ofensa por parte dos ricaços que gostam de mostrar o quanto eles são inferiores e pobres – e os Socs – os arrumadinhos, engomadinhos, cheirosos e riquinhos do pedaço – se enfrentam todos os dias e se provocam todo o tempo que acontece toda a trama de um dos melhores filmes que já vi em minha vida.

The Outsiders, no Brasil lançado como “Vidas Sem Rumo” é um filme sensível e que pode despertar um olhar diferente sobre a sociedade e até mesmo sobre o pensamento de um adolescente. O trágico destino desses garotos é uma viagem impossível de ser esquecida, que nos remonta a alguns sentimentos puros e admiráveis como união, irmandade, amizade, confiança e até mesmo a outros não tão nobres assim como ódio, raiva, preconceito e desejo de violência.

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Curiosidades e o que você deve saber

Como você já deve ter notado, eu realmente admiro muito essa obra. Os motivos são muitos, mas eu separei alguns que acho justo frisar.

Para começar, o elenco é formado por diversos atores muito conhecidos por outros filmes.

Ponyboy foi interpretado por  C. Thomas Howell, que iniciou sua carreira muito cedo em ET e em uma de suas últimas aparições (irreconhecível se você só lembra dele na década de 1980) foi como Frank Eagan, um agente do ATF na série Sons of Anarchy.

O carismático Sodapop foi  interpretado por Rob Lowe que teve participação em diversas séries e em alguns filmes, mas marcou sua presença como o senador Robert McCallister na série Brothers and Sisters.

O irmão durão Darry Curtis ficou por conta do inesquecível Patrick Swayze, imortalizado por diversos outros papéis, especialmente em Dirty Dancing, Ghost e em Donnie Darko. O ator faleceu aos 57 anos vítima de um câncer, em 2009.

Mas, não para por aí: Matt Dilon, que protagoniza a série Wayward Pines que estreiará em breve é o responsável pela criação do personagem mais pesado do filme, o marginal ‘Dally’ Winston. Emilio Estevez, irmão do ator Charlie Sheen e conhecido por papéis em Cold Case e também por sua participação em Two and a half men foi  Keith ‘Two-Bit’ Mathews; Steve Randle ficou por conta de Tom Cruise, o eterno agente de Missão ImpossívelRalph Macchio, o Daniel de Karatê Kid viveu Jhonny Cade, uma das personagens mais fascinantes da história (e minha personagem favorita).

The-Outsiders-5Além desse elenco de peso, The Outsiders foi indicado a Melhor Filme pelo Festival de Moscou e pelo Young Artists Awards em 1983, a atriz Diane Lane foi indicada a melhor atriz coadjuvante pelo Young Artists Awards, por sua interpretação como Cherry Valance.

O nosso eterno Ponyboy foi premiado por esse mesmo prêmio na categoria Melhor jovem ator.

E Susan E. Hinton participou do filme como a Enfermeira. Esse último item é importante, pois…

Você sabia que tem livro?

The Outsiders é um filme inesquecível, contudo poucos fãs sabem que o longa é uma adaptação (absurdamente fiel e excelente, por sinal) de uma obra literária de mesmo nome.

Escrito por Susan E. Hinton, o livro foi a obra prima que fez com que a escritora se consagrasse e visse sua vida mudar do dia para a noite.

Quando escreveu o livro, Susan tinha 16 anos. Contudo, foi aos 18 anos que o sucesso respondeu ao seu talento com a escrita. Em pouco tempo o livro tornou-se um best-seller.

O grande choque que o livro proporciona é devido a forma como uma adolescente criou um livro sobre adolescentes e tirou o manto do preconceito e falou abertamente sobre a rivalidade e demais lutas do dia a dia entre as classes sociais que existem nos Estados Unidos e outros lugares do mundo. Até o lançamento de The Outsiders em 1967, muitos acreditavam que o universo adolescente era cheio de coisas banais, sem importância ou simples, quase frívolas e dispensáveis de atenção.

Conheci o livro depois do filme. Em fato, o filme sempre me chamou a atenção, mas demorou anos para que eu tivesse idade suficiente para que meus pais permitissem que eu o assistisse. E não vi uma, duas ou três vezes. Assisti a esse filme inúmeras vezes e em todas as vezes ficava mais impressionada com a mensagem e apaixonada por cada um deles. Quando descobri que o filme era baseado em um livro, não pensei duas vezes e sim: aceitei o desafio.

Honestamente, que livro! A escrita de Susan é fluída, passa rápido. Devorei as páginas do livro em pouco mais de um único dia e consegui a incrível proeza de perder três ônibus em uma única tarde pois estava vidrada demais nas páginas para “fechar rapidinho e depois continuar”.

De todas as passagens que tanto me fascinam na obra, trago um trecho que julgo ser fundamental para o fã da obra, seja escrita ou filmada:

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“O primeiro verde da natureza é dourado,

Para ela, o tom mais difícil de fixar.

Sua primeira folha é uma flor,

Mas só durante uma hora.

Depois folha se rende a folha.

Assim o Paraíso afundou na dor,

Assim a aurora se transforma em dia.

Nada que é dourado fica.”

No Brasil, a última edição do livro é pela Editora Benvirá, lançado em 2011.

A cada um de vocês, cabulosos e cabulosas, fica apenas o pedido de Jhonny: “Continue dourado”. E vejam um por do sol, eu também acho que o Dallas nunca viu um e que ele não sabe que o mundo é cheio de coisas boas.

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Para matar a saudade…


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