[Resenha] O Velho e o Mar do Ernest Hemingway

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Essa é uma história sobre um velho solitário e a sua maior aventura em alto-mar. O protagonista Santiago passa por uma situação constrangedora ­(entre os pescadores) de estar há 84 dias sem que consiga um único peixe sequer. Ainda tem o agravante dos pais do jovem Manolin (amigo e ajudante de Santiago) levarem o garoto para trabalhar em outro barco, de um homem mais jovem e de sorte igualmente superior. Mas Manolin ainda assim busca ajudar o amigo no que pode.

E é com esse enredo simples, de escrita fácil e despretensiosa, que Hemingway sabiamente nos envolve numa aventura eletrizante. Sim, aventura, por que é exatamente numa aventura que Santiago se envolve ao se deparar com o maior peixe que ele já tivera a honra de pescar na vida. São quase 100 páginas de luta entre o velho e o peixe, mas também entre o Velho e o Mar.

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“Falam do mar como de um adversário, de um lugar ou mesmo de um inimigo. Entretanto, o velho pescador pensava sempre no mar no feminino e como se fosse uma coisa que concedesse ou negasse favores; mas se o mar praticasse selvagerias ou crueldades era só por que não podia evitá-lo. ‘A lua afeta o mar tal como afeta as mulheres’, refletiu o velho.” (Pág. 32)

A maior parte da história se passa em alto-mar e conhecemos Santiago afundo através de seus pensamentos e de suas conversas com peixes, pássaros, com o próprio mar e até consigo mesmo, uma vez que a solidão aperta no coração do homem.

No decorrer da história vemos a relação que se estabelece entre o velho e o grande peixe que ele busca e é como se os dois se entendessem e se respeitassem. E é o que Santiago também pensa, uma vez mesmo sendo ele o predador e o peixe sua presa, ele busca tratá-lo da maneira mais respeitosa possível, chegando a defendê-lo com tudo o que pode quando a aventura se torna mais perigosa. Mas o que de melhor Hemingway fez nesse livro está na forma como ele nos conta a história: Uma história narrada no início sem nenhuma pretensão, mas que aos poucos vai envolvendo o leitor. Quando Santiago começa a falar sozinho, a princípio, não passa de um velho desvairado e caduco. Mas de repente nos damos conta de que o fluxo de reflexões e pensamentos do velho conversa com o leitor e é a partir daí, e por causa disso, que começamos a conhecer quem de fato é Santiago e criamos empatia por tal personagem tão cativante.

“Não pense no pecado, meu velho. É demasiado tarde para isso e há pessoas cujo ofício é esse. Deixe que sejam eles a pensar nos pecados. Você nasceu para ser um pescador, tal como o peixe nasceu para ser peixe.” (Pág. 106)

O livro é uma grande metáfora para como é nossa relação com a vida. Pois ela é como o mar, na visão do velho Santiago. A vida é incompreensível para a maioria de nós, mas mesmo sem saber por que, nos agarramos a ela. Talvez apenas por que precisamos disso e só aprendemos a fazer isso durante toda a vida, assim como “Santiago nasceu para ser pescador e o peixe nasceu para ser peixe”. A vida é uma coisa que “concede e nega favores”. A essência dessa história é a luta do homem contra a própria natureza. Indo mais além, acho que também se trata da luta do homem contra sua própria natureza. Além de destacar a perseverança, a fé, a experiência, as vicissitudes da vida e a lealdade. Uma história espetacular e essencial. Recomendo fortemente que leiam. É uma história curta, mas com grande impacto.

Considerações finais

Assim que comecei a ler esse livro alguém me disse que este era um livro “muito mentiroso”, o que me levou a refletir seriamente sobre isso no decorrer da leitura. Ao fim da leitura, assim como da reflexão, descobri ser essa afirmação extremamente injusta. Pois não se trata de uma história “mentirosa”. Uma história mentirosa é uma história desonesta consigo mesma e com o leitor. Uma história que consegue ser desonesta com o próprio mundo imaginado pelo escritor. Uma história feita para enganar o leitor. Isso é uma história mentirosa, o que de forma alguma acontece em O Velho e o Mar. Pode-se dizer que esta seja uma história fantástica? Talvez sim. Mas nunca mentirosa. É literatura. E dentro da literatura quase tudo é possível. Eu disse quase, pois mesmo os mundos mais fantásticos já imaginados, têm suas próprias regras. Por isso a literatura fascina tanto.

Agora vou deixar um dos melhores conselhos que o velho Santiago me deu:

“Agora não é o momento de pensar naquilo que você não tem. Pense antes no que pode fazer com aquilo que tem.” (Pág. 110)

NOTA:

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Nome: O Velho e o Mar
Título Original: The Old Man and the Sea
Autor: Ernest Hemingway
Tradutor: Fernando de Castro Ferro
Edição:
62ª
Editora:
Bertrand Brasil
ISBN: 9788528607598
Ano: 2013
Páginas: 126
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