O livro das coisas perdidas foi parar em minhas mãos pela primeira vez em um dia que esperava uma amiga na biblioteca. Peguei o livro pra passar o tempo e não li nem uma página antes da minha amiga chegar, mas o livro já chamou minha atenção. Essa minha amiga chamada Celly já tinha o lido e disse que era muito bom o que aumentou o interesse. Como eu não tinha cartão da biblioteca aquela hora, não o levei. Quando finalmente fiz meu cartão fiquei meses procurando novamente esse livro. Finalmente encontrei e entendi porque ele é tão disputado.
David é um garoto que vem enfrentando uma batalha. Sua mãe a quem ele ama muito está cada vez mais doente. Ele faz de tudo para que ela melhore, lê para ela as histórias que ela gosta e das quais David aprendeu a gostar por causa dela, não faz barulho quando ela está dormindo e até faz seus “rituais” (David tem TOC) esperando que eles ajudem sua mãe a sobreviver. Mas nada funciona. O inevitável acontece e a mãe de David acaba morrendo.
Depois de algum tempo, seu pai conhece uma mulher chamada Rose. Eles se apaixonam, Rose engravida e David acaba se mudando para a casa da sua madrasta. Ele a odeia. Ela não é uma pessoa ruim e tenta com afinco fazer com que David goste dela, mas David ainda sim permanece a odiando. Isso porque ele pensa que ela irá tomar o lugar da sua mãe, que o pai uma hora ou outra irá esquecê-la por causa de Rose e seu meio irmão Georgie veio para tomar o seu lugar e ele se sente deslocado, como se fosse uma última peça de uma vida passada outrora feliz. David cada vez mais se afasta de sua família e procura abrigo nos livros, só que algo estranho começa a acontecer: os livros começam a falar. Além disso, David tem desmaios e convulsões. Mesmo consultando com um psicólogo, os livros continuam falando. Então as coisas pioram de vez com a visita do Homem Torto, uma criatura macabra que tem um profundo interesse em David… As coisas mudam quando o menino escuta a voz da sua mãe em sonhos pedindo ajuda. Ela diz para ele entrar em um buraco no jardim e ir buscá-la, pois ela está viva!
David a obedece e acaba saindo em um mundo totalmente novo. É recebido por um Lenhador e enfrenta lobos e outras criaturas sinistras. Um mundo onde os contos de fada são reais e… macabros.
“A menina se lançou sobre a velha e empurrou-a com força para dentro do forno, batendo a porta. (…) Então, alimentou o fogo com mais lenha, e a velha começou a cozinhar lentamente, gritando feito louca, uivando e ameaçando a menina com as piores torturas. O forno estava tão quente que toda a gordura de seu corpo começou a derreter, com um cheiro tão terrível que a menina podia senti-lo. A velha ainda lutava quando a pele começou a se separar da carne, e a carne dos ossos, até que, por fim, ela morreu.” – Pág. 122
Eu não imaginava que esse livro seria tão pesado no quesito terror. Como é algo voltado para o público juvenil, esperamos algo mais brando, mas John Connollyy não abranda em nada. Eu, que leio bastante terror, fiquei incomodada com algumas partes e isso transformou o livro em algo para todos os públicos. Bem, não todos. Para os amantes de terror vamos dizer assim. Digo isso porque, como já disse, peguei o livro na biblioteca e ele veio cheio de pequenos avisos escritos a lápis como o da foto abaixo, os quais bondosamente apaguei.
Achei incrível toda a história e jornada de David. Você se importa e teme o que vai acontecer com o garoto e torce por um final feliz. É algo que leria sim para meus filhos. Não perderia o prazer de ler esse livro novamente.
“As histórias queriam ser lidas, dizia, num murmúrio a mãe de David. Precisavam disso. Era por isso que forçavam passagem do seu mundo para o nosso. Queriam que as fizéssemos viver. ” – Pag. 12
NOTA:
Ficou interessado(a)? Então compre o livro:
Autor: John Connolly
Origem: Estrangeira
Título original: The Book of lost things
Edição: 3ª
Editora: Bertrand Brasil
Ano: 2012
Páginas: 363
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