[A Coluna] Um infanto-juvenil na dose certa

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Olá, pessoas cabulosas!

Sei, a proposta do “A Coluna” era que eu desse as caras por aqui somente uma vez por mês, mas aconteceu uma coisa, ou melhor, acabei de ler um livro e fiquei tão empolgada com ele, que resolvi retornar aqui antes do tempo previsto para eu apresentar essa história para vocês enquanto tudo está “fresquinho” na minha memória…

Vou começar do começo, sim,  estou sendo redundante. Umas semanas atrás queria muito ler um romance infanto-juvenil, tentei engatar duas leituras, que acabei abandonando por seguir o lema “Tortura nunca mais” lá do CabulosoCast, não me arrependi.  Acabei enveredando por Oscar Wilde, o “Baratão 66“, uma HQ muito louca, passei pelo primeiro livro das Desventuras em Série até chegar em “O Ladrão de Destinos de Nanuka Andrade”, e é sobre esta história que venho alugar vocês aqui.

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Conheci o trabalho do Nanuka em 2010 ou 2011 no site Escreva Seu Livro, havia uma matéria sobre como conseguira sua primeira publicação pela falecida editora Underworld, que na época despontava no mercado e era muito conhecida entre os blogs. Estava lançando “Camundo – O Desenho” e a Sombra, lembro que fiquei encantada pelas ilustrações do autor e a proposta da história, infelizmente deixei a oportunidade passar e não adquiri um exemplar, hoje, todos esgotados e sem previsão de uma nova edição. Nanuka chegou a escrever  sequência em “O Signo Oculto”, mas nunca conseguiu viabilizar a publicação. Em 2013, lançou “O Ladrão de Destinos” por um pequeno selo editorial, Subtítulo, que também não aguentou o tranco e fechou as portas, infelizmente. Dessa vez eu fiquei mais atenta e numa oportunidade consegui o livro com o próprio autor, autografado, com caricatura e tudo!

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Apesar de ter querido muito livro, estava esperando o momento da história me chamar, me convidar para a leitura, minha ordem é bem intuitiva, então, na segunda-feira passada, comecei a ler “O Ladrão de Destinos”. E encontrei justamente o que eu procurava nos infantojuvenis que eu desisti de ler. E o que pretendo aqui é só tecer devaneios sobre o que eu li e não escrever uma resenha crítica, não funciono bem nesse papel.

O Ladrão de Destinos não foi uma surpresa para mim, pois eu já aguardava algo muito bom do Nanuka, e quando fechei o livro (com um sorriso no rosto) eu só confirmei minha intuição. A história se sustenta do começo ao fim, como um tecido habilmente tramado e a fluidez de uma ceda. Os acontecimentos vão se tornando maiores, e os personagens mais complexos. Mayume Chen, a protagonista, com sua curiosidade latente, me lembrou a Alice de Carroll, quando perguntei ao autor se havia alguma relação, ele respondeu: “Verdade! Eu confesso que sou carrolliano!”  A todo momento me via numa espécie de “Alice no País das Maravilhas asiático” (temos como cenário o bairro Liberdade de São Paulo), a história, que tem fortes referências Budistas, nos traz toda sabedoria do povo antigo do extremo oriente, sua rigidez e disciplina. Também podemos encontrar premissas do Espiritismo (não confunda com espiritualismo), tudo com um pé no fantástico.

Conhecendo um pouquinho da obra

Mayume é apenas uma garota de 12 anos, mas tem conflitos na família e na escola que “bagunçam” sua mente e a levam a encarar uma longa jornada na Velha Orla (um reflexo verde do seu mundo no “outro lado” da morte o do sono), onde aprende a conhecer a si mesma e desvendar seu próprio destino passando por inúmeras provas.  O destino por ser imprevisível, na fábula de Nanuka Andrade, é um grande brincalhão enigmático e é muito bom ser pego de surpresa. Temos outros personagens memoráveis como o velho chinês Lao Pengyou, sempre falando o que é necessário no momento necessário, o querido Flecha e seu atrevimento, Córmaco e sua perspicácia intelectual e Moscaridos, o vilão trapaceiro, que me lembrou um pouco o Coringa pelos traços ilustrados pelo autor, e me rendeu  boas risadas, que, aliás, é uma das características mais fortes do livro.

O Ladrão de Destinos tem uma trama inteligente e instigante com um ar de mistério, a nenhum momento Nanuka subestimou seu leitor e entregou a ele provas disso. Outro detalhe muito importante e que fez minha estima por essa história aumentar ainda mais: o autor não fez questão de aparecer, ele não forçou nenhuma cena ou ações dos personagens, digo isso uma vez que percebo em alguns histórias o narrador forçar a barra e eu, como leitora, perceber a presença do autor ali, com um dedão dele apontado um trecho dizendo algo como: “Viu? Foi eu quem fiz.”  Para mim é quase como a Stephenie Meyer aparecendo nas primeiras cenas do filme Crepúsculo. ~ corre ~

De uma coisa eu tenho certeza, eu sempre vou indicar “O Ladrão de Destinos” para um leitor jovem ou adulto. Acredito que sim, nós temos banana! Nós produzimos boa literatura, ela precisa encontrar seus leitores e repito o que Douglas Eralldo escreveu na revista Bang “Este livro do brasileiro Nanuka Andrade é um primor da fantasia nacional.”  Eu não tenho dúvidas e espero que uma boa editora possa abrir suas portas para que esse competente autor possa continuar seu belo trabalho.

Mais informações sobre o autor e suas obras nos links abaixo:

Série Camundo

O Ladrão de Destinos

Twitter: @Nanuka_Andrade

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Skoob: Camundo – O Desenho e a Sombra