[Era uma vez rapidinho] Apresentando um conceito

2

E era uma vez… mas era uma vez rapidinho.  Ao fim dessas palavras de introdução espero deixar claro meu ponto com relação ao renascimento das histórias curtas.  Espero isso ao fim, mas me adianto de saída, assim meio sem querer…

O começo dessa história se dá há alguns anos, depois de algumas tentativas frustradas de ler livros no computador e de imprimir muitos artigos técnicos.  Acabei comprando meu primeiro dispositivo ebook. Foi um kindle de uma das primeiras gerações, se não da primeira, vindo da Amazon US.

Não foi exatamente um sucesso instantâneo, mas li diversos livros em PDF conseguidos por aí pela internet.  Ao mesmo tempo comecei a comprar algumas obras, ainda, na Amazon US ( a língua nunca foi exatamente um problema para mim) e percebi que a obra eletrônica propriamente autorada para o formato tornava a experiência como um todo mais satisfatória.  O aparelho é excelente por não emitir luz, não agredindo os olhos, além de levar a uma enorme autonomia da bateria (alguns meses sem nem desligar o aparelho).  Ainda assim existia uma limitação que me incomodava, além da limitação com relação aos títulos oferecidos, essa limitação era o tamanho.

É menor… sim.  É mais leve… também.  Me permite levar centenas de títulos simultaneamente… sim (mas não é como se eu saísse de casa com uma pilha de livros embaixo do braço todo dia).  E foi assim que me embrenhei na leitura digital.

img1417990863599

Um dia percebi que poderia conseguir quadrinhos digitais, de edições fora de catálogo, pela Amazon.  Legalmente, rapidamente, barato.  Muitos dos quadrinhos que eu lembrava com saudade passaram então a estar disponíveis, mas não através do aparelho.  Foi necessário que eu partisse para instalação do aplicativo Kindle em um tablet.  Também não era portátil, mas a experiência era satisfatória e a nostalgia fazia tudo valer a pena.  Com isso voltei ao ambiente Amazon e percebi que estavam disponíveis alguns livros (principalmente clássicos, mas não apenas estes) que eram oferecidos de graça pela Amazon e selecionei alguns.  Para fazer um teste com esses livros instalei o aplicativo Kindle no meu smartphone e isso atacou minha principal restrição com relação ao livro eletrônico, a portabilidade.

Se um kindle, ou kobo, ou lev, apresentam um tamanho e peso adequado para uma bolsa feminina, para nós homens eles ainda são grandes para os bolsos das calças sociais ou jeans.  O app para celular ataca de maneira eficaz esse problema rediagramando tudo instantaneamente de 200 páginas para 2000 de leitura confortável.  Adicionalmente fazia o acompanhamento automaticamente e, se eu quisesse passar para o tablet ou kindle, me informava do avanço no outro dispositivo e avançava para o ponto correto.  Junto a isso, a chegada da Amazon Brasil ampliou em muito a oferta de títulos, incorporou autores nacionais modernos dos quais eu andava ouvindo falar com muita frequência e por fim eu estava vencido.  Desde então minha leitura de livros eletrônicos evolui consideravelmente mais rápido que a de livros físicos.

Li muito em minha juventude, até o fim dos estudos pouco após os 30, mas nunca fui muito fã de contos.  Li algumas antologias, quase todas de um mesmo autor, mas coletâneas nunca me chamaram a atenção.  Para ler uma ou duas histórias de autores que admiro, ou que alguém havia me recomendado, eu acabava tendo que pagar por 7 ou 8 histórias completamente no escuro.  No novo formato, não apenas vários títulos são disponibilizados gratuitamente como amostras de trabalhos mais completos como, quando cobrado, é cobrado um preço mais justo pelo conto no qual você se interessou.  Diria entre 2 e 3 reais por conto, eventualmente eles acabam aparecendo em alguma promo entre 1 a 2 reais.  Se o preço de livros digitais não é tão diferente dos físicos por aqui, eles têm o ótimo hábito de entrarem em boas promoções com uma frequência animadora.

Além disso, formatos que encontraram dificuldades de se posicionar no mercado, como noveletas e histórias curtas, podem ser publicadas agora conforme originalmente idealizadas sem prejuízo editorial.  Por exemplo, encontrei noveletas e histórias curtas de até 100 páginas equivalentes pelo preço cheio entre 5 e 10 reais, o que me pareceu bem razoável.

Foi com a ideia de fomentar esse espaço e linguagem, fruto dos tempos modernos dos e-books, mesmo que hoje seja desnecessário tê-lo, que proponho esse espaço; para uma leitura rápida semanal e discussão direta do ponto de vista do leitor (não sou literato de maneira alguma, tendo toda a minha formação na área de exatas).  A ideia é apresentar opções de textos dessa excelente nova safra de autores que está escrevendo nesse formato (tentando descobrir suas razões quando possível), explorar clássicos do formato assim como suas histórias mais curiosas ou relevantes.  E com isso começo a história com  “Era uma vez, mas era uma vez rapidinho…”

Rodrigo Fernandes