Um livro de contos, que abre exatamente com o conto que lhe dá título. Nesse primeiro conto, temos a Mansão dos Canterville e o fantasma de Sir Simon, que por ter assassinado sua esposa, tem sobre si uma maldição que o faz ficar preso àquela mansão por toda eternidade. Por longos 300 anos, temos então o Sr. Canterville “cantando de galo” e “tocando o terror” em todos os inquilinos que por ventura viessem a morar ali, no entanto, esse cenário muda quando uma família norte-americana vem morar na casa. E o que acontece é o contrário: os vivos é que passam a “assombrar” o “pobre” fantasma, já que nada que este faça, tem efeito sobre eles, sendo até mesmo alvo de pilhéria por parte dos filhos gêmeos do casal.
Esse conto foi publicado originalmente em 1887. Era o auge das histórias de gênero gótico, em que predominavam as histórias ambientadas em grandes castelos, masmorras, com tempestades e figuras folclóricas macabras, incluindo corvos, fantasmas e outras criaturas/elementos sombrios.
Um conto divertidíssimo, de fácil leitura (como todos os outros) e dá a impressão de que Oscar Wilde está ao seu lado, falando a história para você casualmente (de tão leve que ela é). Portanto, essa obra, além de ser uma obra de entretenimento, figura como uma história com um quê de crítica bem destacado. O cinismo e o sarcasmo são marcantes nessa obra (não só nessa em específico, mas em todos os trabalhos de Oscar Wilde), uma vez que se trata de uma sátira aos textos que haviam sendo escritos nessa época.
Após esse conto, temos O Príncipe Feliz que conta a história de uma estátua de um príncipe e de uma andorinha. Uma história de amor, com um final triste e feliz concomitantemente. Nessa história e em outra também desse livro, O Rouxinol e a Rosa, temos um conto com características de fábula. Pelo uso da linguagem simbólica e pelo tom de moral, além do autor estar voltado principalmente para o público infanto-juvenil, mas não se restringindo a apenas esse público alvo.
No próximo conto – O crime de Lorde Arthur Savile –, temos como eixo principal da história, a tragédia de um homem que se depara com a notícia de que vai cometer um crime terrível, e que é atormentado por essa infeliz novidade. Mais uma vez temos presente o sarcasmo e o cinismo wildiano, o que nos leva a termos uma surpresa fantástica no final do conto.
Oscar Wilde ainda tira tempo para dar um cutuque na sociedade aristocrática inglesa (o que viria a fazer com maestria em O Retrato de Dorian Gray) acentuando as ideologias e por consequência, as hipocrisias que norteavam essa classe, na época.
“Bem, estou horrivelmente desapontada – disse Lady Windermere. – Não tenho absolutamente nada para contar a Sybil amanhã. Hoje em dia ninguém mais se interessa por parentes afastados. Há anos que estão fora de moda. Contudo, suponho que seja conveniente ter à mão uma seda preta; fica bem para ir à igreja. E agora vamos cear. (…)” (Pág. 65)
Em O Rouxinol e a Rosa, temos mais uma vez a presença de um conto com características de fábula, deveras poética, filosófico e crítico. O tema do conto pode ser divido em dois: o sacrifício em prol de um amor e a ingenuidade e superficialidade da juventude.
Uma história triste, porém carregada de sentimento, que com certeza leva o leitor a reflexão.
Por fim, ainda temos quatro contos: O modelo milionário, O pescador e sua alma, O foguete notável e O filho da estrela; onde temos, respectivamente, uma história com veia mais cômica; uma sobre um jovem que abandona sua alma em prol do seu amor impossível; uma história cômica onde os personagens principais são fogos de artifício, em detrimento dos seres humanos que aparecem como coadjuvantes, e ainda uma história que nos remete a um filho soberbo que renega sua mãe, e que através do arrependimento é levado à glória, cheia de simbolismo e moral.
Considerações finais
Os – bons – literários também são historiadores – à sua maneira –, uma vez que através da sua arte conseguem retratar uma época da história, podendo ser a sua ou não, de forma mais profunda que muitos historiadores, até. Oscar Wilde me surpreendeu mais uma vez com esse livro, uma vez que difere do seu magnum opus (O Retrato de Dorian Gray), sem deixar de ser bom – muito bom.
Gostei de todos os contos – o que dificilmente acontece quando leio uma coletânea de contos –, uns mais, outros menos – claro –, mas ainda sim gostei de todos eles. Cada um deles me tocou de uma forma diferente e despertou em mim emoções igualmente diferentes. Alguns até já figuram como minhas histórias favoritas. Histórias cheias de poesia, paixão e devoção, que revela muito mais do autor do que ele mesmo possa imaginar.
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Nome: O Fantasma de Canterville e outros contos
Autor: Oscar Wilde
Edição: 2ª
Editora: Círculo do Livro
Ano: 1978
Páginas: 195
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