No alvorecer da humanidade, a fome e os predadores já ameaçavam de extinção a incipiente espécie humana. Até que a chegada de um objeto impossível, além da compreensão das mentes limitadas do homem pré-histórico, prenunciasse o caminho da evolução. Milhões de anos depois, a descoberta de um enigmático monolito soterrado na Lua deixa os cientistas perplexos. Para investigar esse mistério, a Terra envia para o espaço uma nave tripulada por uma equipe altamente treinada, assistida por um computador autoconsciente. Do passado distante ao ano de 2001, da África a Júpiter, dos homens-macacos à inteligência artificial HAL 9000, penetre a visão de um futuro que poderia ter sido, uma sofisticada alegoria sobre a história do mundo idealizada pela mente brilhante de Arthur C. Clarke e imortalizada nas telas do cinema por Stanley Kubrick.
Eu li 2001: Uma Odisseia no Espaço há uns 3 anos, e não gostei. Tem certos livros, certas histórias e estilos narrativos que, se lidos no momento errado, deixam a impressão errada. Por isso sou muito grato pelo site ter fechado parceria com a Editora Aleph, me dando a chance de reler esse clássico da ficção científica e tirar essa má impressão de uma vez por todas.
Pra começar, A Aleph fez um trabalho gráfico muito bonito nesse projeto, entregando um livro-objeto que dá orgulho de ter na estante. O livro vem numa capa externa, que contém na parte de trás as informações da obra. Dentro vem o tomo propriamente dito, que é inteiramente preto, capa, contracapa, lombada, até mesmo os lados das folhas. A intenção é simbolizar que o livro seria o monólito encontrado na lua, ao redor do qual gira toda a história. Além do mais a edição traz textos extras que a fazem única no mundo, que são um texto in memorian de Clarke para Kubrick, o prefácio do autor à edição do milênio e os contos A Sentinela e Encontro no Alvorecer, que serviram de base para livro e filme.
Esses textos ajudam a entender melhor como se deu a concepção do livro e a relação desse com o filme do diretor Stanley Kubrick. Basicamente ambos nasceram e se desenvolveram em paralelo, como parte do mesmo projeto conjunto desses dois grandes nomes da literatura e cinema. Sobre o livro em si, eu o enxergo dividido em três partes. A primeira fala sobre o desenvolvimento inicial da humanidade, sobre como evoluímos e saímos da idade da pedra e qual o papel de seres extraterrestres nesse processo, sendo 2001 a mais famosa obra de Clarke abordando o tema dos Deuses Astronautas.
A segunda parte é sobre o Dr. Floyd, um cientista acionado quando uma estarrecedora descoberta é feita na lua pelos astronautas no local. Um monólito preto retangular, que só poderia ser feito por uma raça inteligente, e que apresentava sinais de estar enterrado em solo lunar desde antes do surgimento da humanidade. A terceira e maior parte do livro trata-se da Odisseia em si, onde uma missão espacial é enviada a Saturno investigar um sinal que o monólito da lua teria enviado em direção ao planeta após ser descoberto. A Odisseia é uma viagem complicada e tensa. Os astronautas são altamente treinados, mas acabam tendo que enfrentar obstáculos inimagináveis no caminho, que causam problemas, contra tempos e mortes. Um dos grandes assuntos que o livro discute nessa parte é a Inteligência Artificial e os problemas que uma máquina auto consciente pode causar, ainda que com a melhor das intenções. Finalizamos a viagem com apenas um astronauta fazendo as descobertas mais incríveis e transcendendo sua própria existência humana.
O texto do Clarke é de leitura agradável, mesmo nos momentos em que divaga em longos parágrafos em explicações científicas e técnicas, algo que ele sabe fazer de forma envolvente. A edição brasileira conta com a tradução de Fábio Fernandes, um dos grandes especialistas nacionais em literatura de ficção científica, o que com certeza adicionou muito nesse quesito. A única ressalva, que pode incomodar alguém, é o caráter disruptivo da narração, que envolve bastante o leitor com alguns personagens que não terão papel determinante na trama posteriormente, mas são usados apenas para apresentar fatos de grande importância na história. Não é, entretanto, uma falha, mas apenas a estrutura através da qual Clarke escolheu apresentar esse épico espacial.
Para fechar essa resenha, segue o curtíssimo capítulo 40. Não se preocupem, sozinho ele não apresenta spoilers.
Saída
O Portal das Estrelas se abriu. O Portal das Estrelas se fechou.
Num intervalo de tempo curto demais para ser medido, o Espaço se virou e se retorceu sobre si mesmo.
Então, Jápeto ficou sozinho mais uma vez, como havia ficado por três milhões de anos – sozinho, exceto por uma nave deserta, mas ainda não abandonada, enviado aos seus criados mensagens em que eles não podiam acreditar, nem compreender.


Ficou interessado(a)? Então compre o livro:
Editora: Aleph
Autor: Arthur C. Clarke
Origem: Estrangeira
Título original: 2001: A Space Odyssey
Ano: 2013
Número de páginas: 336
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![[Resenha] Olhos d’água – Conceição Evaristo Capa do livro. Ilustração do rosto de uma pessoa, mostrando apenas o olho, ocupando toda a capa, o olho é castanho, e a pele em tom marrom, tons azuis abaixo do olho mostram que a pessoa está chorando. O fundo é branco. No topo o nome da autora, e logo abaixo o título do livro em azul.](https://leitorcabuloso.com.br/wp-content/uploads/2022/08/OlhosDagua-Site-696-390.jpg)
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