[Resenha] O Vento Norte do Cláudio Villa

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Olá, caros marujos… opa!, leitores cabulosos!

Cá estou! Depois de navegar por mares bravios, desafiar tempestades ferozes e enfrentar monstros de mil braços e milhões de ventosas (tá, é conversa de pescador), entretanto, o fato é que ainda sinto o gosto de sal dos mares do longínquo mundo de Mirr criado pelo autor Cláudio Villa.

O Vento Norte chegou a minhas mãos depois de ter sido financiado pelo Catarse, aquele site de financiamento coletivo, sabe? Pois é, O Vento Norte de Cláudio Villa foi o primeiro projeto literário de literatura fantástica aqui no Brasil a ser financiado por esse sistema e apoiodo por André Vianco, legal, né? Então, chega de conversa, vamos logo ao que interessa. Subam as velas, leitores! O navio vai zarpar!

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capa do livro

Navegar pelo mar era que o espírito selvagem da jovem Collen mais desejava desde criança. Não, era ela não queria ser um bibelô domesticado por um pai autoritário, Guinford, Governador de Northwind. Ela era totalmente diferente da irmã mais velha, Melleen, sempre doce e obediente. Colleen era teimosa, convicta dos seus sonhos e ideais. Sua casa já não lhe fornecia aconchego, queria perder-se na embriagues do mar, mas antes de consegui esse feito, se embriagava com bebida barata mesmo, o velho rum. Collen era um exemplo de boa moça? Não, nem um pouco e fazia questão de mostrar isso, principalmente para contrariar o pai, que um dia percebeu que qualquer tentativa de afastar a filha do mar e de seus perigos seria em vão.

Aos 18 anos, a protagonista de O Vento Norte recebe sua grande provação, embarcar numa grande aventura a bordo do famoso Aliança, um navio da marinha de Aldarian, comandado por Flecher, um homem de confiança do governador, Guinford, e do regente, Joseph Hattcliff, da pequena ilha de Aldarian.

Durante sua jornada no mar, Colleen descobre que sua cidade foi tomada pelo tirano e ambicioso Karim, seu pai e irmã correram grande perigo, foram exilados sob ameaças. Já o regente Joseph Hattcliff não tivera a mesma sorte, foi confinado a amargar seus dias numa terra estranha sob as temidas Forças Sombrias.

Colleen é obrigada a amadurecer quando Flecher perde a vida numa emboscada. A responsabilidade de comandar um navio cheio de homens passa a ser sua, então ela assume uma nova identidade, capitã Rosa Escarlate e constrói uma lenda sob ela.

—Deveria se anistiar, capitã, é o melhor que tem a fazer.

— Lamento, meu caro, mas ao contrário de você, acredito que existe uma guerra lá fora para ser lutada.

— Como queira, capitã, vejo-a na forca em algumas semanas.

A narrativa do Cláudio Villa é bastante agradável, leve, como o vai e vem calmo das ondas do mar. As descrições são feitas na dose certa, sem enrolar o leitor parágrafo por parágrafo com informações inúteis. Os capítulos curtos também favorecem o dinamismo da narrativa. Porém, há algumas decisões na história que aconteceram de maneira arrastada, até Collen se tornar a famosa Capitã Escarlate, o leitor tem de virar 170 páginas, sei que uma série de acontecimentos necessários “atrasaram” esse momento, mas isso pode irritar um leitor menos paciente. Outro detalhe que me incomodou bastante foi a uniformidade dos diálogos das personagens, senti falta da personalidade de cada um neles, às vezes eu sentia a corda vibrar, mas era como uma onda passageira e o que colaborou para que isso acontecesse foi o uso em excesso de expressão “meu caro”, só existe um personagem que não usa essa expressão em toda história, o velho Pete, conhecido por confeccionar bandeiras para navios.

Cláudio Villa menciona algumas criaturas fantásticas do mundo de Mirr como elfos, anões, halflings e gnomos, mas somente os elfos aparecem em cena. Eu, como leitora, gostaria de ter visto os outros interagindo na história também.

O final da aventura alcança um ápice satisfatório (muito empolgante, aliás) e fecha os principais arcos da história, deixando pequenos ganchos para outras, caso o autor queira seguir escrevendo sobre o universo de Mirr e sua Capitã Escarlate. Colleen já não é mais uma menina rebelde, é uma heroína que cresceu entre erros e acertos, através dela, Cláudio traz à tona temas delicados como violência sexual contra a mulher, submissão involuntária, o machismo nosso de cada dia e força da mulher para lutar contra tudo isso e seguir seus sonhos.(Lembrei da música Pagu, de Rita Lee.

Então, me despeço agora, avisando que O Vento Norte sairá para sorteio do Leitor Cabuloso. Fiquem de olhos atentos! Não percam a oportunidade de participar!

Nota:

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Avaliação: 4 Selinhos Cabulosos

Sinopse:

Em seu segundo romance, o escritor Cláudio Villa (autor de Pelo Sangue e Pela Fé), deixa de lado o universo dos cavaleiros e das guerras para explorar o mundo dos piratas e dos combates navais. Pesquisador do tema e apaixonado por navios à vela desde criança, o autor desenvolve em O Vento Norte uma história que mistura intriga política, aventura, suspense e até mesmo um inimigo sobrenatural, tudo regado a muito rum. O livro conta a história de Colleen, jovem e abastada filha do governador de Northwind, cujo desejo sempre foi conquistar os mares. Porém, seu sonho se vê em risco quando sua nação, seu rei e mesmo sua família correm perigo, ameaçados por uma traição que mudará o rumo da história. Comandando um navio cheio de marinheiros de diferentes lugares e com objetivos distintos, Colleen passará a atuar como uma corsária, pilhando seus inimigos enquanto busca salvar seu rei. O livro tem prefácio de Eduardo San Martin, autor de vários livros históricos sobre pirataria clássica, como Náufragos (4a edição, 2009 – Prêmio Açorianos Narrativa Curta) e A Viagem do Pirata Richard Hawkins (2a ed., 2005 – Prêmio Açorianos Especial do Júri, Narrativa Longa).

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