[Resenha] O Natal de Poirot da Agatha Christie

2

capa-natal-poirotNome: O Natal de Poirot

Autor: Agatha Christie

Edição:

Editora: Nova Fronteira

ISBN: 9788520923603
Ano: 2009

Páginas: 223

Sinopse:

Véspera de Natal. A reunião da família Lee é arruinada pelo barulho ensurdecedor de móveis sendo destroçados, seguido de um grito agudo e sofrido. No andar de cima, o tirânico Simeon Lee está morto, numa poça de sangue, com a garganta degolada. Mas quando Hercule Poirot, que está no vilarejo para passar o Natal com um amigo, se oferece para ajudar, depara-se com uma atmosfera não de luto, mas de suspeitas mútuas. Parece que todos tinham suas próprias razões para detestar o velho…

Análise:

Originalmente publicado em 1938, O Natal de Poirot começa com uma dedicatória da autora para seu cunhado James, que antes havia se queixado, afirmando que os assassinatos da autora estariam anêmicos demais e desejava “um assassinato dos bons, violento e cheio de sangue”. Ainda na dedicatória, a autora rebate: “Pois esta é a história que escrevi especialmente para você. Espero que lhe agrade.” E é com esse soco no estômago que a brilhante Agatha Christie – também conhecida como Rainha do Crime – inicia O Natal de Poirot.

Logo após a dedicatória, ainda temos uma frase retirada da tragédia Macbeth do dramaturgo inglês William Shakespeare. Frase essa que irá ecoar por um bom tempo durante o livro, uma frase de uma importância grandiosa:

“Quem jamais poderia imaginar que aquele velho guardasse tanto sangue dentro de si?” Macbeth (pág. 6

Após nos preparar para o que o livro nos espera, Agatha, então, finalmente inicia o livro: Uma história de mistério – a especialidade de Agatha – protagonizado pelo detetive belga Hercule Poirot (inspirado tanto no icônico Sherlock Holmes como no pioneiro C. Auguste Dupin). A trama se passa na Inglaterra e gira basicamente na família Lee, que tem como patriarca o multimilionário e opressivo Simeon Lee.

Logo no início é possível vermos o quê de mistério que nunca abandona o livro, onde cada vez mais, somos impelidos a tentar descobrir o mistério que ronda cada personagem e do drama que o livro nos apresenta. Ao contrário de obras mais fantasiosas, Agatha sempre deixa pistas para o leitor, que se sabendo usá-las, torna-se possível descobrir o mistério.

Mais adiante, nos deparamos com o principal mistério: A morte de Simeon Lee; numa noite de natal. Há tempos o velho não reunia toda a família, já que era desapegado de sentimentos familiares, no entanto, nessa noite o homem fez questão de ter toda a família junta para o natal. Na sua maioria, desafetos.
Mesmo sendo um livro relativamente curto, ele abriga uma gama de personagens, de personalidades diferentes. Não há repetições de personagens, não há preguiça na construção deles (como vemos em alguns autores mais novos, quando apenas se muda uma ou duas características, o nome e BOOM: temos um personagem novo). Não. Agatha Christie não é preguiçosa. Seus personagens são muito bem construídos e com toda certeza, são o arquétipo de pessoas que existem por aí mundo afora, tanto naquela época, como hoje, 76 anos depois.

Temos por exemplo, o modelo ideal do filho melancólico e sentimental, que culpa o pai por tudo, inclusive pela morte da mãe: David Lee. Temos o filho aventureiro e rebelde: Harry Lee. Temos o avarento George Lee e sua esposa gastadeira Magdalene. O estereótipo do filho leal com Alfred Lee e por aí vai. Cada um, com seu próprio motivo para querer o velho morto. Seja por rancor ou por interesse.

E é aí que entra o detetive Hercule Poirot. Famoso no mundo de Agatha Christie, o detetive se propõe a desvendar o mistério de uma maneira nada convencional, buscando pistas e fatos que não fazem sentido para a maioria dos outros detetives, mas faz todo o sentido do mundo para ele e por consequência, para o leitor.

A história é toda narrada em terceira pessoa e mesmo sendo um livro antigo, o texto flui bem, sempre deixando o leitor instigado e moderando nas descrições. A linguagem da autora é bem fácil também, algo entre o coloquial e o erudito, de fácil compreensão.

Os diálogos são fáceis, atraentes e verossímeis. Os personagens usam vocabulários condizentes com a época e com suas personalidades.

Um livro com pouquíssimos erros ortográficos, mas com uma fraca diagramação. A encadernação em brochura também é muito mal feita, e a capa, feita em cartão 250g/m² não é nada resistente. O papel do miolo é o offset 63g/m². Quanto à arte da capa: Nada demais, uma foto esverdeada de uma árvore de natal. Com certeza, esse livro merecia mais.

Considerações finais…

Sou suspeito quando se fala de Agatha Christie. Li poucos livros dela, quando se compara com toda a sua obra e O Natal de Poirot foi o livro que me introduziu nesse ramo do mistério policial. Li e reli e afirmo que é o melhor livro dela e de literatura policial que tive a honra de ler – até agora. Para mim, Hercule Poirot é maior que Sherlock Holmes em quase todos os aspectos, mas como eu disse: sou suspeito para falar de Agatha Christie. Para quem gosta de um bom mistério, um livro bem escrito, consistente e que te convida a ler compulsivamente: eu recomendo O Natal de Poirot. Quem quer se divertir e testar o raciocínio: eu recomendo O Natal de Poirot. E quem quiser descobrir se tudo o que eu falo aqui, é relevante ou baboseira: eu recomendo O Natal de Poirot.

Nota: