Por Andrey Lehnemann
Alguns estudiosos europeus há pouco tempo tentaram diagnosticar a influência do amor (ou o padrão de comportamento gerado por ele) na genética humana. A experiência foi realizada em roedores, mas pretende se expandir em breve, a fim de refletir sobre o quanto o temperamento amoroso pode influenciar os humanos socialmente, inclusive como fomentador de doenças. Seria uma explicação científica para as nossas loucuras românticas. (Eu possuía uma linha de raciocínio específica aqui para interligar com o novo álbum da banda inglesa Anathema, mas escapou. Usarei uma linha de pontinhos para separar meu raciocínio. Encontrem-me no parágrafo a seguir.)
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Há algumas semanas, os ingleses lançaram Distant Satellites. Disco (ainda pode se utilizar essa indicação?) que completa, a meu ver, a jornada de redescoberta dos irmãos Cavanagh: melodicamente e semanticamente. Finaliza a trilogia, se é que possamos usar essa designação para álbuns, que havia iniciado com We’re Here Because We’re Here. Se num primeiro momento, a banda buscava orientar o seu público sobre uma redescoberta de sua origem (como os trechos de Dreaming Light sugeriam), Weather Systems indicava exatamente seu título: uma mudança na atmosfera. A calmaria depois da tempestade proveniente de WHBWH. Antes, a busca pela lógica no tempo, no passado e no futuro, reflexões sobre a vida e a busca por respostas; depois, o encontro com a paz, o amor interno e externo, a dialética com a existência.
Satélites distantes, numa tradução literal, fecha o ciclo – a descoberta, a compreensão e a aceitação. Internal Landscapes dizia que o amor é a respiração de tudo que vemos na vida; pois a música perdida, que abre o novo cd, expõe exatamente a busca por esse sentimento. Algo que soará ainda mais completo nas músicas adiante, quando os Cavanagh multiplicam suas dores, experiências e esperanças em acordes e harmonias caprichosas, como na doce, mas intensa, Ariel (“eu achei você na escuridão, agora não fuja de mim”). Ou quando cria uma rima musical com o primeiro trabalho da nova fase, conjecturando sobre atemporalidade e a aceitação do reencontro. Afinal, o amor – na visão deles – é um satélite distante: não pode ser visto a olho nu, mas sabemos que está lá e que precisamos dele.
Não que o amor como base existencial ou influenciador de mudanças seja algo exclusivo ou novo, mas se estivesse buscando uma elucidação sobre o assunto começaria nos CDs da Anathema.