Por Andrey Lehnemann
Outro dia pegava um elevador, enquanto o sujeito na minha frente tentava simular como deveria ser a defesa do goleiro da Rússia, que havia falhado no jogo passado. Ele argumentava que havia sido goleiro nas peladas dos amigos por muito tempo. Período de copa do mundo é tão fantástico que ninguém consegue ficar de fora. Todos possuem suas próprias análises, suposições e escalações. Nada exclusiva, ela faz jus ao nome: todos estão permitidos a argumentar, a especulação torna-se mundial. O que me leva a desenhar minha própria seleção da copa, mesmo com uma alfabetização tão precária no esporte. Claro que, como todo bom gaúcho, aprendi a assistir a todos os jogos do Grêmio, conhecer os grandes jogadores, idolatrar Jardel, Romário e Felipão, e acompanho ocasionalmente a copa dos campeões, além da Libertadores. Mas, ainda assim, o conhecimento é superficial. Contudo, assim como o goleiro encontrado no elevador, torno-me um apaixonado por análises futebolísticas por um segundo.
Qual seria sua seleção? Acredito que, após o jogo angustiante de Brasil e Chile, nós já podemos armar com certa tranquilidade uma seleção da copa. Não que desistiríamos da copa sem os jogos da nossa seleção, mas o humor seria outro. Bem, eu começaria com Bravo, Navas ou Neuer no gol: o primeiro, para mim, foi a grande afirmação dessa copa do mundo; o segundo levou seu time às quartas de final com suas mãos e também seus pés; já o terceiro é o melhor goleiro do mundo há anos. Embora prefira constantemente o alemão, o meu titular seria Bravo. As laterais seriam mais simples, acredito que ninguém jogou mais bola que o direito Johnson, dos EUA, assim como Diaz, da Costa Rica. Porém, a aflição de Álvaro Pereira, após desmaiar e achar que seria substituído, e seu retorno triunfante no jogo do Uruguai contra a Inglaterra não deixa dúvidas: pela garra, ele seria o cara para o lado esquerdo.
Na zaga, Godín teve uma temporada impecável no Atlético de Madri e fazia uma copa maravilhosa; Thiago Silva é irrepreensível na defesa, mas sofre com o emocional. Meus marcadores seriam Mertesacker, que não perde nenhuma bola alta, e Godín. Como cabeça de área, o Dinho dos novos tempos, eu apostaria em Luis Gustavo e Aranguiz – ambos são cães de caça de talento. Matuidi seria opção para segundo homem, assim como Pirlo, cuja idade parece ter concebido ainda mais talento para o sujeito. E – meu Telê! – as opções para o meio são tantas. Há o C. Rodriguez, do Uruguai; o Pogba, da França; o Ozil, da Alemanha; Toni Kroos, um dos melhores alemães; caramba, o que dizer dos craques James Rodriguez e Schweinsteiger? E ainda não acabou! No ataque teríamos as opções de Muller, Van Persie, Cuadrado, Campbell, Sanchez, Di Maria. Sem contar o monstro Benzema, o decisivo Robben e o genial Messi. Deixariam Neymar no banco.
Quem seria o técnico para armar um time desse calibre? As cobranças cairiam no técnico da Colômbia, José Pékerman, pelo trabalho formidável que fez na primeira fase. Ou talvez Herrera, do México, para não perdermos as comemorações empolgadíssimas? E Jorge Luís Pinto, o comandante da surpreendente Costa Rica?
Uma coisa é certa: a melancolia que o fim da copa trará nos brasileiros. Quando veremos novamente jogos como Espanha x Holanda, Itália x Inglaterra ou, mais recentemente, Alemanha contra Argélia? Ou gols como o do Van Persie, naquele primeiro jogo da sua seleção? Ah, copa, não seja de outro. Que sejamos selecionados como os melhores anfitriões e que você volte logo.