[Resenha] ‘O difícil passo de seguir adiante depois de perder alguém querido…’: Por Toda a Eternidade de Kristin Hannah

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capa-por-toda-eternidadeSelo: Novo Conceito

400 páginas.

Lançamento: 2014

Preço sugerido: R$ 34,90

Ficção, Drama

 Sinopse:

Tully Hart é uma mulher ambiciosa, movida por grandes sonhos que, na verdade, escondem as lembranças de um passado de abandono e dor. Ela acredita que pode superar qualquer coisa ao esconder bem fundo os sentimentos de rejeição que carrega desde a infância… Até que sua melhor amiga, Kate Ryan, morre. Então, tudo começa a mudar para Tully, que se vê escorregando em um precipício cheio de memórias melancólicas e remédios para dormir… Dorothy Hart — ou Cloud, como era conhecida nos anos 1970 — está no centro do trágico passado de Tully. Ela abandonou a filha repetidas vezes na infância. Até que as duas se separaram de uma vez por todas. Aos dezesseis anos, Marah Ryan ficou devastada pela morte da mãe, Kate. Embora seu pai e seus irmãos se esforcem para manter a família unida, Marah transformou-se numa adolescente rebelde e inacessível em sua dor. Tully tenta aproximar-se de Marah, mas sua incapacidade para lidar com os sentimentos da afilhada acaba empurrando a menina para um relacionamento infeliz com um rapaz problemático. A vida dessas mulheres está intimamente ligada, e a maneira como elas vão rever seus erros e acertos constrói um romance comovente sobre o amor, a maternidade, as perdas e o novo começo. Onde há amor, há perdão…

Análise:

Mais um livro com carga de tristeza, mas que foi encantador de ler… Tully Hart teve uma infância e adolescência difíceis. A fim de compensar a tristeza que foi sua vida, ela se apegou a sua amiga Kate, mas infelizmente o destino tomou Kate de forma cruel, deixando Tully devastada, bem como a família de Kate, incluindo uma adolescente de 16 anos, Marah.

Perder a mãe para um câncer foi um acontecimento doloroso para Marah. Ter que lidar com a perda da pessoa que ela mais amava, e num período em que mais precisamos da mãe, fase de transição de um indivíduo, fez com que Marah ficasse mais arredia, e sobrou para o pai ter que suportar a mágoa da filha, como se ele fosse o responsável pelo ocorrido. A coisa piora porque Marah tem em sua madrinha Tully, uma extensão da mãe, e quando diversos fatores levam o seu pai a afastar sua família de Tully, Marah o abandona para morar com seu ‘namorado’, namorado esse que mostra o lado podre disfarçado de poesia e a ingênua [pra não dizer burra] da Marah, acredita…

Sinceramente, eu detestei Marah. Apesar de todas as dificuldades que ela passou, não achei justa a forma como ela trata o pai, como ela quer se ‘libertar’ da família, e de como ela reage com a dor de perder Kate. Tully é uma personagem que, mesmo com a melhor das intenções, não consegue ‘dar uma dentro’, e volta e meia faz coisas erradas julgando ser o melhor, quando na verdade só atrapalha. Ainda há os gêmeos, irmãos mais novos de Marah e a psicóloga dela, bem como a figura de seu pai, e os flashbacks com Kate, seus pais e Dorothy, mãe de Tully.

Achei a história bem construída, e mesmo não simpatizando com a ‘aborrescente’, posso dizer que a leitura me foi proveitosa, dá pra se tirar uma lição de que devemos aproveitar cada minuto ao lado das pessoas que amamos, nunca jogar para o alto uma família que te apoia em tudo pra viver um relacionamento com alguém que só destrói e faz mal. Foi pesado conhecer a amizade de Kate e Tully e a forma como Tully foi tratada pela própria mãe, mas no desfecho do livro, percebemos que as atitudes de Dorothy são um reflexo do que ela mesma passou quando ainda não era mãe. Mas percebemos que ela luta para se redimir, e seu esforço pode valer a pena… Dorothy, mãe de Tully, é uma ex-viciada que apanhava do companheiro e decidiu fugir e se tratar. Apesar de no início eu não ter gostado de como ela era e agia, percebi ao longo do livro o que a levou a agir daquela forma com Tully…

Kristin Hannah
Kristin Hannah

Esta, por sua vez, maluquinha e mesmo assim, boa amiga, acabou não suportando mais uma rejeição: da família de Kate, que ela considerava sua. O afastamento [por culpa de Marah] e a dor de ter perdido sua melhor amiga faz com que ela sofra um acidente e fique em coma. Eis a redenção de Dorothy. Eis a mudança no marido de Kate. Eis a chance de todos se unirem novamente. E temos Marah [finalmente] enxergando a realidade dos fatos… O coma faz com que Tully reencontre a amiga morta, e durante seu tempo em cima de uma cama de hospital, ela passa a conhecê-la melhor, através de suas visões…  E conhecemos muito de Kate através do coma de Tully…

Em suma, minha segunda experiência com a autora, Kristin Hannah, não me foi satisfatória como a leitura de Jardim de Inverno, em que a história realmente mexeu com meus nervos, mas longe de ser ruim, Por toda a eternidade funciona mais como uma lição, de como enxergar a morte, a perda, por várias perspectivas. Cada pessoa tem um jeito diferente de lidar com a perda de alguém querido. Posso dizer que não me encontrei em nenhum dos personagens, talvez por isso minha estranheza com Dorothy, com Tully e minha antipatia por Marah [que não deixa de ser uma garota de atitude detestável], mas ao menos ela acorda com o tempo, antes de ser muito tarde…

Publicado pela Ed. Novo Conceito, Por toda a eternidade nos mostra que onde existe amor, há a possibilidade de redenção, seja lá qual tenha sido o seu erro…

Kristin Hannah escreveu também Jardim de Inverno. Nasceu na Califórnia, é ex-advogada e mãe, mora atualmente no Havaí, com a família.

Nota:

Avaliação: 4 selinhos cabulosos
Avaliação: 4 selinhos cabulosos