Antes de ler o post é necessário avisar o leitor(a):
- Este post contém SPOILERS do livro/filme Divergente;
- Isto não é uma crítica de cinema feita por um crítico de cinema, é mera opinião de um leitor a respeito da adaptação de um livro que ele leu;
- Há um episódio do CabulosoCast dedica ao livro Divergente.
No CabulosoCast 81, comentei sobre a escrita da Veronica Roth (autora do livro). Disse que o seu jeito simples e objetivo seriam os pontos fortes, já que atrairia leitores. O filme, pelo seu caráter visual, precisa enriquecer o cenário no qual a história será contada e este foi um dos pontos que me chamou a atenção na adaptação. É possível ver o mundo que Roth não criou, logo se você não leu o livro esta e outras impressões tenham lhe passado despercebido.
Na verdade, Divergente (filme) foi feito para quem leu a obra. O filme é longo? Sim. 2h30 para quem não leu o livro deve ser massacrante,
mas para os leitores foi apenas um encaixe das cenas mais relevantes do livro. Outro ponto positivo é quanto ao aparecimento desde o começo do filme da Janine (Kate Winslet). No livro ela apenas é citada e por isso, achei que o final e toda a trama que a Erudição elabora é rápida em decorrência das quase 400 páginas de treinamento da Tris.
Há cenas que se diferem do livro? Muitas. Prejudicam o filme? Não.
Já é mister dos leitores que uma adaptação segue a risca o seu nome. A autora tem várias páginas para desenvolver as sensações e pensamentos da Tris, já no filme tudo é feito de modo rápido e por isso mudanças serão quase obrigatórias. As cenas adaptadas, dentre elas a famosa decida da protagonista do alto de um prédio foi muito mais bem aproveitada na tela do que no livro. Enquanto Roth, mostra que sua heroína desce de um lugar alto; no filme vemos, a tal descida era um teste de coragem, não apenas pela altura, mas também pela sensação de perigo que há. Tris passa por dentro de prédios, é obrigada a “pular” um obstáculo no caminho e ainda precisa usar o freio para não se chocar com o muro.
Mais uma vantagem do filme sobre o livro é deixar claro o papel das facções. Eu comprei a ideia, coisa que critiquei muito no CabulosoCast 81, que o treinamento da Audácia seja tão duro. Eles são responsáveis pela defesa. No livro, achei extremamente sem sentido. Para que mortes? Para quem um treinamento que pode matar? Eles são a “tropa de elite” daquele mundo. Dois fatos ainda sobre essa abordagem, há uma parte em que Four diz:
– Não é por que nunca mais tivemos problemas com o que está além das muralhas que não há perigo.
E outro no qual é própria Tris que questiona e a Cristina responde:
– O que há além da muralha?
– Monstros.
Falas simples, contudo funcionais para o universo que fazem quem assiste compreender que existir uma facção responsável pela segurança é necessário, como já falei o livro não conseguiu me convencer disso.
Pontos negativos existem. Aproveitando que estamos falando das cenas, há um momento chave em que o roteiro perdeu uma chance de acompanhar o livro e cometeu um erro bem infantil. No livro, quando Tris recebe a visita da mãe, ela pede que ela se encontre com seu irmão e que fale para ele pesquisar sobre uma fórmula e é o que a Tris faz quando encontra Caleb na Erudição. Este momento é reproduzido no filme, porém a mãe dela nada diz sobre fórmula apesar da Tris visitar o seu irmão pelos mesmos motivos. No final, quando Caleb aparece junto ao pai na Abnegação simplesmente não fez sentido, já que não houve motivo para ele desconfiar. Diferente do livro, pois além de Tris dizer que a sua facção sabe manipular as pessoas lhe inculte a dúvida quanto a fórmula que a Erudição utilizará para controlar os da Audácia.
Outro ponto negativo diz respeito aos diálogos (fui obrigado a assistir a versão dublada). Igual a algumas falas que no livro julguei como erros de tradução, há péssimos diálogos.
A trilha sonora também deixa muito a desejar. Não achei que as músicas escolhidas foram relevantes para as cenas, não sabemos qual é o tema de Divergente.
Nota:
Os motivos já foram descritos acima, contudo gostaria de explaná-los:
- Não funciona como adaptação, pois quem não leu a obra com certeza se sentiu perdido e possivelmente daria nota 2;
- Tem diálogos ruins e mal encaixados;
- Possui uma trilha sonora apagada.
Entretanto traz pontos positivos para os leitores, como:
- Expande visualmente o universo de Divergente;
- Explora detalhes que a Veronica Roth deixa em branco no livro;
- Cria o desejo de ver os demais filmes.
Diverti-me bastante, sai do cinema com a certeza que posso tranquilamente acompanhar os demais livros apenas assistindo as adaptações.