[Devaneios] O Poder da Criatividade

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Oláaaa pessoal, aqui é Danton Brasil, diretamente do período pós-carnaval. Estando cansado e procastinador como se estivesse numa semana comum, e venho me perguntando algo que provavelmente todo mundo já se perguntou: porque o Lanterna Verde não é o super-herói mais poderoso da DC ? Tipo, ele tem um anel, que usa a força da vontade (ou verdade, whatever) e pode criar qualquer coisa. QUALQUER COISA QUE ELE QUISER. NA HORA. NO EXATO MOMENTO. Minha nossa, eu com um anel desses, eu dominaria o planeta salvaria a todos e seria rei da liga da justiça e da tropa dos lanternas verdes. Porém, como se fosse de propósito (e foi, provavelmente) dão esse anel, miraculoso, uma arma gigantesca na mão de pessoas criativas, nas mãos de Hal Jordan (ou até do John Stewart). Novamente: eles poderiam ser poderosos, muito, muito, MUITO mas não são. Não possuem criatividade suficiente (ao meu ver). E eu acho que deveria criar um prêmio com isso, O prêmio “merecia ser um lanterna verde” para pessoas incríveis e criativas. E é obvio, que estarei estreando este prêmio imediatamente, antes que a procastinação me ache aqui na sala.

Quem é do nordeste, principalmente de Pernambuco, sabe ou vivenciou a época de ouro do Manguebeat, liderado pelo mestre, gênio, detentor desse humilde prêmio inventado há 5 minutos chamado Chico Science (e a Nação Zumbi). Caramba… como sua batida é boa. Simplesmente, quem junta o ritmo do maracatu com o rock… MERECE um anel do poder. Não daqueles que corrompem (vide Senhor dos Anéis). O cara, nascido e criado na cidade do recife, criou e cultivou um ritmo novo e único. E como é bom. Não tem ideia de como seja? aqui vai um petisco:

 

Quem já viu não precisa de provas: logo nos primeiros acordes dessa música a platéia vai ao delírio. Dono de frases incríveis como “Uma cerveja antes do almoço é muito bom, pra ficar pensando melhor”, considero Chico Science como um dos gênios musicais brasileiros. Fez turnês pela Europa e Estados Unidos, sempre com a mesma irreverência e batida, espalhando sua simpatia mundo afora. Muitas pessoas (digo isso porque fui no show de Nação Zumbi, no Recife Antigo) tem um certo preconceito hoje em dia sobre essa banda e o público dela. Como isso me deixa triste, e como essas pessoas esquecem o que essa banda faz e o que ela espalha/transmite com suas musicas. Letras como “Do Caos a Lama”  e “A Cidade”, aqui um trecho dessa última:

O sol nasce e ilumina as pedras evoluídas
Que cresceram com a força de pedreiros suicidas
Cavaleiros circulam vigiando as pessoas
Não importa se são ruins, nem importa se são boas
E a cidade se apresenta centro das ambições
Para mendigos ou ricos e outras armações
Coletivos, automóveis, motos e metrôs
Trabalhadores, patrões, policiais, camelôs

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce

A cidade se encontra prostituída
Por aqueles que a usaram em busca de saída
Ilusora de pessoas de outros lugares
A cidade e sua fama vai além dos mares
No meio da esperteza internacional
A cidade até que não está tão mal
E a situação sempre mais ou menos
Sempre uns com mais e outros com menos

A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce
A cidade não pára, a cidade só cresce
O de cima sobe e o de baixo desce “

Impossível alguém descrever melhor uma cidade, ainda mais Recife. Gosto também de Rios, Pontes e Overdrives, em um trecho onde ele cita todos (ou quase todos) os bairros daqui (Ele cita o meu bairro \o/ ORGULHO). Infelizmente, Chico morreu cedo. Cedo demais. Cedo demais para essa geração e para a próxima (nesse caso a minha) que cresceu ouvindo falar dele, que cresceu sob sua lenda. A lenda de que alguém daqui, que ia aos mesmos lugares que a gente, que trabalhava no centro, morava perto do Rio Capibaribe, criado em Rio Doce, pegava os mesmos busões que a gente. Cresceu. Se levantou, ergueu as mãos e alcançou as estrelas. Que alguém daqui, ganhou o mundo. E que ganhou o mundo fazendo o que gosta, o que tinha dom para fazer. É isso que eu sinto quando vejo sua lenda, seu legado. Eu faço parte do legado dele, do que ele deixou para nós. Ele falava da pobreza, do que as pessoas passavam, do que realmente acontecia. E isso NÃO PODE ser deixado para trás. Não pode ser esquecido. Presto minha pequena homenagem. E convenhamos: duvido que você esperava ler isso ao entrar aqui nesta postagem  ,correto? MUHAHAHAHAHA é assim mesmo. Em breve, mais coisas legais. Ou não.

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