Segundo Thomas
Magia e animais falantes não tornam a história pueril assim como sangue e sexo não a tornam madura. Tentei transformar essa saga originalmente pueril em madura.
Sempre que ficava preocupado sua cicatriz doía. Cicatriz essa ganha no campo de batalha ao confrontar seu arqui-inimigo, o homem que juntou um exercito para cercar o seu castelo. O cerco já durava mais de dois meses, e isso era preocupante, pois os recursos do castelo de Hogwarts não durariam para sempre.
O general Potter massageou sua cicatriz em uma tentativa pífia de fazer com que a dor esmaecesse. Ele podia massageá-la o quanto quisesse, aquela dor não era física, não podia ser resolvida com meios físicos. A cicatriz do Homem Que Sobreviveu tinha um formato de um raio. Um raio que ia do topo direito da testa, passava pelo nariz e ia parar no final do queixo, quase descendo pelo pescoço. Sua barba perfazer escondia o finalzinho de sua cicatriz. Seu rosto era quadrado, principalmente seu queixo. Sua expressão dura.
A miopia severa fazia com que ele precisasse usar óculos, porém ele não se permitia utilizá-lo na frente dos demais. O general Potter não demonstrava o menor sinal de fraqueza. Ele não tinha amigos, só aliados. Aliados esses que não pensariam duas vezes em lhe passar a perna se isso os favorecesse ou se pudessem.
Do alto da torre, o general Potter contemplava a barreira mística que protegia o castelo, impedindo as tropas inimigas de invadirem. No início do cerco a barreira era vigorosa, mas a cada dia ela ia enfraquecendo. A energia necessária para mantê-la era dispendiosa e a magia do castelo não era infinita.
Rony Wesley, um dos seus aliados, subiu correndo o lance de escadas para ter com o seu líder uma conversa. – Harry. – Rony pôs a mão na boca se auto repreendendo.
– Do que me chamou?
– General Potter, temos um problema. A magia das varinhas está acabando e o estoque novo não é de boa qualidade. – Rony falava de cabeça baixa, ele não tinha o direito de falar com o seu líder de igual para igual.
– Me mostre. – Rony guiou o seu líder até as reentrâncias do castelo. Durante o percurso os dois soldados viram os bruxos e bruxas que partilhavam o cerco em situações precárias. Faltava comida, faltava medicamento para os feridos, faltava condições básicas de higiene. Mesmo em condições tão penosas, os bruxos podiam se considerar sortudos. Aflição verdadeira quem passava eram os trouxas, os humanos sem magia. Essas pessoas, pobre coitadas, viviam na base da pirâmide social. Não eram escravas, mas era quase como se fossem.
Filch, o zelador do castelo, era um rapaz jovem, vinte e poucos anos, mas cujo o trabalho lamurioso o fez envelhecer rápido. Trabalho esse que era agravado pela situação de sua esposa. Sua mulher andava sempre com ele, carregada em seu colo. Ela nascera humana, mas uma maldição a converteu em gato. Maldições não são eternas, magia custa energia e como qualquer energia um dia acaba. Há dois anos ela se encontrava assim. Filch rezava aos deuses para que o dia de seu regresso à humanidade chegasse logo.
No décimo andar do castelo ficava a armaria. Vários caixotes recheados com a mais perigosa das armas, varinhas. O general Potter abriu um desses caixotes e pegou uma varinha a vulso, queria testar sua qualidade. – Crucio! – A varinha apontada para Rony o fez despencar no chão e contorcer-se em dor, mas aquela dor não foi o suficiente.
– Essas varinhas são uma porcaria! De que material são feitas?
– Pelo de unicórnio.
O general Potter partiu a varinha ao meio e checou seu interior com a língua. O gosto denunciou o engano. – Sua besta! Esse pelo não é de unicórnio. – Rony ainda estava deitado no chão quando foi golpeado com dois chutes nas costas. – Quanto você gastou dos nossos recursos comprando essas falsificações?
Rony conseguiria se levantar, mas não ousava. Seu rosto já se molhava só dele imaginar o tipo de represália que sofreria por dar aquela resposta, mas deu assim mesmo. Não ousaria mentir. – Quinhentos mil gringótes.
– Sua besta! – Mais um chute. – Pode esquecer a suspensão da maldição que pus na sua irmã. – A jovem Gina recusou o galanteio do general. Algo que ele julgava como sendo o pior dos crimes em sua administração. A maldição jogada nela por ele a impedia de sair de casa. Não havia nada físico ou místico que a impedia de sair, o impedimento era moral e partia de dentro dela. – Sua safada! – Foram as palavras que o general Potter disse ao jogar sua maldição. A maldição posta em Gina a impedia de usar o mais leve dos tecidos. O toque de qualquer vestimenta, por mais confortável que fosse, causava-lhe dor.
O general Potter saiu da armaria deixando o seu aliado ainda no chão. Só quando Rony percebeu que o seu líder não podia mais ouvi-lo foi que tomou coragem para se levantar e expor sua raiva. – Tarado nojento!
Sempre visto com uma roupa militar preta, seu peito era estampado por um leão. O leão no seu uniforme já significou coragem, mas agora só representava opressão. Na perna, em um coldre, o general Potter portava sua varinha. Aquela arma servia mais de ostentação, ele quase nunca a usava. Afinal, quem vai para guerra é peão. Ele só dava as ordens.
Em seus aposentos, o general se despiu. Quando estava em seu quarto quase nunca usava roupa. A nudez por si só não é pecado, mas sim o que ele fez com ela. Algo que superava em muito o significado da palavra impuro.
Como bichos de estimação, quatro mulheres eram mantidas cativas em uma cela. Uma chinesa, duas irmãs indianas e uma loura. Assim como bichos também eram mantidas despidas. Mulheres brilhantes que poderiam fazer muito mais ao mundo do que o papel de objeto de decoração.
Assim que o general abriu a cela onde as mulheres eram aprisionadas, elas se recolheram, fugindo de sua maldade. O general apanhou uma ao acaso. Hermione, a mais inteligente de todas. Sua mente brilhante era subaproveitada, para dizer o mínimo. Ali ela era só carne.
O general sentou na cama e forçou Hermione a ficar de joelhos.
Todas as pessoas que estavam sob a bota do seu comando achavam aquele comportamento imoral. Mas o general tinha poder demais. Poder suficiente para fazer que ninguém o enfrentasse.
Ninguém, não. Sempre há ao menos um que combate a tirania.
Ele adquiriu a mania de apalpar o próprio nariz desde que ouvira boatos maliciosos sobre sua aparência. Boatos absurdos, mas tão repetidos que as vezes até mesmo ele, que era dono do seu nariz, acreditava. Da descrição monstruosa e fantasiosa feita à sua pessoa a única coisa verdadeira era o fato dele ser careca. Fora isso, ele era um garoto de dezoito anos comum.
– Senhor Riddle, nós encontramos uma brecha na barreira. Há um túnel subterrâneo no castelo por onde as tropas do general Potter adquirem suprimentos.
– Draco, estamos sozinhos, não precisa ser formal. E ele não é nenhum general, é um sangue ruim. Se refira a ele pelo seu devido nome.
– Sim, senhor… Sim, Thomas.
O uniforme de Thomas também era preto, não importa qual lado se esteja, em uma guerra ninguém tem o luxo de se mostrar fraco. No seu peito havia a estampa de uma cobra em posição de ataque.
O exercito de Thomas era muito mais numeroso do que o do suposto general, mas tal vantagem cobrou um preço.
Dumbledore, alguém tão ou mais cruel do que o general Potter. Apesar de não ter gostado de fazê-lo, Thomas se viu obrigado a se aliar a ele. Quando se tem um objetivo as vezes é necessário se aliar a pessoas cuja a qual não gostaríamos.
– Oi, amigo. – Disse o velho de barba comprida e sorriso tortuoso.
– Não, isso nunca. Só estamos do mesmo lado por ora.
– Claro.
Dumbledore era acompanhado por seu capacho, Hagrid. No corpo, metade gigante e metade humano. Já a sua crueldade superava à de um gigante e a de um humano multiplicadas. Ele estava armado com uma varinha, mas quase não usava. Quem precisaria de varinha com mãos tão poderosas como aquela e um corpo resistente a maioria dos feitiços?
– Os trouxas irão no pelotão da frente, certo?
Outra concessão que Thomas teve que aceitar para ter uma chance de ganhar a guerra. Após engolir sua moral, Thomas respondeu positivamente com a cabeça. O movimento foi rápido e não pôde ser acompanhado pela fala. Thomas achava aquela ideia tão perversa que não conseguia fazer com que ela saísse de sua boca.
Dumbledore percebeu o conflito no aliado e se deliciou.
Afastados das barracas do destacamento, na floresta, Thomas teve uma reunião secreta com seu agente infiltrado. Assim que ele chegou, Thomas retirou a varinha do seu coldre e a entregou a Severo.
– Quando as tropas invadirem o castelo eu quero que você mate Dumbledore. Não podemos correr o risco de substituir um tirano por outro.
Severo pegou a varinha do seu líder meio relutante. – O senhor não irá precisar?
– Não seja bobo, soldado. Eu sou general, não entro em campo de batalha. Não preciso dela.
Severo pegou a varinha do seu líder e a colocou por debaixo de sua camisa. Antes de ir embora, porém, ele não conseguiu se conter. Severo pegou o ombro do seu general e apertou com força. Aquele gesto era inapropriado, já que um inferior hierárquico não pode demonstrar igualdade em relação a seu superior.
Thomas conteve um sorriso, ele não foi para guerra fazer amigos. – Soldado, nem pense em fazer isso na frente dos outros. – Severo pareceu ignorar o pedido do seu general e lhe deu um forte abraço. – Claro. Não sou tão burro quanto pareço, general.
Thomas não foi para guerra fazer amigos, mas fez.
Os dois desataram a rir ao se darem conta de que naquele lugar isolado não havia necessidade de máscaras.
– General, Crab teve uma ideia de marketing que o senhor deveria ouvir.
– Diga logo, soldado.
– Thomas é um nome muito comum, você deveria trocá-lo por um mais…- Desistindo da ideia de inventar um adjetivo, Severo tratou logo de dizer o nome. – Voldemort, o Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado.
Thomas riu mais forte ainda. – Meio bobo esse nome, não?
– Quanto mais bobo e infantil melhor. Segundo Crab as pessoas viram crianças quando estão amedrontadas.
– Genial esse garoto Crab. Vou pensar no caso, prometo.
A batalha começaria dentre algumas horas. O tempo necessário para organizar os pelotões e a infantaria. Tempo suficiente para Thomas visitar suas esposas, já que talvez não pudesse mais vê-las. Generais não entram no campo de batalha, mas isso não significa que não se arriscam na guerra.
Thomas entrou na barraca de Narcisa. Sua esposa, quando o viu entrar, ficou tão avida de saudade que foi logo tentando retirar seu uniforme. Ele impediu, não estava no clima. Thomas sentou na cama e Narcisa sentou ao seu lado.
– O que foi? – Thomas não conseguiu responder. Simplesmente desatou a chorar. – Sou um monstro.
Discretamente, Bellatrix pôs a cabeça dentro da barraca, temendo ser inapropriada. Narcisa fez um gesto para que ela entrasse. Assegurando-a de que estava tudo bem e de que ninguém estava tendo sua intimidade invadida.
Bellatrix sentou na cama, também ao lado de Thomas. As duas esposas e Thomas no meio. – O que foi? – Perguntou Bellatrix. Narcisa sinalizou negativamente para que ela não insistisse na questão. Isso seria inapropriado no momento.
– Tudo bem, a guerra é assim mesmo. – Disse Bellatrix, dando um cafuné na careca de seu marido.
Guerra. Talvez não houvesse volta. O que tivesse que ser feito teria que sê-lo agora ou nunca mais.
Com vontade, Thomas puxou Narcisa para perto dele e tascou-lhe um beijo poderoso. O susto fez com que ela recuasse um pouco, mas após se acostumar respondeu ao gesto. Enquanto isso, Bellatrix tirava a camisa de Thomas. Não havia tempo, era amar agora ou nunca mais. As roupas foram sendo retiradas enquanto os gestos iam ficando cada vez mais quentes. Amaram como se não houvesse amanhã, pois muito provavelmente não haveria.
Após o ato, Thomas saiu da cama deixando suas duas esposas adormecidas devido à exaustão. Antes de ir embora, ele beijou a testa de cada uma delas.
Após vestido, Thomas saiu da barraca. Mas antes, não se conteve e olhou para trás. Repousando seus olhos nelas. As duas estavam nuas, mas não eram seus corpos que o atraiam.
– Tchau. – Com pesar no peito, Thomas foi embora. Ele temia estar fazendo algo errado já que a sociedade da magia não era poligâmica.
Continua…