[Conto] Lendas do Dragão do Céu: A Queda da Ampulheta – Parte 5

0

Capítulo 5: Escravidão

12062012correnteFotoMarcosSantos011por Gabriel Mendes

Gustaff sentiu certa melancolia ao chegar à praça. Lá havia um palanque com uma mesa alta para os papéis. Uma multidão de homens que aparentavam ser ricos e alguns nem tanto esperava pacientemente pelos escravos que seriam leiloados. Farid subiu no palanque acompanhado do grupo e alguns guardas e iniciou o leilão.

– Muito bem, irmãos. – Ele falava com sua voz de discurso – Estamos aqui hoje para dar destino a esses escravos. – Ele apontou para o grupo – Infelizmente são os únicos que temos hoje e o próximo leilão está marcado para daqui a seis meses. Enfim… – Ele organizou os documentos – Comecemos por ela.

Um guarda soltou Lily da corda guia do grupo e coloco-a em diversas posições para que ela fosse bem vista pelos compradores, mulheres geralmente ficavam com funções domésticas ou viravam concubinas.

– O preço mínimo dela é de cinco moedas de ouro. – Anunciou Farid enquanto Lily era apresentada. Foram mostrados os braços e pernas, o quadril, os seios (não foram expostos), o rosto e os cabelos – Recomendada para a função de concubina.

Lily se sentia enojada pelos olhares de todos aqueles homens e a lembrança do que Wanda disse em Haggem só piorava a sensação. Sentia raiva do guarda que a girava e sentia-se bolinada (mesmo sendo vítima de olhares, apenas; e mesmo estando vestida).

– Eu pago! – Gritou um velho da plateia.

– Eu aumento para sete! – Gritou um jovem da plateia.

– Eu dou dez! – Gritou um terceiro. E os números foram aumentando exponencialmente até que o primeiro a oferecer um lance (que se calara depois disso) cobriu a oferta de 90 moedas de ouro.

– Cem moedas de ouro pela jovem! – Gritou ele. O silêncio o seguiu e Farid perguntou:

– Alguém cobre? – Nada – Dou-lhes uma! – Silêncio – Dou-lhes duas… – Sem reação – Vendida!

O velho subiu no palanque, ajeitou a papelada e Lily foi levada até o outro lado do palanque por um guarda que tinha ordens de entregá-la ao dono no final do leilão. Paga a quantia, Farid guardou o dinheiro em um saco e continuou.

– Agora este jovem franzino com roupas estranhas. – Disse Farid, apontando para Gustaff – O guarda responsável por ele fez mais ou menos a mesma coisa que o outro fez com Lily, mas ao invés de mostrar as partes sexuais mostrou o tronco e expôs as costas (houve um principio de risos quando os robes subiram, revelando a roupa de baixo).

Os homens escravizados geralmente eram usados para trabalhos braçais ou manuais e alguns eram destinados à Arena, onde os melhores guerreiros entre os escravos e homens livres (esses últimos eram voluntários) combatiam por suas vidas para ganhar dinheiro (ou dar dinheiro a seus donos).

– Preço mínimo de três moedas de ouro. – Anunciou Farid – Recomendado para trabalhos manuais.

– Eu pago! – Gritou um homem que parecia ser mais rico do que a maioria.

Uma pequena quantidade de lances seguiu, aumentando o preço para quinze moedas de ouro. E então um homem que parecia dos menos ricos arrebatou-o por quinze moedas de ouro e cinco de prata.

– O próximo é o homem de pele escura e cabelo curto. – Anunciou Farid, apontando para Jed – Preço mínimo: seis moedas de ouro. Recomendado para combate e proteção pessoal.

Jed foi levado por seu guarda para ser mostrado à plateia da mesma forma que Gustaff. Uma grande batalha para arrebatá-lo começou, mas o mesmo homem que comprou Gustaff comprou Jed por trinta moedas de ouro.

– E por último o gigante. – Apontou para Guilherme, não mostrando a alegria de vendê-lo – Preço mínimo de vinte moedas de ouro. Recomendado para trabalhos braçais pesados e construção. Observação: é instável e violento.

– Eu compro! – Gritou o homem que tentou comprar Gustaff primeiro.

– Mais alguém o deseja? – Perguntou Farid – Dou-lhe uma! – Silêncio – Dou-lhe duas! – Nada – Vendido!

Guilherme foi destinado ao mesmo local dos outros enquanto o homem organizava a papelada com Farid. O capitão da guarda terminou de negociar e pôs-se a encerrar o evento.

– Obrigado a todos por comparecer hoje. Foi muito bom fazer negócio com vocês e eu verei vocês…

– Capitão! – Gritou um guarda, interrompendo Farid – A outra mulher está pronta!

Farid olhou para a direção dos gritos. Wanda vinha algemada em uma carroça enquanto um guarda impelia um pônei para frente para que ele fosse o mais rápido possível. Farid percebeu o que estava acontecendo e mudou o discurso.

– Parece que temos uma boa notícia! – Anunciou ele – Uma escrava que seria vendida hoje, mas não veio por ter sido ferida se recuperou mais rápido do que o esperado.

O guarda que trazia Wanda subiu com ela no palanque e começou a mostrá-la da mesma forma que Lily foi mostrada enquanto Farid descrevia o perfil dela.

– Esta jovem teve os olhos arrancados hoje mais cedo, mas parece estar recuperada. O preço mínimo por ela é de uma moeda de ouro e é recomendada para a função de concubina. Observação: ela sabe tocar e cantar.

Os lances começaram a subir o valor dela levemente, mas ela interrompeu os gritos.

– Eu não toco qualquer instrumento, apenas meu violão. Eu o quero de volta.

Os lances pararam de subir e Farid mandou um assistente usar a carroça para buscar o violão na sala onde Farid mandava guardar armas e outros itens apreendidos pelos seus homens. Após isso o preço de Wanda atingiu dez moedas de ouro e o mesmo velho que comprou Lily levou Wanda junto. O violão chegou no tempo em que a papelada ficou pronta. E assim o grupo se separou indo Wanda e Lily para um harém, Gustaff e Jed para uma casa pequena com outros escravos e Guilherme para uma casa mais arrumada, onde vários homens grandes descansavam.