Existem muitas dúvidas quanto ao uso de determinadas expressões ou palavras em língua portuguesa, mas nenhuma delas confunde tanto a cabeça dos leitores e escritores como ONDE ou AONDE. Primeiro vamos a explicação gramatical, em seguida alguns esclarecimentos necessário e um mea-culpa pouco apresentado por professor de norma culta.
Segundo a gramática é tudo muito simples:
Onde – é advérbio de lugar isto quer dizer que indica localização de algo, o objeto já está lá.
Exemplo:
Onde está o caderno?
Neste caso “onde” é o advérbio que indica a localização do caderno. O objeto está em algum lugar, neste caso, obviamente parado, já que cadernos não criaram pernas e começaram a caminhar por ai, certo?
Aonde – é soma de uma preposição “a” + o advérbio “onde”. O que mudou com o acréscimo da preposição é que agora a expressão deixa de indicar a localização de um objeto, para transmitir a ideia de movimento. Neste caso, o objeto não está mais fixo, ele se movimenta (não, não é o momento de você começar a pensar sobre cadernos que criam pernas e começam a andar).
Exemplo:
Aonde você vai?
Alguns gramáticos dão como dica substituir o termo “aonde” pela expressão “para onde”. No caso da nossa frase ficaria assim:
Para onde você vai?
Quando a equivalência de sentidos ocorrer, não tenha dúvida “aonde” neles.
Retomando o raciocínio, na frase acima “aonde” inspira movimento, o ser em questão irá/está se locomovendo diferente do primeiro caso, onde o objeto está fixo e não se sabe sua localização.
Até aqui tudo bem?
Se a resposta for sim, então este continue…
É consenso entre os próprios gramáticos que o uso de Onde e Aonde é desrespeitado constantemente por expoentes da escrita. Veja o que o próprio Dicionário Aurélio diz:
Logicamente não seria lícito confundir aonde, ‘a que lugar’, com onde, ‘em que lugar’; e pela distinção entre um e outro se bateram, e ainda hoje se batem, muitos gramáticos e estudiosos. O uso dos melhores autores, porém, desde um Azurara, da fase arcaica da língua, até um José Régio ou um Miguel Torga, dos nossos dias, não distingue onde de aonde. Clássico dos mais reputados, Rebelo da Silva usa aonde por onde cerca de 40 vezes nos seus Contos e Lendas; uma delas (só para exemplificar), na pág. 20: “o cemitério aonde dormem os que nos amaram.” Por vezes ocorre o emprego simultâneo de um e outro advérbio com a mesma significação:“Nise? Nise? onde estás? aonde? aonde?” (Cláudio Manuel da Costa, Obras Poéticas, I, p. 109); “Mas aonde te vais agora, / Onde vais, esposo meu?” (Machado de Assis, Poesias Completas, p. 207). Note-se, na abonação machadiana, que a métrica não se oporia à repetição do aonde. Cf. onde.
Qual a conclusão: se grandes escritores conhecidos como os mestres da língua podem burlar as regras da norma culta, por que você simples mortal não poderia? Vamos chutar o pau-da-barraca?
Primeiro, parcimônia. Se você acabou de aprender a diferenciar o uso do Onde do Aonde, por que não se valer desse conhecimento e mostrar em seus o que aprendeu? Não use o erro dos outros como desculpa para não aprender.
Uma última consideração para os aspirantes ou já escritores que leem este texto:
Na Bienal-PE deste ano, assisti a uma palestra com Raimundo Carreiro, grande escritor pernambucano consagrado em todo o país. Quando questionado sobre o erro durante a produção de seus romances ele rebateu:
“O importante é escrever. Ortografia só na hora da revisão, antes de tudo é necessário colocar as ideias no papel”.
Fica a dica.

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