[Conto] Lendas do Dragão do Céu – Fragmento da Guerra em Mordhoth (1310 da Terceira Era)

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por Gabriel Mendes

Ainda não conhece o início do Lendas do dragão do céu? Então clique nos capítulos da saga de A sombra do Ranger:

(sugiro que o leitor ouça a música “Survival” – do rapper Eminem – em loop enquanto lê este texto)

Ley respirou fundo, abriu a porta e saiu da oficina. O que viu assustaria qualquer homem comum. Um exército de quase dois mil homens cercava a casa onde estivera escondido com seus companheiros, o cheiro de suor era estonteante e a vontade de ver sangue era incontrolável. Após duas semanas de cerco, a Resistência decidiu enviar seu recado ao Ditador. Corrigindo, Ley decidiu que era hora de agir. Nas últimas semanas a Resistência começou a perder os territórios que tinha libertado, logo após à traição de Yellowgrass. Encurralada contra o Rio, não havia para onde correr senão para a casa de Darkdragon ou a Oficina de Horäkh. Ley convencera seus companheiros a fugir para a Oficina, pois essa seria mais fácil de defender do que a mansão do líder da Resistência. E foi.

Durante duas semanas escondidos no porão, alternando em turnos para proteger a oficina, os rebeldes haviam sobrevivido. O contato com a milícia, as tropas do Ditador, era feito através de Ley, que saia da Oficina com magia e retornava a ela da mesma forma. Seus feitiços protegeram aquele abrigo durante todo o tempo, mas poderiam ser facilmente desfeitos por Gustaff, o mago.

Esse jovem chegara meses antes para ajudar a milícia a sufocar a revolta e se tornara o maior inimigo de Ley desde então, pois era o único que poderia derrotar a Sombra de Mordhoth. Mas, por ordens do Ditador, Gustaff permaneceu no castelo. O chefe da milícia e governante de Mordhoth queria ver a Darkdragon sofrer, pedir rendição e implorar por misericórdia no momento de sua morte; misericórdia essa que não lhe seria concedida.

E foi nesse período de duas semanas que Ley ficou “na seca”, sem matar. Sendo um Necro, ser das Trevas que tem necessidade de matar constantemente, esse período de abstenção o deixou com crise de abstinência. Era a hora de liberar sua raiva, soltar seu Rage e mostrar a Darkdragon e ao Ditador o que ele podia fazer.

Fechou a porta atrás de si e encarou os soldados à frente da oficina, a quinze metros dele. Os soldados se assustaram por um momento, pois não haviam percebido ninguém sair da oficina até ouvirem o barulho da porta batendo. Eles acionaram o alarme e se equiparam rapidamente. O grande acampamento, que entrava um pouco na floresta e cercava a casa – com o intuito de impedir que os rebeldes escapassem pela mesma –, tinha o grosso de seu contingente no campo aberto e plano que separava a oficina do Rio e da cidade. O campo tinha 5 Km de extensão e 300 m de largura, um bom lugar para uma batalha. Era nisso que Ley pensava enquanto andava para frente, lentamente, em direção aos inimigos. Uma pequena falange parou seu avanço. O líder daquele grupo de soldados retornou à sua barraca com um superior.

– Que recado tem para nós, Sombra de Mordhoth? – Perguntou o oficial, um capitão.

Ley mastigou a frase em seus pensamentos. “Sombra de Mordhoth”. Um nome temido desde a Segunda Era e que até hoje tornava Ley uma espécie de “entidade viva”, palpável.

– A Resistência decidiu… – Ele se interrompeu e deixou a frase no ar.

– Vocês se rendem? – Perguntou o capitão.

– Eu decidi…

– E o que decidiu? – Aquela conversa estava assustando o capitão e seus homens.

“Assim que eu gosto” – pensou Ley – “Me deem mais medo”

– Eu decidi… – Ley fez uma pausa curta – … que é hora de vocês todos irem para a vala.

Dito isto, Ley sacou sua espada. Col Rhyper clamou por sangue. A devoradora de almas instigava Ley a matar. A abstinência e a espada quebraram a resistência de Ley. Ele iria atacar, iria matar, iria tingir o Rio Negro com o sangue daquele exército.

A milícia montou sua formação. A maioria dos soldados portava lanças, escudos e armaduras leves. Alguns usavam outras armas, outros não usavam escudos e uns poucos usavam outros tipos de armadura. A grande falange à frente de Ley urrava. Durante vários minutos ele se controlou até que exército se organizasse. Aquela seria uma batalha épica, digna de músicas e lendas. Digna de imortalizar seu nome na história mais uma vez.

Ley saltou na formação à sua frente, um salto que deixou seus pés acima da altura de dois homens. No alto, Ley usou sua espada para lançar magias à sua frente. Fogo Negro voou na direção dos milicianos, matando e consumindo vários. Ley aterrissou numa clareira que foi aberta por sua magia e pôs-se a golpear tudo à sua volta.

É impossível descrever com detalhes como Ley massacrou aqueles homens, mas é possível dar ao leitor alguns vislumbres do ocorrido.

Após o salto, Ley estava cercado por todos os lados. Os soldados da milícia, no medo que os envolvia, tentavam golpeá-lo com suas lanças à distância de um metro. Mas Ley era rápido demais para aqueles meros mortais. Sua espada de mithril cortava membros, órgãos e cabeças com facilidade, parecendo ignorar as armaduras dos soldados. E o portador dessa espada se movia tão rápido que era como se o mundo à sua volta se movesse em super câmera-lenta. O combate continuou por mais uma hora.

Ao final dessa uma hora, Ley mandou uma mensagem psicológica para Wanda, que se escondia no porão da oficina junto com os outros. “Preparem as armas e vocês mesmos. Ao escutar o rugido, saiam e lutem ao meu lado”. Ley abriu um raio de dez metros à sua volta para ter um pouco de espaço. Por Morghoth, como era bom lutar. Como era bom matar todos aqueles homens e nem ao menos se cansar. Melhor ainda seria se fossem elfos. Aproveitou o espaço que tinha e cravou a espada no chão, era hora de fazer algumas magias.

Ajoelhado ao lado da arma, que se enterrara no chão até a metade da lâmina, Ley começou a cantar uma música nórdica. A Música dos Dragões, como era conhecida, era uma música que era cantada através de magia, feita para que os mestres de dragão pudessem convocar seus animais, montarias ou parceiros (dragões) com facilidade. O dragão que ouviu a música, Drarko, acordou de uma longa hibernação. Sacudiu suas asas e corpo, entorpecidos pelo tempo parado. Atendeu ao chamado de seu amigo, Ley, que estava a quase 250 Km ao Sul; quase nada para um dragão.

O Drarkgon (raça de dragões pequenos, porém poderosos, de Angband) levantou voo em direção à saída da montanha onde estava. Saiu pelo grande buraco no cume da montanha e voou rumo a Mordhoth com velocidade. Chegou à cidade em vinte minutos, tempo no qual Ley ainda fez outras duas magias.

A primeira dessas foi ressuscitar os mortos naquele campo. Os cinquenta soldados que estavam próximos a ele no momento levantaram-se com espasmos e pedaços do corpo faltando. Cabeça, braços, coração… Nenhum órgão importava mais, apenas seguir as ordens de seu mestre.

A segunda foi conjurar uma onda de fogo que incendiou soldados no raio de 100 m. Isso deixou Ley exaurido durante alguns segundos, nada que algumas arfadas não pudessem resolver.

Um rugido foi ouvido nos céus da cidade, uma sombra negra veio em um rasante mortal. Rápido como um raio, o dragão incendiou uma fileira de soldados milicianos. Os membros da Resistência saíram da oficina armados com suas armas de fogo.

A chacina começada por Ley terminou com alguns tiros dos soldados da Resistência. Dois mil homens da milícia foram mortos ao longo de duas horas. Agora era hora de atacar o castelo e acabar com a Guerra Mordhoth.