[Conto] Contículo de Natal

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Por Andrey Lehnemann

Sentada no colo do bom velinho, Bia travava uma grande discussão, enquanto outras pessoas ficavam impacientes na fila.

– Minha mãe disse que você pode fazer qualquer coisa. Eu fui uma boa criança esse ano. Exijo isso!

– Sim, querida. Mas não posso ajudá-la, infelizmente. Algo como uma bola, uma boneca, uma casinha, talvez uma roupa nova.

– Não. Eu quero ver meu tio mais uma vez nesse natal. A minha tia não diz para qual lugar especial que ele foi. Quero que você me ajude.

– Verei o que posso fazer – finalizou.

Respondendo aos resmungos de desaprovação dos outros pais que esperavam na fila, o bom velinho pediu licença por alguns minutos, pois precisava falar com uma das mães. A mãe de Bia foi até ele. A jovem raciocinou que deveria ser para indagar se ela havia mentido sobre o fato de ter sido boa naquele ano. “Mas ele deveria saber de tudo”, refletiu ela.

***

No dia 25 de dezembro, Bia foi pulando os degraus da escada para ver se seu tio a esperava com um copo de leite e biscoitos, como todos os outros anos. Foi com tristeza que percebeu que havia sido enganada. O tio não voltaria do lugar onde estava. A mãe chegou logo depois dela e disse que havia um presente com seu nome que ela não sabia quem enviara. O remetente dizia que era do Polo Norte. “Talvez um pedido de desculpas, mas é grande demais para ser uma carta”. Bia abriu o pacote sem cerimônia, mas desmotivada. Uma lágrima caiu do seu rosto, assim que viu um copo de leite e biscoitos ao lado de um velho álbum de fotografias com fotos suas com seu tio. Havia também um lenço. O mesmo que seu tio sempre usava nessas comemorações: vermelho vibrante. Vasculhando as suas lembranças, ela viu o rosto do tio por alguns segundos e abraçou a mãe, antes de dizer:

– Ele pode fazer qualquer coisa.