Por Guilherme Venâncio Magalhães
NA HORA DO NASCER do sol em que as cores criam vida, com as nuvens atingidas pelos raios laranja avermelhados. E o céu se ilumina, se aquecendo e dando boas vindas a todos que saem de suas casas, para o trabalho ou ao caminho de mais um dia de aula. Naquela hora é que ele gostava de caminhar invisível a todos, com passos cadenciados e olhar distraído.
Parecia distraído, mas nada passava cem que notasse. Nesses momentos do dia ele relembrava o começo de sua longa vida e via os erros que cometeu e as vitórias que conquistou.
Fora um deus todo poderoso, tivera muitos filhos e muitos seguidores. Mas agora na hera de um só deus e sem mais nenhum seguidor, só lhe restava viver enfraquecido pela eternidade a fora. Mas não reclamava disso, percebia agora que todos têm o seu tempo até mesmo os deuses.
Como sentia falta de seus filhos favoritos, os grandes heróis que a tudo faziam para ter um único olhar do pai. Muito do mal que perseguia os homens foi derrotado desta forma, é claro com uma ajudinha dele, mas de um jeito que não desfavorecesse o heroísmo dos garotos.
Ah… Em sua época de juventude em que tinha a mulher que quisesse, sendo deusa ou mortal, tinha certa fraqueza pelas mortais. Os tempos que lutou com as forças da natureza para poder governar sobre todos. O instante em que criou o primeiro homem e, mais importante ainda a primeira mulher, nela colocou muitas qualidades. Os momentos em que teve que tomar grandes decisões, já se perdem pelo tempo.
Ainda se perguntava se a vida eterna era um privilégio ou uma maldição, e ria internamente pela ironia de tudo aquilo.
E agora apenas caminhava por ali, naquela rua de paralelepípedos e nada mais!