A vingança de Ana

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faca-costas-destaqueAna anda pelo corredor, silenciosamente atrás dele, sem ser notada, entre o cos da calça ela sente o metal da faca, gelado.

Ela não quer voltar atrás sente um calor uma chama e sabe o que fazer pra se sentir livre, limpa, com a calça jeans preta, a blusa larga do colégio, o cabelo solto na altura do ombro ela passa desapercebida, com a cabeça baixa segue andando sabendo exatamente onde ele vai e como isso tudo vai terminar, pelo longo corredor cheio de gente, conversa alta, brincadeiras, gritarias, varias portas, ela segue, pensando sem parar em porque chegou a esse ponto, e porque não voltara atrás…

Era sexta, e a última aula era de educação física, aula que ela particularmente detestava, não era boa com nenhum exporte, pra falar a verdade era bem desengonçada, preferia ficar sentada em um canto enquanto escutava, poucas músicas de que gostava, mais o professor com todo poder que ele achava ter sempre fazia todos irem com shorts extremamente ridículos de um azul berrante e de tênis de corrida para a quadra , e Ana ia sem poder falar nada, ficava ali parada, tentando interagir, rebater a bola, mexer os braços, mais era de fato estranhos movimentos para ela. E assim era toda aula, saia suada do calor de quase meio dia, e esse era especialmente um dia quente fazia mais de 30 graus e a água no bebedouro estava quente, sem condições para beber, bem pelo menos a aula tinha acabado e todos iriam poder ir embora, como todos os outros dias ela ia para o vestiário se trocar, tomar banho.

Como sempre ela esperou que ficasse mais vazio, ela tinha vergonha, preferia que não tivesse tanta gente assim, não era de falar com muita gente na turma e nesse dia estava sozinha sua única amiga Tatiana não tinha ido, faltou sem avisar e Aana ficava ali sozinha. Já era 12 hrs quando entrou no chuveiro, deixou que a água caísse por seus ombros e se sentindo melhor por não estar com tanto calor, ficou ali , não soube ao certo quanto tempo, só ficou, sem pensar nos problemas. Quando ouviu um som vindo de dentro do vestiário, não soube identificar, não por enquanto.

Ela se apressou pra sair , se enrolou na toalha e saiu do box onde tomava o branho pra trocar sua roupa, a essa altura o colégio deveria estar praticamente vazio, ela já estivera no colégio naquele horário antes, o vestiário ficava no subsolo era escuro mais sempre com bastante lâmpadas que eram acessas nas 4 da tarde, mais não era o caso, o prédio tinha cerca de 4 andares, todos com muitas salas, e começava a esvaziar normalmente as 12 quando todos iam pra casa e não sobravam muitas pessoas.

Ao lado do vestiário feminino tinha o vestiário masculino, maior, mais amplo, de lá ela não ouvia som algum.

Começou a se vestir quando viu alguém entrando.

– Olá – disse Ana, se apressando ainda mais, sentiu uma ponta de medo já que achava que ia estar tudo vazio, ninguém respondeu mais ela viu alguém, alto e corpulento se aproximando. Ela estava assustada, enrolou com a toalha os seios, já que só teve tempo pra vestir a calça.

Agora via nitidamente quem era, Tiago um rapaz de sua sala que era normalmente um idiota, que falava besteira com os amigos e se achava o melhor, ele veio se aproximando.

– O que tá fazendo aqui, não pode entrar nesse vestiário – Ana falou tentando pegar as coisas e se afastar o máximo dele, mais ela não tinha pra onde ir, estava de costa pra parede quando Tiago sorrio de canto de boca.

– Sabe que você assim é muito mais gostosa do que eu pensava? – falando com um olhar que mais parecia de um cão com fome, Tiago se aproximou mais e mais, Ana já estava contra a parede sem muito o que fazer.

Tiago chegou tão próximo que ela podia sentir o hálito dele, e ela se lembrava bem, dava pra sentir o cheio do ovo, que ele provavelmente comeu de manha, o hálito fedido e quente que vinha dele.

Ana tinha cerca de 1,65 e Tiago 1,90 mais pesava uns 100 quilos, enquanto Ana não passava dos 62. Bem a diferença era nítida e Ana nada pode fazer quando Tiago sem muito esforço puxou ela pelo braço e trouxe-a bem próxima dele, ela pela força do puxam deixou cair a toalha, sentido indefesa sem saber porque ele fazia aquilo, nada pode fazer.

– Eu sei que você vai gostar, tem cara daquelas que fingem que não gostam, mas são as maiores safadas – falando enquanto segurava ela com força pelos dois braços e roçava os pelos do rosto no cabelo de Ana.

Ela era virgem tinha seus 17 anos e não era de namorar, nunca teve muitos amigos e gostava mais de ficar em casa lendo, nunca saberia que passaria por tamanha brutalidade assim.

Com extrema violência Tiago deixou Ana de costas, tampando lhe a boca com a mão extremamente desproporcional para a garota, com raiva praticamente arrancou a calça dela, abaixando até pouco acima do joelho.

Ana não tinha forças pra lutar com ele, não adiantava todos os seus movimentos estavam limitados, não conseguia se mover, não conseguia gritar, estava atada.

– Você vai gostar, ah! Eu sei que vai – dizia Tiago, parecendo a cada segundo mais nojento.

Ana pode escutar Tiago abaixando o zíper.

Ela sentiu uma dor que não sabia poder sentir, fazia fraquejar as pernas querer morrer, os braços sendo apertados doíam e aquela dor no pé da barriga parecia que estava sendo esfaqueada lentamente.

Tiago a apertava, sentindo seu o dono, o cheio de poder, uma mão sempre na boca de Ana pra que ela não fizesse zoada.

Para Ana foi uma eternidade de agonia e dor, pra Tiago não passou de um minuto, ele fez o que planejou fazer quando viu Ana sozinha e indefessa no sub solo do colégio. Ele a largou sangrando estirada no chão sabia que ninguém iria lá até 2 horas pelo menos, sabia que ela iria se recuperar a tempo de sair.

Olhando ela no chão, despida e sangrando, ele ficou de cócoras, falou ao pé do ouvido dela, com um tom firme.

– Se pensar, em falar algo pra quem quer que seja , eu te pego e mato, faço você sofrer bastante antes pra aprender – ele se levantou, endireitou a roupa e saiu.

Ana estava lá, no chão, frio, sem sentir direito de onde vinha a dor, porque tinha acontecido aquilo com ela. Ela chorou baixo, tentou se levantar. Não conseguiu, tentou se sentar, e com dificuldade o fez, esperou mais pra ver se conseguia forças pra se vestir, e conseguiu. Chegou em casa já se passava das 13:30, não tinha ninguém lá, sua mãe estava trabalhando, e seu pai ela não tinha ideia onde estava tem 3 anos, ela foi direto pro quarto, trancou a porta e deitou, ela pode chorar, por horas e horas.

No colégio ninguém desconfiou do sangue, pensaram ser de uma menina que menstruou e não teve tempo de correr pra por o absorvente.

No fim de semana Ana nada vez, mal saia da cama, não sentia vontade, ainda tinha dores, mais o pior era o pesadelo, viver e reviver tudo aquilo sempre que dormia. Ela não suportava isso, sentia que não tinha feito nada pra merecer aqui.

Uma semana e Ana não aparecia no colégio, sua amiga Tatiana preocupada sempre ligava para Ana que ignorava o telefone, não dava satisfação para aquela que era sua única amiga.

Ana depois de mais de uma semana, praticamente trancada no quarto pensando decidiu que iria dar um jeito, não tinha mais as dores, porém os sonhos só pioravam, ela decidiu.

Segunda feira, 6 da manhã, Ana já pronta com sua calça jens preta e farda do colégio, foi ao quarto pegou a mochila e foi a cozinha, tinha na noite passada separado uma faca que sua mãe usava pra desossar a carne que sempre fazia, tinha mais de 20 centímetros, deixou na mochila e foi ao colégio, como sempre não chamou atenção, não cumprimentou nem foi cumprimentada, também não foi a sala, desceu para o subsolo e esperou, tirou a faca da mochila e colocou no cós da calça, por dentro, onde ela conseguia sentir o frio da lâmina, volta e meia andava pelos corredores do primeiro andar, até ver o que procurava. Olhou de longe e seguiu com os olhos.

Tiago andava pelo corredor, tinha a mania de ir ao vestiário arrumar o cabelo, molhava se olhava no espelho e subia, e Ana o seguiu, discreta em meio a confusão, a conversa.

Ele não demorou pra descer, andava com o fone de ouvido, provavelmente ouvindo alguma banda ou músico da moda, onde a letra não deveria fazer sentido. Ele andava sem olhar pra trás, passos largos entrou no vestiário, amplo com vários espelhos quebrados em frente as pias, e uma dúzia de miquitórios do outro lado, ele ficou de frente a pia, fazendo assim ficar de costas pra porta, ele ligou a torneira e colocou as mãos em forma de concha embaixo encheu ela de água e jogou contra o rosto, fez isso duas vezes.

Ana já no vestiário não tinha mais o que pensar, sabia que iria fazer aquilo que não tinha volta, que o que ele fez não deixaria ela viver, iria ser atormentada com aquilo. Ela não era sociável mais tinha planos pra mudar isso, pensava em entrar no teatro, sair mais com Tatiana fazer amigos interessantes que conversassem mais sobre musicas, livros, filmes e não fossem só idiotas, mas aquela altura ela sabia que não teria mais nada disso.

Tirou a faca da calça e com um único e forte golpe acertou o pescoço , cortando a jugular, encravou até o fim, Tiago não viu, não tinha como ver, só sentiu o metal entrando na carne, a respiração parando, e caído só via o rosto de Ana, que nada disse, apenas ficou em pé vendo ele em poucos segundo morrer, com aquela faca encravada.

by Rafael Andrade

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