Disse no Pombo Correio quando apresentei esse livro, que a protagonista parecia ser cleptomaníaca. Penelope, mais conhecida como Lo, tem sim a mania de pegar coisas para guardar (coisas sem valor na maioria das vezes), mas não porque é cleptomaníaca, mas sim porque tem TOC – Transtorno Obsessivo Compulsivo.
“Sou a garota que não consegue entrar ou sair do ônibus, na escola, nem na sala de aula sem fazer o tap tap tap, banana; a garota que não levanta a mão quando sabe a resposta, porque, se o fizer, ela terá de recolocá-la em cima da mesa, levantar outra vez e repetir três vezes, ou seis, ou nove, dependendo de uma porção de outros fatores que ela não pode controlar – quantas palavras há na pergunta, quantas outras pessoas levantaram a mão, quantas vezes a pessoa á minha frente coçou a cabeça.” – Pg. 56
E uma história narrada por uma adolescente com TOC fica muito interessante.
Lo é solitária. Sua família está de luto após a morte do irmão mais velho, Oren, mesmo que anos tenham passado. Na escola ela tenta ser o mais invisível possível por causa de suas manias.
Ela começa a passear depois da aula, simplesmente pega um ônibus e desce em um local aleatório. Em um desses passeios ela para em Neverland, bairro perigoso que recebe esse nome por ser o novo lar de crianças que preferiram fugir de casa e enfrentar a vida sozinhas. Lá ela escuta tiros e foge desesperada, um deles quase a acerta.
Mais tarde descobre que uma garota morreu naquele local, uma stripper de apenas 19 anos chamada Sapphire. Quando em um mercado de pulgas Lo encontra um colar e uma estatueta de borboleta, tem certeza de que ambos pertenceram a Sapphire. Ela sente então uma conexão com a garota e um ímpeto, uma vontade de solucionar, descobrir quem foi o assassino.
Ela conta com a ajuda de Flynt, um artista morador das ruas de Neverland, mas tudo se torna confuso depois que começa a perguntar sobre Sapphire. Quem é confiável? Quem anda a ameaçando?
A trama do livro em si não é inovadora. Uma garota que presencia ou fica sabendo de um assassinato e que sente certa ligação com a vítima, tenta solucionar o crime. Mas tudo fica mais interessante porque Lo tem TOC. O Transtorno influencia seu dia-a-dia de forma surpreendente e também na forma como Lo investiga sobre Sapphire.
Tive surpresas no livro, o que é algo muito bom. Não foi aquele livro de mistério completamente previsível.
Fiquei pensando que se o livro tivesse uma protagonista comum ele seria muito chato. Lo nos cativa completamente e você acaba gostando do seu jeito de ser e fica com vontade de conhecê-la. Acaba sendo um livro que vale a pena ler, principalmente para conhecer a protagonista.
NOTA:
Ficha Técnica:
Editora: Leya
Autora: Kate Ellison
Origem: Estrangeira
Título original: The Butterfly Clues
Ano: 2013 (1ª edição)
Número de páginas: 312
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