Ei, sabem aquele episódio quase xenofóbico envolvendo alguns médicos brasileiros? Pois é, eu não estou aqui para falar deles. Mudemos a página. Próximo assunto. Ou como o meu falecido avô gostava de mudar de assunto: o que tem de novo? A Síria é o que tem de novo. Bem, não é lá um assunto novo, mas vocês entenderam!
De certa forma, a eleição de Obama nos Estados Unidos – exposto quase como um grande salvador dos direitos humanos – me lembra bastante a vitória de Lula em 2002. Ambos geravam uma certeza popular de que estávamos em novos tempos e que, no caso do Brasil, não veríamos mais um desequilíbrio social tão absurdo, enquanto, no caso dos americanos, a política econômica e internacional seria muito mais humana. Embora não podemos negar os avanços de seus respectivos governos nesses fatores, eles parecem basicamente uma continuação dos governos passados.
O ex-presidente brasileiro erradicou consideravelmente o maior drama do país, o excesso de pobreza, mas não podemos afirmar que houve grandes mudanças do PSDB para o PT – ao menos politicamente. Já Obama ganhou o Nobel da Paz em seu primeiro ano como governante de uma das maiores potências mundial porque, bem, porque… não matou ninguém durante o exercício da função. Especialistas afirmam que é um bom requisito para ser candidato ao prêmio (a não ser que você seja Henry Kissinger). Se Bush soubesse…
Depois disso, ainda que tenha apoiado a união de pessoas do mesmo sexo publicamente, defendido o Estado palestino e seu plano de saúde mereça ser reconhecido, continuou e reforçou as tropas no Afeganistão, orquestrou o assassinato de Osama Bin Laden e se livrou do corpo, manteve a Prisão de Guantánamo, além de se entregar voluntariamente para o intervencionismo militar e prometer guerra a quem quer que seja. A Síria não faz exceção à sentença. No caso do uso de armas químicas, ocorrido naquele país, os americanos já assumiram postura pública de acusação – como de praxe – e irão responder energicamente caso achem necessário. Pela parte da Síria? Assad garante não ser responsável e já permitiu que a ONU realizasse suas investigações. Os EUA nunca foram de acatar decisões da Organização, o que nos leva a pensar que Obama não deve agir de modo muito diferente. O secretário de defesa insiste nos holofotes que uma guerra não está descartada: “Estamos prontos!”. O que nos resta é observar de longe o desfecho de tudo isso.
Pronto. Voltem a falar dos médicos.