Dizem que a programação nacional brasileira adora copiar o conteúdo americano. Mas, como de costume no nosso país, optamos pelas piores opções. Reality Shows, o pragmatismo dos nossos principais noticiários, sem esquecermos-nos da exibição dos filmes enlatados de vinte anos ou mais. Poderíamos, por outro lado, afirmar que o Brasil possui uma qualidade invejável, comparado ao país governado por Obama: nossas novelas. Sobre os personagens estereotipados, a comum incitação de preconceitos e abordagem superficial e maniqueísta de temas que carecem de um aprofundamento maior? Mudamos de assunto.
Nesta perspectiva, eu venho reivindicar que entremos nessa onda de americanização que está chegando ao nosso vocabulário e que dizem estar em nossos canais de televisão aberta. Sugiro que abracemos o modelo americano e nos preocupemos mais também com as artimanhas políticas que ocorrem no país e estendermos nossos noticiários para mesas redondas com pessoas coerentes e alfabetizadas política e socialmente. Recorram as suas memórias, pois hoje iremos desvendar quem serão os nossos Jon Stewart, Bill Maher e, vá lá, Stephen Colbert tupiniquins. Omitam de suas mentes Jay Leno, Jimmy Fallon e Letterman, pois já possuímos apresentadores tentando sê-los – e da pior maneira possível. A proposta aqui é a de focalizar nas discussões sobre problemas sociais livres de interferência e, principalmente, analisar todas as esferas. Programas que sejam intermediados por um apresentador progressista, dono de um timing sarcástico invejável, e que tragam intelectuais preparados da esquerda e direita do nosso país. Uma mesa redonda em que possamos ver figuras irreverentes dos dois lados, possamos refletir sobre o que ocorre politicamente no Brasil e, sendo um pouco mais otimista, no mundo.
Imaginem figuras importantes politicamente, com ideologias divergentes, debatendo em horário nobre sobre as manifestações que ocorriam no país, suas consequências, precedentes, lados. Barcellos, José Hamilton Ribeiro, Brum, Pondé, Jabor, Sakamoto trocando seus diferentes conceitos e opiniões sobre o assunto. Por que não um líder do PT e outro do PSDB? Mesa redonda de quatro pessoas e um intermediador, que também participaria quando sentisse necessidade de confrontar o que estivéssemos observando. No debate presidencial americano entre Obama e Romney, a própria mediadora pediu a palavra para usar uma fala anterior do republicano contra ele mesmo. Bill Maher, em seu Real Time, costuma ironizar sabiamente os participantes do seu programa mostrando o quão absurda são algumas de suas ideias. O que poderíamos falar das sequelas ambientais do gás do xisto, por exemplo? Trazer para o povo questões para serem refletidas e estudadas. Talvez não de forma militante, mas de forma social. Um panorama sendo apresentado.
Quem faria o papel de Stewart ou Maher por aqui? Alguém de índole isenta? Não existe. Desconfie sempre de pessoas de caráter ilibado. Provavelmente são as piores pessoas. Sempre há algo para esconder. Algo mais plausível: uma pessoa que tenha reconhecimento popular e seja mais ou menos aceita tanto pela direita quanto pela esquerda. Muito por sua coerência. Alguém que fosse ao vivo o que Francis e Millôr eram nas palavras. Irreverentes e ímpares, por mais que desagradassem muitas pessoas. Sua essência deveria ser conhecida. Carecemos de pessoas jovens com esse apelo. Fico pensando na figura de Luis Fernando Veríssimo; dois pontos. Elegante, crítico, engajado politicamente, irônico e com um conhecimento cultural admirável. Veríssimo seria nosso cara.
Concebam a imagem de Veríssimo recebendo Clóvis Rossi, Ricardo Kotscho, Nelson Jobim e Plínio Arruda discutindo sobre o que está acontecendo nacionalmente. Quem não assistiria a isso? Se vamos americanizar nossa programação, que façamos isso do modo certo.
![[Coluna] A bomba debaixo da mesa: Carrie! Montagem com uma pelicula de filme na horizontal, mostrando dois frames, o da esquerda mostra um recorte de um cena do filme "Carrie, A Estranha" de 1976, onde está a personagem Carrie, vista do busto pra cima, ela está coberta de sangue, e com olhar assustador, em um fundo azul escuro. No frame da direita está um recorte da capa do livro Carrie, edição da Suma das Letras, em tom rosa, a capa mostra o rosto de Carrie, no topo o nome do autor "Stephen King" em branco, e sangue vermelho escorre pela capa.](https://leitorcabuloso.com.br/wp-content/uploads/2022/06/Carrie-Vitrine-Coluna-Filme-Livro-Site-696-390-ok-218x150.jpg)
![[COLUNA] Gekkan Shoujo Nozaki-kun (Anime) Fundo branco. Da esquerda para a direita: Rapaz de cabelo roxo, sueter e gravata verde calça azul encarando garota loira de agazalho cinza e saia preta. Garota Ruiva com laços vermelhos de bolinhas brancas, agazalho cinza, saia e meia fina pretas segurando um esfregão que parece um pincel sujo de tinta vermelha. Rapaz alto olhando para a esquerda com agazalho cinza, gravata vermelha e calça preta segurando um pincel. Rapaz de cabelo vermelho segurando uma rosa com uma camisa branca e calça preta. Rapaz de cabelo marrom, camisa azul, gravata e calça azul escuras segurando uma regura em cada mão. Garota de cabelo azul, casaco preto, saia azul segurando uma espada cenografica.](https://leitorcabuloso.com.br/wp-content/uploads/2022/06/Coluna-Gekkan-Shoujo-Nozaki-kun-Site-696-390-218x150.jpg)

![[Coluna] Agente Carter – Primeira Temporada Vitrine da coluna. Em primeiro plano, no centro, o postêr da série Agente Carter, que mostra a personagem de vestido azul, chapéu vermelho escondendo o rosto e segurando uma arma, boa parte de sua imagem é coberta pelas sombras, e o fundo é escuro, à fentre dela está o título da série "Marvel - Agent Carter". No fundo da vitrine, um recorte da capa de uma história em quadrinhos que mostra Carter apontando uma arma segurando com as duas mãos, o desenho é em tons cinzas e com as cores vermelha e branca da bandeira americana no fundo.](https://leitorcabuloso.com.br/wp-content/uploads/2022/03/AgenteCarter-Site-696-390-218x150.jpg)
![[Coluna] Diga o seu nome Montagem com uma pelicula de filme na horizontal, mostrando dois frames, o da esquerda mostra um recorte do postêr do filme "Candyman" que mostra o personagem do título, um homem negro de costas com um casaco escuro e um ganho no lugar da mão e uma abelha pousada no gancho, e o título do filme em amarelo. No frame da direita está a capa do livro "Candyman" da Dark Side Books, onde mostra uma colméia de abelhas no fundo e em primeiro plano o nome do autor Clive Barker e o título do livro.](https://leitorcabuloso.com.br/wp-content/uploads/2022/01/Candyman_Vitrine-Coluna-Filme-Livro-Site-696-390-ok-218x150.jpg)


