Autores: Vários
Editora: Editora Literata
Origem: Brasileira
Edição: 1ª
Ano: 2013
Páginas: 144
Skoob
Sinopse: Ler literatura é sonhar, é viajar, é entrar na história do livro e se unir às personagens em suas aventuras, comédias, dramas e suspenses. Mas você, leitor, apenas as acompanha… Imagine, então, poder decidir o rumo da narrativa que está lendo. A antologia Destinos Fantásticos reúne sete aventuras solos de RPG que você está convidado a conhecer e, vivendo o personagem principal da trama, traçar o seu próprio enredo, entre criaturas e culturas diferentes por mundos da fantasia e da realidade. Prepare-se para ser o protagonista de cada conto desta obra e escolher o caminho que as histórias tomarão, pois é você quem decide o que acontece. E a mesma aventura que você leu e viveu, para outro leitor terá um encanto diferente, pois é essa a magia das aventuras solos.
Saudações, caros leitores! Quantas vezes vocês leram algo (conto, romance etc) e ficaram desejando influenciar os rumos dos personagens? Posso deduzir que incontáveis, pois se lemos habitualmente é porque amamos o contato com os livros e eles nos envolvem por muitas horas, sem que percebamos o quanto nos afastamos de uma realidade para mergulharmos em outra, construída por uma mente a que chamamos autor (que, nesse caso, são vários).
O formato de bolso é um grande atrativo, visto que possibilita que carreguemos a obra para qualquer lugar sem grandes empecilhos. Enfim, é uma passagem para mundos maravilhosos perfeita até mesmo para pessoas com pouquíssimo tempo livre. O livro começa com um trecho do romance “A História Sem Fim”, o que é profundamente simbólico, tendo em vista que no “Destinos Fantásticos” é o leitor que constrói os desfechos, mediante algumas condições estabelecidas pelos escritores. Lendo, somos presenteados com múltiplos finais possíveis.
Cada conto possui uma breve introdução que nos fornece um contexto a partir do qual agiremos. Caso você sequer tenha ouvido falar de RPG, não precisa se preocupar, o mecanismo de aventuras-solos é simplíssimo. Você irá necessitar apenas de uma moeda como instrumento complementar. Afinal, há elementos que fogem do nosso controle e estão nas mãos da “sorte”. Começarei a analisar cada conto.
- Horror na escola – Emerson D. e Pimenta:
Terror e adolescentes, eis dois ingredientes amados por Hollywood (o número de filmes que seguem os moldes de Sexta-feira 13, A Hora do Pesadelo, Halloween etc comprova), mas não ache que a narração do Emerson cai nos clichês que chegam ao risível, muito pelo contrário, usa um grupo de adolescentes para tecer um medo vertiginoso. Acordar em uma sala de aula fechada à noite com alguns de seus amigos tão desorientados quanto você, sem saber como foram parar ali, e carregar apenas uma certeza: há um terrível perigo do lado de fora. Isto é o que tornou a experiência de terror claustrofóbica e inexplicável um banquete de lamber os dedos! A existência de apenas um ambiente aumentou a tensão emocional.
- O legado da humanidade – Gustavo R. Fragazi:
O mundo foi devastado por um cataclismo e você é uma das pessoas sortudas que moram em uma cidade-cúpula, protegida dos perigos que rondam as ruínas da antiga civilização humana. Todavia, você também faz parte de um tipo de equipe de segurança, por isso, junta com uma pessoa conhecida, parte para uma missão de busca. Mesclando ficção científica e sobrenatural, a história diverte, porém peca pela pouca dose de suspense que em um cenário inóspito seria muito bem-vindo.
- Réquiem para fantasia – Leandro Zerbinatti de Oliveira:
Como cumprir uma missão sem saber ao certo qual é ela? Complicado, para não dizer impossível, obter êxito em tal empreendimento. O objetivo ter se revelado apenas parcialmente é fundamental para o final surpreendente, um desfecho que deixará leitores mudos por alguns minutos. A ideia principal nas entrelinhas é a de que a fantasia (entenda-se aqui como a capacidade de fantasiar pela literatura, música, desenhos etc) é parte vital do ser humano, sem a qual enfraquecemos e perecemos como sonhadores. Indubitavelmente, o texto que mais se destacou na antologia.
- Estrela de Sá – Luan Felipe:
O personagem é alguém mentalmente confuso, mas aí que está o grande problema, o leitor acaba também ficando sem um norte e a aceleração é tão rápida que acabei terminando a aventura sem conseguir sentir qualquer emoção que fixasse a trama em meus pensamentos. A vingança que move o protagonista poderia ter sido desenvolvida com mais calma, apesar do espaço disponível aos escritores não ser tão grande. Não tenho muito que comentar neste ponto.
- Por trás da neblina – Maurício L. Junior:
Há pessoas para quem o apocalipse zumbi seria motivo de comemorações, mesmo que o terror que se alastraria nas nações não seja algo agradável de imaginar, ainda bem que esse assunto não passa de ficção (ou não?). Mas o que você faria se acordasse em um dia aparentemente normal e visse os mortos caminhando pelas ruas? A história mostrou um enorme potencial, talvez pudesse render uma aventura com o dobro do tamanho. Todavia, como a antologia possuía um tamanho máximo já estabelecido, ficamos desejando mais. Felizmente, o aperitivo agradou!
- O guardião da ceifadora de almas – Sandro Quintana:
Se nos contos anteriores você enfrentava os perigos, nesse você atua como o próprio perigo para um grupo de aventureiros que segue o estilo clássico da fantasia medieval (cavaleiro, paladino, mago, clérigo e ladino) em busca de um tesouro. Pelo foco distinto, quando comparado aos contos anteriores, foi uma leitura que ao lado de “Réquiem para fantasia” destacou-se muito! Querem saber o final que consegui?! Digamos apenas que eu (personagem) passei a ver o mundo com novos olhos! Leiam (joguem) para entender.
- Da escuridão veio Carpathia – Cristiano Rosa:
Depois dos contos dos autores selecionados, o organizador da antologia sai dos bastidores e vem para frente do palco. Pegando gancho no trágico naufrágio do Titanic, acompanhamos os passos de alguém que tentando não sucumbir ao frio, consegue ser recolhido por um navio, todavia algo muito pior pode estar prestes a se revelar. Será que devemos procurar a resposta para um estanho barulho em um porão? Será que devemos buscar os nossos conhecidos entre os felizardos que foram resgatados? Então, o que pode existir de tão horripilante nos perseguindo ou será que somos o perseguidor? Confesso, adoro estimular a curiosidade de vocês! O Cristiano fechou com chave de ouro o livro, meus parabéns!
A minha maior observação é quanto a alguns erros de revisão que encontrei. Pelo livro não ser tão grande, não acredito que a revisão exigiu muito de quem a fez. Considerando o que comentei até aqui, dou três selos cabulosos! Se você gosta de Role-Playing Game ou Literatura Fantástica, recomendo que compre.