Para comemorar o início de 2013, um post com uma sugestão de uma nova atitude para um novo ano!
Todo escritor iniciante é carente de leitores.
Querer atenção para algo que você escreve é quase que inerente a vontade de escrever. É, sem dúvida, importante escrever para si mesmo, escrever algo que te agrade. Mas, na maior parte das vezes, é igualmente intensa a vontade de agradar mais alguém.
O problema é que escrever é um trabalho longo, lento e solitário. Você mal começa a escrever e já quer mostrar o que escreveu. Mas, no início, o material ainda é pouco, tem muita coisa que você quer mudar… e no fundo, no fundo, são poucas as pessoas que você encontra que se dedicam a leitura do que você escreveu.
É por isso que muitas pessoas que gostam de escrever acabam caindo no que eu chamo de Síndrome da Carência.
Os “sintomas”? Aqui vão alguns deles:
1 – Por Favor, Leiam!
Partes de textos publicados em blogs e redes sociais, enviados por email para amigos e conhecidos com o pedido de “repasse”. O comentário do “opiniões por favor!” quase sempre vem junto.
2 – A Desistência
“Ninguém leu… E se leu, não comentou. Como vou saber se gostaram? Como vou saber se vale a pena continuar escrevendo?” Esse pensamento geralmente vem seguido por uma falta de estímulo para escrever. Muitas pessoas abandonam textos muito legais nessa etapa.
3 – O Orgasmo
Se você escreve, vai entender esse sintoma com apenas um comentário: Alguém elogiou seu trabalho. Muito ou pouco… não importa. Alguém fez aquele comentário mostrando que realmente leu o seu texto e que realmente gostou. Algumas pessoas só fazem um comentário padrão do tipo “legal, quero ler a continuação”, essas te excitam um pouquinho, te preparam pro momento final. Mas o ápice de um prazer indescritível só vem com aquele comentário de mais de cinco ou seis linhas explicando com alguns detalhes porque o que você escreveu ficou muito bom.
4 – Livros em Grupo
Alternativa buscada por pessoas que precisam de um estímulo constante e de alguém por perto para ler o que foi escrito. Dois ou mais amigos se juntam e começam a escrever um livro comunitário. Embora seja excelente para quem curte receber um feedback quase que constante, é uma estratégia que raramente funciona quando você não é Neil Gaiman. Não é uma regra sem exceção, você pode ter um projeto assim e que está indo super bem. Conheço pessoas assim. Mas na minha opinião, você não deve ter isso como método exclusivo de escrita.
Não me entendam mal: a carinhosamente apelidada “síndrome da carência” é algo super comum pelo qual a maioria de nós – se não todos – passa. Eu mesmo já me enquadrei em cada um desses tópicos em mais de uma ocasião. Pela minha experiência, essas atitudes geralmente são boas porque estimulam uma dinâmica de escrita bem interessante. Só se deve tomar cuidado para não ser arrebatado pelo desespero.
É importante procurar pessoas para ler seu material. Mas tome cuidado para não se tornar um inconveniente. Às vezes, a pessoa que você procurou não está disponível, pode não ter tempo livre independente da quantidade de vezes que você pedir sua ajuda. Procure outra pessoa. Forçar é chato.
Por mais que seja legal receber comentários positivos, os comentários negativos também vem. Saiba lidar com eles, compreende-los como críticas construtivas e usar para melhorar seu trabalho.
Algumas vezes a falta de comentários é um comentário em si: pode ser que as pessoas que leram não viram nada digno de nota. Se este for o caso, tente mudar isso e aprimorar seu texto. Mas lembre-se que não é sempre assim: é possível que as pessoas não tenham comentado porque não tiveram tempo, ou porque não sabiam exatamente como se expressar, ou simplesmente porque não estavam com vontade. É importante não receber toda ausência de feedback como críticas para que você não entre no desespero do “pelos deuses, ninguém comentou nada! E agora? E agora? E agora?” Calma.
Escrever em equipe é uma coisa complicada. Não funciona pra todo mundo. Minha recomendação seria: Faça isso como um hobby do tipo “se der certo, excelente!”, mas se você realmente tem vontade de ser escritor(a), não tenha esse como seu único projeto.
E a sugestão de ano novo que eu vou dar aqui não é para outras pessoas lerem seu trabalho, mas sim para que você leia o trabalho de outras pessoas. A verdade é que todos esses métodos de pedir para que alguém leia seu trabalho pode não dar certo porque só quem vai ler, realmente, é aquela pessoa próxima de você, sabe? Aquele amigo que você pediu diretamente para que lesse. E, às vezes, nem esse lê…
Você quer que desconhecidos leiam seu trabalho e dêem sua opinião? Comece tirando alguns minutos do seu dia para ler o trabalho de um desconhecido. Participe de grupos, nas redes sociais tem vários grupos de discussão em que o pessoal apresenta e compartilha seus trabalhos. Mostre os seus, mas conheça os dos outros. Para você, vão ser só alguns minutos, mas uma leitura e um comentário podem fazer o dia de alguém. Lembra como você se sente quando recebe um feedback? Pois é…
É isso aí, pessoal! Um Feliz Ano Novo para todo mundo! Que neste ano você conheça a produção de muitas pessoas que você jamais imaginou e que muitas pessoas conheçam o que você produziu. Esses são os meus votos!
Vou aproveitar, também, para desejar um Feliz Aniversário pro Lucien! Parabéns, cara! Muitos e muitos anos de vida, de posts e de podcasts! =)
Sim! E dia 13 de janeiro, as 15:00, na Saraiva do RioMar vai ter lançamento de Agnus Dei. Quem for de Recife e tiver a fim de ir lá dar uma conferida, está intimado a comparecer!
Beijos, turma! o/