Saudações, caros leitores! Que a fantasia está se popularizando ainda mais na literatura nacional é inegável e o autor que completaria idade nova hoje, caso ainda estivesse entre nós, é uma referência no gênero. Com certeza, muitos dos escritores de fantasia que lemos, já o leram. Vamos cantar os parabéns para Tolkien que hoje chegaria à marca de 121 anos! Salve o criador da Terra-Média! Vamos saber um pouco sobre como foi a vida deste pioneiro…
Sir John Ronald Reuel Tolkien (03/01/1892 – 22/09/1973) foi um escritor inglês, poeta, filologista, e professor de universidade, conhecido por ser autor das célebres e clássicas obras de fantasia O Hobbit, O Senhor dos Anéis e O Silmarillion. Filho de pais ingleses, Tolkien nasceu na cidade de Bloemfontain na África do Sul, e, depois de ter perdido o seu pai, ele, juntamente com a sua mãe e o irmão, mudou-se para Inglaterra. Ali, Tolkien concorreu a uma vaga na Escola King Edwards em Birmingham, tendo sido aceito numa segunda tentativa. Quando criança, Tolkien foi mordido por uma grande aranha no jardim, um acontecimento que teria mais tarde ecos em suas histórias. Antes de sua morte, Mabel, a mãe de Tolkien, que havia lhe introduzido ao mundo de contos de fadas, e a outras línguas como o latim, já havia entregado a guarda de seus filhos para Francis Morgan, que foi encarregado para dar aos meninos uma sólida educação católica.
Na sua residência em Edgbaston, Tolkien estava perto de uma fábrica que possuía duas torres imensas, que podem ter sido influência para as torres da série O Senhor dos Anéis. Desde a morte da mãe, o rapaz dedicou-se aos estudos demonstrando grande talento linguístico. Estudou grego, latim, línguas antigas e modernas, como o finlandês, que serviu de base para criação do idioma élfico Quenya e o galês, base para o outro idioma élfico, o Sindarin. Em 1905 os órfãos mudaram-se para a casa de uma tia em Birmingham. Em 1908 deu início à carreira acadêmica, ingressando no Exeter College, da Universidade de Oxford.
Em 1914, ano em que começou a Primeira Guerra Mundial, Tolkien se tornou noivo de Edith Bratt. E, no ano seguinte, mesmo recebendo com honras o diploma em Literatura de Língua Inglesa, ele não conseguiu escapar da convocação militar, e em 1916, depois de casar-se com Edith Bratt, ele foi enviado à guerra. Conseguiu sobreviver à Batalha do Somme, em uma mal-sucedida campanha na França, onde mais de 500 mil soldados foram mortos. Em 1917 nasceu o seu primeiro filho, e no ano seguinte, J.R.R.Tolkien foi enviado de volta à Inglaterra, por ter contraído tifo. Foi nesse período de dispensa em que começou a escrever o Livro dos Contos Perdidos (The Book of Lost Tales), que mais tarde teria seu nome mudado para O Silmarillion, em 1919, quando Tolkien conseguiu retornar para Oxford.
Com o fim da Primeira Guerra Mundial, Tolkien iniciou verdadeiramente seu trabalho acadêmico, com um cargo de professor universitário, se tornando um respeitadíssimo filólogo, se tornando especialista em diversas línguas antigas e modernas. Pouco depois, foi convocado para realizar o projeto do New English Dicitionary, onde pôde demonstrar todo o seu domínio sobre os idiomas de anglo-saxões, e dos episódios e princípios da gramática comparada das línguas germânicas. Depois do nascimento de mais dois filhos, Tolkien concluiu e publicou seu primeiro livro em 1925, com a colaboração de E. V. Gordon: Sir Gawain and the Green Knight, baseado em lendas folclóricas inglesas.
Em 1926, Tolkien e C. S. Lewis fundaram o grupo The Coalbiters, que se dedicava à literatura nórdica, como Beowulf e o Kalevala. Os outros membros dessa pequena sociedade eram R. M. Dawkins, C. T. Onions, G. E. K. Braunholz, John Fraser, Nevill Coghill, John Bryson, George Gordon, Bruce McFarlane.
A idéia de seu primeiro grande sucesso literário, O Hobbit, surgiu em 1928, quando Tolkien estava a examinar alguns documentos e outros papéis de alunos que pretendiam ingressar na Universidade e Tolkien contou que, ao encontrar uma das páginas totalmente em branco, escreveu nela “Num buraco no chão vivia um hobbit”, e foi a partir desse evento que lhe deu a ideia de começar a escrever o livro, dois anos depois, tendo abandonando-o pouco tempo depois. Algum tempo depois, a Reverenda Madre de Cherwell Edge teve acesso aos manuscritos de O Hobbit, que os repassou a Susan Dagnall, outra acadêmica de Oxford, que trabalhava para a Editora Harper Collins. Os donos da editora se disseram ficar maravilhados com aquela história, e encorajaram Tolkien a concluir o livro, que, foi publicado, finalmente, em 1937, nove anos depois do evento da página em branco.
A história de O Hobbit –que contava as aventuras da criaturazinha hobbit, Bilbo Bolseiro, que esteve numa memorável aventura na Terra Média ao lado do feiticeiro Gandalf e mais treze anões– foi tão aclamada pela crítica, que Tolkien foi logo consultado pela editora para que ele escrevesse um novo livro. Tolkien ofereceu O Silmarillion, que ele considerava a sua maior obra, mas a editora recusou, preferindo que ele desse continuidade à história que havia criado em O Hobbit. Tolkien aceitou a proposta, e deu início à sua obra mais importante, que consumiria doze anos de sua vida, desde os primeiros rabiscos até a sua conclusão, mas que o faria um dos mais importantes escritores de todos os tempos: O Senhor dos Anéis.
Depois de diversas discussões com a editora, e muitos atrasos, em 1954, são publicados os dois primeiros volumes, A Sociedade do Anel e As Duas Torres. Em 1955, foi publicado O Retorno do Rei, o terceiro e último que finalizara a formidável trilogia. A idéia original era lançar a obra toda num único volume, mas para baratear os custos de impressão, foi dividida em três volumes. Com O Senhor dos Anéis, Tolkien consolidou a criação do seu universo fantástico, com a criação de Arda, um lugar mágico, povoado por seres fantásticos, como os Valar, os Maiar, além de hobbits, elfos, anões, trolls, orcs. Inicialmente o livro não foi muito bem aceito na Inglaterra, principalmente pela crítica, tendo ganhado o status de excelência, que tem hoje, apenas nos anos 1960, quando ele caiu nas graças de universitários americanos. Por fim, a notoriedade de Tolkien nos Estados Unidos passou a lhe trazer diversos transtornos, como visitantes e ligações inconvenientes.
Enquanto desenvolvia O Senhor dos Anéis, se aprofundou ainda mais na sua paixão pelos idiomas. Logo cedo se tornou um grande conhecedor de grego e latim, e espanhol, posteriormente. Depois veio o italiano e o francês, que ele não gostava nem um pouco. Além do inglês, ele conhecia cerca de dezesseis outros idiomas (além daqueles criados por ele mesmo): grego antigo, latim, gótico, islandês antigo, sueco, norueguês, dinamarquês, anglo-saxão, médio inglês, alemão, neerlandês, francês, espanhol, italiano, galês. Mas a língua que mais o encantou foi mesmo o finlandês, e usou sua gramática, junto com a galesa, como base para as línguas que mais tarde apareceriam em seus livros, muitos nomes relatados nos seus livros foram tirados do idioma islandês, como Gandalf, por exemplo. Foi baseado nestas línguas que Tolkien começou a desenvolver seu mundo. Para ele, primeiro vinha a palavra, depois a história. Ele criou um mundo onde suas línguas pudessem ser aprendidas e faladas, e também criou diversas lendas e contos para rodeá-las, que serviriam para perpetuar as línguas que ele criara.
Tolkien criou várias línguas (como o Khûzdul e o Valarin), mas nenhuma tão complexa e elaborada quanto as élficas. Também desenvolveu alguns sistemas de escrita, os sistema de runas angerthas e as tengwar.
O mundo da literatura recebeu uma profunda influência de Tolkien. Ele ajudou a dar trilhos ao gênero chamado “fantasia moderna”. Também, o cinema (principalmente a trilogia “O Senhor dos Anéis”), a música, jogos (como o RPG Dungeons and Dragons), os desenhos animados, as histórias em quadrinhos e sofreram inúmeras influências do escritor. Muitos autores também criaram seus mundos próprios diretamente influenciados por Tolkien, que foi o elemento-chave para a ficção científica de Duna (de Frank Herbert), e para a fantasia de A Cor da Magia (de Terry Pratchett). Além dos recentes Ciclo da Herança (de Christopher Paolini) e Artemis Fowl (de Eoin Colfer), entre tantos outros.
A influência de Tolkien também pode ser sentida nas artes plásticas. Pintores como John Howe, Roger Garland, Ted Nasmith, Alan Lee, Tim Kirk e os irmãos Hildebrandt entre muitos outros, figuram em enciclopédias ilustradas e centenas de galerias de imagens na Internet. Eles retratam com primazia várias passagens dos livros. A obra do autor também marcou profundamente a música, principalmente estilos como o hard rock, new age e braços do heavy metal. Milhares de canções de bandas como Led Zeppelin, Blind Guardian, Rush, Jethro Tull, e outras, são creditadas como de alguma forma associadas às obras de Tolkien.
Recebeu o diploma de Doutorado Honorário em Letras da Universidade de Oxford em 1972, e, posteriormente, conseguiu seu último e mais respeitável título: o da Ordem do Império Britânico pela Rainha Elizabeth, se tornando, então Sir John Ronald Reuel Tolkien.
No dia 28 de Agosto de 1973 Tolkien sentiu-se mal durante uma festa, e na manhã do outro dia foi internado, com úlcera e hemorragia. No sábado descobriu-se uma infecção no peito. Com 81 anos de idade, nas primeiras horas do domingo de dois de setembro de 1973, J. R. R. Tolkien morreu na Inglaterra. Enterrado junto à esposa, no Cemitério de Wolvercote, no túmulo feito de granito da Cornualha.
Fonte: InfoEscola.