Saudações, caros leitores! Dando continuidade aos parabéns para Nicholas Sparks, trago a resenha feita por um fã! Vamos conhecê-lo mais?
Bio: Nascido em Porto Alegre, em junho de 1982. Migrou em 2001 para Curitiba, onde teve contato com poetas conhecidos do meio literário paranaense. Desde 2005 vive em São Paulo. Ainda criança já escrevia contos, poesias, músicas e histórias em quadrinhos.
Dedicou-se profissionalmente à informática, mantendo a literatura, até então, como uma identidade secreta. Em 2009, conheceu a revisora, editora e crítica de cinema Cristine Tellier que o direcionou ao meio literário de forma contundente.
Mantém o blog Amplexos Fraternos, em que publica alguns de seus trabalhos, além de opiniões sobre livros e filmes.
Menção Honrosa no 23º Concurso de Contos Paulo Leminski (2012).
Quando comento com as pessoas sobre a maravilhosa cena de sexo do filme Copying Beethoven, quem assistiu geralmente se surpreende e me questiona, alegando que não há cenas de sexo no filme. Mas há. Obviamente, o sexo lá é sugerido. A harmonia da movimentação do maestro e sua auxiliar, encharcados pelas esplendorosas notas da Nona Sinfonia, abundando e transcendendo à tela, compõe uma das mais magníficas cenas de sexo que já vi e escutei. E essa sugestão é também, absolutamente, inerente à literatura. A genialidade dos grandes autores faz de meras e cotidianas palavras uma tessitura de notas a formar uma sinfonia icônica. E foi disso que senti falta no livro A Escolha, de Nicholas Sparks.
A obra conta a história de uma jovem em ascensão profissional, com uma vida comum e demasiadamente previsível. A relação insossa com o namorado completa um cenário de marasmo em seu dia a dia. Entretanto, um encontro fortuito com o vizinho bonitão, estilo bon vivant, desperta na moça dúvidas sobre suas certezas.
Um clichê do cotidiano, diga-se de passagem: Que atire a primeira pedra a mulher compromissada que nunca teve outrém que se aproximou para a tentar. E, às vezes, a tentação é tão intensa que a leva a questionar suas escolhas. Não vem ao caso a questão em si. Refiro-me a ela apenas para que seja possível entender por que o livro é tão popular. É absolutamente fácil identificar-se com ele.
Além disso, há uma outra técnica de identificação. O autor relata inúmeras cenas de acontecimentos triviais do cotidiano. Descreve – de uma forma um pouco mais extensa do que eu gostaria – pessoas cozinhando, cortando a grama, fazendo um café, dirigindo, dando banho no cachorro, indo ao supermercado… Situações em que é tremendamente plausível visualizar a si mesmo, tratando-se de uma pessoal trivial. Isso, apesar não ser necessariamente enfadonho, aufere à obra um aspecto de texto demais e conteúdo de menos.
E, por falar em pouca profundidade, senti uma tremenda falta de ousadia na composição dos personagens. É bem possível que tenha sido proposital para garantir à obra sua facilidade de leitura e a abrangência de público. Mas é – do ponto de vista de um leitor mais sequioso – uma falta grave. As descrições, tanto físicas quanto psicológicas, permeiam apenas as características superficiais. Mantendo os personagens dentro de seus estereótipos. Não dando margem ao leitor de sentir dúvidas em relação a seus papéis. E, o pior de tudo, não existem defeitos. Todos são passíveis de serem amados. E têm bom caráter. Os medos e angústias são simples, quase simplórios. Fazendo o livro ser praticamente incapaz de passar ao leitor emoções realmente fortes. Mesmo quando ele poderia explorar os próprios estereótipos, parece fazer questão de não arriscar. O personagem do bon vivant, por exemplo, teria permissão para abusar de sua sensualidade e astúcia, mas se mantém bem comportado e amável. Tão perfeito que irrita. Até mesmo os candidatos a vilões, que têm atitudes mais “incorretas”, são limitados ao que parece uma classificação de censura dos anos 20.
É uma leitura absolutamente dócil. Um vocabulário que seria facilmente entendido por crianças de 12 anos. Uma ou outra palavra desconhecida, tratando-se de termos dentro das profissões dos personagens. Evidenciando um trabalho não muito profundo de pesquisa. O que facilita a vida tanto do autor quanto do leitor.
O final traz algo inesperado, mas não surpreendente. Soa como uma tentativa do próprio autor de tentar libertar-se das tonalidades pastéis da narrativa e manchá-la com alguma cor mais vibrante. Mas não me parece funcionar muito bem. Acaba descendo relativamente atravessado. O final é absolutamente previsível, ainda que seja evidente que ele tenha tentado escondê-lo.
É, inegavelmente, uma obra comercial. Feita para consumo rápido. Durante a leitura, inúmeras vezes me perguntei como poderia um senhor de 40 anos e musculoso escrever de forma tão feminina… Enfim, parece realmente ter sido escrito com esse intuito. É, acima de tudo, um grande negócio, se levarmos em consideração os números de vendas. E, observando os itens acima, entende-se por quê. O que agrada a muitos, vende bem. No meu caso, seria mais como um filminho que você assiste numa sala de espera de um consultório: Jamais o assistiria por vontade própria, mas como não há mais nada para afastar o tédio…