RESENHA + ENTREVISTA: “PALLADINUM: PESADELO PERPÉTUO”, UM CONVITE PARA REVIVER A CRIANÇA INTERIOR

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Capa
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Autor: Marcelo Amaral
Editora: Llyr Editorial
Origem: Brasileira
Ano: 2011
Edição:
Número de páginas: 464
Skoob
Sinopse: Na cidade de Vale Prateado, os preparativos para a festa de 40 anos do Colégio São João unem os esforços de pais, alunos e professores. Juliana, editora do jornalzinho escolar Página Pirata, está cobrindo o evento junto com seus melhores amigos. Em meio às comemorações, uma aguardada exposição de artefatos arqueológicos coincide com o início de uma série de eventos inexplicáveis na escola: professores se tornam verdadeiros carrascos, e o pânico toma conta dos alunos quando até mesmo seus pais se voltam contra eles! A turma da Página Pirata precisa descobrir o que está havendo, e essa busca os levará a um lugar desconhecido: o mundo dos sonhos e pesadelos. É lá que os jovens entenderão que estão prestes a enfrentar uma batalha épica entre forças extremamente poderosas! Estarão eles prontos para as descobertas que terão pela frente?
Onde comprar? Livraria Saraiva, Diretamente com o autor

Book Trailer:

Análise:

“E se houve uma coisa que […] aprendeu em sua aventura pelo mundo dos Sonhos e dos Pesadelos, foi que se queremos que algo de bom aconteça em nossas vidas, o algo ruim que está atrapalhando o caminho precisa ser eliminado.”

—Pág. 460.

Saudações, caros leitores! Alguns livros são como a experiência de observar uma bela paisagem, nos transmitem uma felicidade pura, um encanto para o qual, por mais que pensemos, sempre dizemos rindo de forma embaraçada: “Não sei como dizer o que eu senti”. Nisso não está subentendido que aquilo de que tratamos seja de intricado sentido, mas sim que causou uma introspecção tão grande que a única forma de uma pessoa nos entender completamente seria se ela fosse capaz de penetrar a nossa mente. Para alguns, estas palavras podem soar exageradas, entretanto a minha criança interior não conseguiu evitar o deslumbramento e o adulto que vos fala cede a palavra.

A obra narra uma aventura que me recordou alguns clássicos cinematográficos, tais como “Goonies”, “Conta Comigo” e “E.T.”, o motivo desta declaração é que o autor trabalhou bastante arquétipos infantis, ou seja, os personagens apresentados tem funções bem definidas na trama. Se por um lado alguns leitores podem avaliar esta característica como razão para desapontamento, presumindo um texto entediante, por outro lado afirmo com convicção que vi partes de mim mesmo em alguns trechos do livro, foi como revisitar algumas memórias de quando era mais jovem. A simplicidade da narrativa não implica em uma pobreza textual, muito pelo contrário, o jeito singelo é cativante, atributo indispensável para um livro “sem idade”, status que “Palladinum: Pesadelo Perpétuo” alcançou.

Como livro “sem idade” designo todo aquele que tem a capacidade de conquistar as pessoas das mais diversas idades que mergulham de cabeça nas páginas. Admito, este termo é uma de minhas “excentricidades” de leitor, mas acredito que me fiz compreensível.

O chamado para a aventura no romance não tarda a acontecer e com isso o desenvolvimento da história é ascendente, não dando muito espaço para o leitor desprender-se, até mesmo os mais jovens vão passar com um piscar de olhos pelas mais de quatrocentas páginas.

O fato de serem crianças a viverem algo épico, visto a grandiosidade do cenário e objetivo em que se veem jogadas, torna as emoções mais autênticas, o Marcelo obteve êxito em dotar as suas criações literárias de vida, elas se movem muito naturalmente e cada um dos personagens possui traços únicos, os quais você pode encontrar em pessoas de seu convívio.

Os membros do grupo são: Pastilha, uma garota esperta e com uma constituição física frágil, Princesa, a típica menina super popular e que às vezes nos suscita antipatia, Peteca, a atleta do grupo que aprecia um estilo de vida saudável, Pimenta, o cabeça-quente da turma, mas que no final das contas só quer proteger a todos, Pinguim, o fascinado por desafios mentais, como palavras cruzadas, e que sofre do inconveniente de transpirar de forma abundante, Piolho, irmão de Pinguim, que detesta tomar banho, mas que por isso mesmo influencia bastante em um momento crítico da jornada e Paçoca, o mais jovem do grupo e super inteligente, que faz uso de suas várias invenções para auxiliar aos amigos, mas que sofre de alta vulnerabilidade sentimental por estar acima do peso e ser baixo. Além das crianças, o grupo conta com Penélope, a cachorra de Princesa, que rende ótimas risadas com seu jeito carinhoso, mas um tanto destrambelhado, e Saghata, a “instrutora” das crianças, rumo ao grande confronto, que é bastante apreensiva.

Os vilões também são uma grande atração, pois seguem o roteiro já muito conhecido: vestes pretas e frases imponentes que tentam intimidar, além de outras qualidades (ou defeitos?) que sempre fazem parte dos “melhores maus”. Isso poderia ser somente um clichê, mas nas mãos do escritor se tornaram fontes de alto entretenimento, eu ri dos vilões às vezes, mas também percebi o quanto aqueles jeitos tenebrosos e um pouco caricatos são exatamente as formas que permeiam os pesadelos infantis.

Este livro foi um excelente entretenimento, mas não pensem que ele só fica nas risadas e instantes de temor. Como as boas histórias infantis, há muitas lições, algumas explícitas e outras nas entrelinhas, mas nada que fuja do alcance de qualquer leitor. Os personagens se desenvolvem e nos provam que não são estereótipos, mas representações da realidade, capazes de aprender e mostrando a força que os laços emocionais, com ênfase na amizade e o perdão, possuem. É incrível como mesmo sendo uma ficção, consigo ver os personagens como amigos de carne e osso, assim são os livros mais marcantes. Recomendo este livro e, ainda mais, digo que depois de lerem, emprestem para outras pessoas e leiam para crianças! Sério, esse livro é perfeito para introduzir alguém às maravilhas da leitura, esse vai ter lugar especial em minha estante, pois um dia lerei para um (a) filho (a) meu! Dou cinco selos cabulosos!

Nota:

Avaliação

Entrevista:

Marcelo Amaral

Saudações, Marcelo! Primeiro, agradeço pela gentileza em ceder uma entrevista ao Leitor Cabuloso, segundo, reafirmo a minha gratidão em confiar no meu trabalho como blogueiro literário, terceiro, vamos para as perguntas, né? Não quero lhe roubar muito tempo…prometo ser breve.

1 – Começarei com uma pergunta básica: Como surgiu a ideia de escrever “Palladinum – Pesadelo Perpétuo”?

Olá, galera que acompanha o Leitor Cabuloso! Para mim é uma grande honra estar aqui com vocês falando sobre o meu livro. Bom, parece meio clichê dizer isso, mas a ideia para escrever Palladinum nasceu de muitos sonhos meus – e principalmente de muitos pesadelos! =) Eu não sonhei especificamente com essa história, mas sempre imaginei como seria se existisse esse outro mundo onde tudo fosse possível; um universo no qual entidades poderosas disputassem as mentes humanas para nos fazer o bem ou o mal. Juntei essa ideia com personagens que eu já havia criado, a princípio, para uma série infantil. Piolho, o garoto engraçado que não gosta de tomar banho, e Pastilha, a menina determinada que vive doente, surgiram na minha cabeça antes de todo o resto. Quando a história veio, senti a necessidade de ter um grupo maior de amigos para viver uma grande aventura nos moldes daquelas que eu adorava ler / assistir / jogar quando moleque. Foi assim que nasceram Paçoca, Pimenta, Pinguim, Princesa e Peteca e a coisa ganhou corpo e, principalmente, alma.

2 – Como está sendo a sua experiência com o seu primeiro romance? Qual é a sensação que você experimenta?

Nossa, a sensação que experimento hoje é maravilhosa. Mas digo isso agora que já se passaram mais de sete meses do lançamento e o livro vem colecionando críticas positivas. Por ser meu primeiro trabalho como autor, isso me deixa incrivelmente aliviado. Afinal, quando você está lançando uma obra você está, literalmente, dando a sua cara a tapa. Ouvir dos amigos e dos familiares que o seu livro é ótimo ajuda, mas não basta. Somente quando pessoas que não te conhecem começam a elogiar o seu trabalho é que você realmente relaxa e passa a curtir esse retorno. Sem falar que, como o livro é infanto-juvenil, ouvir de uma criança de 9 ou 10 anos que ela amou o seu livro de 460 páginas é uma grande recompensa! Esse leitor em formação é totalmente crítico, não tem papas na língua, então se ele diz pra você que gostou é porque gostou mesmo! E, claro, saber que muitos adultos têm se divertido com essa aventura também é algo incrível. Já recebi elogios de leitores dos 8 aos 80 anos – LITERALMENTE! =D

3 – Já sei que Michael Crichton é um dos escritores que você mais gosta, mas você poderia nos dizer outros escritores que tem lugar especial em sua estante?

Michael Crichton é, sem dúvida, o meu autor predileto, graças a seus livros que combinam ação e suspense com altas doses de teorias científicas. Mas a vontade de escrever, de contar as minhas próprias histórias, veio da leitura das séries Harry Potter e Senhor dos Anéis, devido à fantasia contida naquelas obras e ao apelo que ambas exercem sobre todos os tipos de público. Por isso, incluo J.K. Rowling e Tolkien na lista. Michael Ende (A História Sem Fim), C.S. Lewis (Nárnia) e o estilo ágil de Dan Brown também são referências. Não posso deixar de citar também os autores nacionais, tanto juvenis (Pedro Bandeira, Lygia Bojunga, Monteiro Lobato, Ziraldo) quanto os de fantasia (Eduardo Spohr e Raphael Draccon).

4 – O livro tem referências a diversos clássicos, sejam do cinema ou da TV, gostaria de saber se você tem planos de transportar a história do livro para outras mídias. Você é ilustrador, poderíamos esperar uma adaptação do livro para desenho animado ou HQ?

Sim, eu busquei muitas referências na minha infância para escrever o livro, como Goonies, Caverna do Dragão, Final Fantasy, A Lenda e a série Vaga-Lume. Eu tenho muitos planos para levar a turma da Página Pirata para outras mídias, até mesmo no formato de um jogo. Quem sabe um dia eles não viram um filme ou um desenho? Eu adoraria! Tirinhas também estão nos meus planos.

5 – O desfecho me deixou com um gostinho de “quero mais”, assim como deve ter ocorrido com outros leitores, então, sacie a minha curiosidade se puder: Você pretende trazer os personagens desta obra em novas aventuras?

Com certeza a turma da Página Pirata vai voltar! Tenho me dedicado à sequência de Palladinum, que começa alguns meses após o desfecho do primeiro livro. Tem sido uma experiência interessante escrever uma continuação, o que me permitirá expandir o universo que foi apresentado no primeiro livro, apresentar novos personagens e mistérios, e desenvolver ainda mais os protagonistas. Também penso em fazer outros livros com a Turma da Página Pirata, aventuras mais curtas passadas na escola, antes dos eventos mostrados em Palladinum. Creio que quem curtiu esses personagens vai gostar de revê-los em outras situações! =)

6 – Alguns escritores possuem uma afeição maior a determinado personagem, sei que é difícil admitir isto, como é complicado para um pai confessar maior amor por um filho, mas você possui especial carinho por algum dos personagens? Teve algum em que você investiu um tempo maior para a criação?

Não tenho problemas em admitir que tenho uma predileção por Pastilha e Piolho por terem sido os primeiros da turma que criei. Uma coisa engraçada é como Pimenta e Princesa cresceram na história enquanto eu escrevia Palladinum. É incrível como um personagem parece ter vida própria, buscando ampliar seu espaço na trama e conquistar o autor aos poucos. Também gosto muito das criaturas fantásticas que povoam Pesadelo Perpétuo, com destaque para Saghata, uma gata que serve de guia aos jovens, e Poseiron, um rei sábio que os ajuda na jornada.

7 – Uma característica que achei maravilhosa no livro foi que ele é um texto “sem idade”, adultos podem experimentar nostalgia, crianças e adolescentes percebem aventuras fantásticas e enxergam o seu dia-a-dia com os amigos, representados nos personagens, ou seja, todos mergulham muito na trama. Agora, gostaria de saber como é o feedback que você recebe do público infanto-juvenil.

Quando escrevi Palladinum eu tinha em mente escrever um livro que eu mesmo fosse gostar de ler. Sinto profunda admiração por livros e filmes que conseguem ter apelo tanto para o público jovem quanto para o adulto. É como os filmes da Pixar, sabe? São obras maravilhosas que tocam qualquer pessoa, independente da idade. Eu queria que Palladinum fosse assim, e é esse o feedback que tenho recebido dos leitores mais velhos. Já dos jovens, os sorrisos tem sido a maior recompensa. Já recebi cartinhas de crianças de 9, 10, 11 anos, tirei fotos, recebi recadinhos no mural da fan page… Muitos deles reconhecendo que não gostavam de ler até conhecer o meu livro. Acho que esse é o melhor retorno que qualquer um que escreve para jovens pode querer ter. Saber que contribuí de alguma maneira para que alguns deles tomassem gosto pela leitura me deixa muito feliz. Espero que muitos outros jovens (e adultos, claro!) tenham a oportunidade de conhecer meu trabalho.

8 – Eu escrevo alguns contos de vez em quando, além de estar pensando sobre um romance atualmente, você pode deixar algumas dicas para quem almeja ser escritor também?

Acho que o mais importante para quem quer escrever é começar a escrever. Como qualquer outra profissão, só se aprende a escrever praticando muito. Comece a escrever dentro do estilo que você mais gosta. Procure referências, que não precisam ser apenas literárias. Pesquise sobre o tema da sua história. Procure cursos sobre o mercado editorial, sobre técnicas, estrutura, roteiro… E o mais importante: não desista de seus sonhos!

9 – Deixo um espaço para você deixar um recado para os fãs, amigos, familiares, personagens e quem mais você quiser.

Gostaria de agradecer ao blog por este espaço e a todos os leitores pelo carinho com o qual têm recebido a mim e à turma da Página Pirata. Esse retorno é muito estimulante e me encoraja a querer continuar a contar essa e muitas outras histórias! Agradeço especialmente a todos os autores que tenho conhecido desde que publiquei meu livro, muitos se mostraram verdadeiros amigos, me dando dicas, conselhos, trocando ideias. Cada dia me sinto mais e mais acolhido por essas pessoas com quem tenho aprendido muito!

Lhe desejo muito sucesso, Marcelo, abraços e conte sempre com um espaço no Leitor Cabuloso! Precisando divulgar algo, pode falar conosco!

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