Saudações, caros leitores! Um dos livros resenhados por mim há pouco tempo foi “2013 – Ano Um” (acesse “aqui” para ler a resenha), antologia em que está o conto “Os Filhos do Dragão” do autor parceiro Sandro Quintana, agora, como de costume, quando é possível, lhes trago uma entrevista com o escritor!
Quem é Sandro Quintana? Sandro Quintana começou a sua paixão pela leitura ainda criança, lendo as aventuras da Turma da Mônica quando ainda nem sabia ler, ajudado por sua irmã mais velha.
Ao longo dos anos, nutriu o seu desejo por ser um contador de histórias na forma de escritor, mas só agora, psicólogo de formação e profissão, encontrou o caminho para realizar o seu sonho enquanto resgata as histórias daqueles que colocam suas almas em suas mãos.
P.S: O Sandro também está na antologia “À Beira da Loucura” (ainda será lançada) com o conto “Teatro da Vida”.
Onde encontrar o Sandro Quintana no ciberespaço?
Quem quiser encomendar o livro com o Sandro (o que recomendo, pois ainda vem com um conto bônus) deve entrar em contato pelo e-mail: andarilhor@uol.com.br
Vamos à entrevista…
Olá, Sandro! Rapaz, sinto-me feliz em entrevista-lo por dois motivos: Primeiro – Sempre gosto de entrevistar escritores, ilustradores, editores etc, mas quando considero essa pessoa como um amigo, as palavras trocadas adquirem ainda mais importância. Segundo – Sei que você está no início da sua carreira como escritor, portanto me sinto ainda mais motivado a apoiá-lo, visto que já pude apreciar a sua escrita e sei que é algo que definitivamente mais pessoas devem conhecer. Agora vamos às perguntas…
1 – Como surgiu a vontade em escrever?
Na minha vida? Acho que desde sempre, na verdade. Quando criança, eu escrevia pequenas poesias para minha professora de C.A. (atual primeiro ano. Olha eu entregando minha idade. rs). Com o passar dos anos, continuei escrevendo pequenas poesias, e conforme meu gosto pela leitura foi crescendo, da mesma forma cresceu o meu gosto pela arte de criar histórias, apesar de nem sempre as escrever.
Tentei algumas vezes escrever uma história mais longa, mas nunca ficaram do jeito que eu queria. Aliás, continuam não ficando, só tenho aprendido a não me estressar mais com isso e deixá-las seguir o próprio caminho.
2 – Como você descobriu o universo dos livros? Afinal, todo bom escritor sempre lê bastante.
Minha paixão pelas letras começou quando eu ainda era bem pequeno. Devia ter uns 3 ou 4 anos. Eu ainda não sabia ler, mas ficava fascinado com aqueles símbolos que eu via em todos os lugares. Minha irmã mais velha, quando ficava cuidando de mim, me colocava no seu colo e ia lendo histórias da Turma da Mônica enquanto eu perguntava “que palavra é essa?” várias e várias vezes. Acho que essa é a memória mais querida da minha infância.
Já um pouco mais velho, uma prima minha, sabendo que eu gostava de ler, deu para mim alguns livros velhos que ela estava se desfazendo. De início eu não me interessei, pois não tinham figuras, mas depois de ver um filme baseado em um deles (Vinte Mil Léguas Submarinas, de Jules Verne) e ficar fascinado, me aventurei a ler o livro. Engraçado que passei a amar o livro e odiar o filme (que antes eu tinha amado. rs).
3 – Quais autores estão entre os que você mais gosta?
Esta é uma pergunta complicada. Eu leio praticamente de tudo, até bula de remédio (rs), a lista de autores que eu gosto é grande e variada.
Entre os autores que mais me inspiram como escritor estão Neil Gaiman, Alexandre Dumas, Stephen King, Scott Westerfeld, Jules Verne, John Wick, André Vianco e Mário Quintana. Esta lista está longe de ser completa, mas são os principais nomes que vem a mente nesse momento.
4 – Sei que você está ainda dando os primeiros passos como escritor, mas já está pensando em um romance?
Já pensei e repensei muitas vezes. Rs
Eu já fiz três tentativas de escrever um romance. Na primeira eu tinha 12 ou 13 anos e era um mistério infanto juvenil inspirado em uma série que eu lia na época chamada “A Inspetora”, mas não passei do primeiro capítulo.
Depois, escrevi treze capítulos de uma história de fantasia medieval inspirada em jogos de RPG. Parei uns meses por causa de obrigações de colégio (eu estava no ensino médio, na época) e quando voltei e reli o que escrevi, achei tudo muito forçado, e não continuei.
Minha terceira tentativa foi um livro de ficção científica. Esse foi um projeto em dupla. Eu e um amigo tínhamos, cada um, uma ideia para um cenário, e resolvemos juntar os dois. Acabamos parando por falta de tempo e divergências criativas.
No momento estou na minha quarta tentativa, trabalhando no que eu chamo de um “romance psicológico-existencial”. Não acho que ele terá muito apelo comercial, mas estou gostando da história e quero chegar até o fim dela.
5 – Como é o seu processo criativo? Pode dar algumas dicas, compartilhar um pouco de sua experiência?
Em um conto de Isaac Asimov, que eu não lembro o nome, um personagem tenta descobrir de onde vem as piadas da humanidade. No fim da história, ele descobre, mas ao fazer isso, faz com que ninguém mais se lembre de nenhuma piada no mundo. De vez em quando, eu acho que o meu processo criativo funciona da mesma forma. No dia que eu o entender, ele vai desaparecer. Rs
Acredito que as histórias vem até nós e nos escolhem para contá-las ao mundo. Cabe aos contadores de histórias estarem abertos para recebê-las e dispostos a assumir o compromisso que nos pedem.
Elas vem até mim em todos os momentos, quando vejo a cena de um filme e imagino um desfecho diferente, ou quando imagino uma versão sci-fi de um clássico infantil, ou quando penso em um tema qualquer como o respeito pelas diferenças e imagino uma história infantil.
Por exemplo, outro dia vi uma mulher na rua com seu cachorro. Adoro animais e achei o cachorro muito bonito e bem cuidado, e demorei um tempo para perceber que ele só tinha três pernas. Logo comecei a imaginar como ele teria perdido a perna, se ela o adotou já assim, ou passou com ele por todo o processo. Com isso, acabei criando uma personagem que poderá aparecer em alguma história futura.
Depois de ter uma ideia, fico com ela um tempo, “digerindo” até que a história se torna tão forte que eu tenho que colocá-la para fora, escrevendo.
Não sei se ficou claro, mas é mais ou menos por aí.
6 – Como apareceu a ideia para o conto “Os Filhos do Dragão”?
Originalmente eu tinha pensado em uma história completamente diferente para a antologia “2013 – Ano Um”, mas conforme fui elaborando não gostei muito da forma que ela foi tomando. Ela volta e meia me cutuca pedindo que eu a escreva, talvez um dia eu o faça.
Quando faltava cerca de uma semana para o prazo final do envio do conto, lembrei de uma brincadeira entre alguns amigos na época da minha adolescência, em que falávamos das três grandes pragas que sobreviveriam ao fim do mundo. Na época, eu criara uma historia cômica sobre o desfecho entre essas forças. Ao lembrar disso, pensei em escrevê-la para a antologia, mas achei-a muito boba.
Então pensei “E se eu a contar como se fosse uma história séria?” e logo me veio a imagem do ancião contando a história aos jovens na ruína de uma biblioteca que abre o conto e comecei a escrever feito um louco, só parando quando estava terminada, cerca de duas horas depois. Ainda levei dois dias revisando, mas gostei do resultado e a enviei. Fiquei muito feliz ao saber que tinha sido selecionada.
7 – Para você, como é a sensação de ter uma história sua lida?
É uma grande alegria saber que tem alguém lendo uma história que eu escrevi. Quando peguei o “2013 – Ano Um” na mão foi como ter um sonho materializado. Ao mesmo tempo, eu sinto uma certa curiosidade para saber como cada pessoa recebeu o meu texto, não apenas se gostou ou não gostou, claro que eu adoro saber quando alguém gostou de alguma coisa que eu escrevi, mas o que eu quero saber é o efeito que a história causou nela, qual foi a emoção, o que ela entendeu, esse tipo de coisa. Acho que contar uma história é como começar um diálogo em que você nem sempre saberá a resposta da outra pessoa.
8 – Como você avalia as antologias que tanto estão abrindo espaço para novos escritores? O que você acha do cenário atual da literatura fantástica em nosso país?
Acho que é uma ótima oportunidade para pessoas como eu, que sonham em serem escritores começarem a entrar no mercado, para as editoras é uma boa forma de fazer uma captação de bons autores através da avaliação de um número de páginas muito menor do que a leitura de romances inteiros de diversos autores, e para os leitores é um caminho simples para conhecer os autores dessa nova geração da literatura brasileira. Resumindo, todos ganham.
9 – Como sempre faço com os meus entrevistados, deixo espaço para você mandar um recado para familiares, amigos, conhecidos, seres mutantes de três dedos (Okay, essa parte é fruto de minha imaginação meio descontrolada, mas você entendeu a referência – Sim, leitores! Para entender o que eu disse, só lendo “2013 – Ano Um”) etc.
Tenho muitas pessoas a agradecer por estar agora começando a realizar o meu sonho. Quero começar agradecendo a minha família que me apoia da sua maneira, principalmente a minha irmã, Adriana, que me apresentou ao mundo das letras, e aos meus sobrinhos, Miriam e Breno, que são os meus leitores betas (espero que em breve o Luigi e a Isabelinha também estejam nessa).
Tenho muitos amigos para agradecer, que estão sempre me dando força, tanto os que já compraram o 2013 quanto os que ainda não, mas os mais importantes são o pessoal do grupo Diversidade que tem sido a minha rede de apoio e com os quais tenho me tornado não só um profissional melhor, mas uma pessoa melhor.
E quero dizer só mais uma coisa: Estou apenas começando!
Sandro, abraços! Desejo-te uma excelente carreira como escritor e, sempre que precisar de apoio, pode contar com o Leitor Cabuloso!