RESENHA DO FÃ – COM NATHASHA FERREIRA

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Essa seção será um espaço para as resenhas dos leitores e fãs do Leitor Cabuloso. A fã de Anne Rice, Nathasha Ferreira, escreveu uma resenha de A Hora das Bruxas, da série As Bruxas Mayfair. Confiram!

“Eu sou paciente. Vejo muito longe. Estarei bebendo o vinho, comendo a carne e conhecendo o calor da mulher quando de você não restarem nem os ossos.” (Lasher – A Hora das Bruxas)

O nome da autora Anne Rice é facilmente reconhecido pela grande maioria dos leitores.  Autora de grandes best sellers da literatura mundial, tem mais de 30 livros publicados, em seu nome ou com pseudônimos. Mas a escritora ficou famosa pela série “Crônicas Vampirescas”, composta por dez livros que contam as aventuras do sedutor vampiro Lestat e de outras criaturas que, como ele, tem sentimentos, paixões, defeitos e desejos bastante humanos.

A autora também se aventurou por outros campos do sobrenatural, como demônios, anjos, espirítos e bruxas, e é sobre essas últimas que vamos falar um pouco. Composta de quatro livros, a série “As Bruxas Mayfair” conta a história de uma família de bruxas que remonta ao século XVII e de como sua linhagem, sempre seguida pelo lado feminino, se perpertuou até os dias atuais. A história começa nos dois primeiros volumes da série, entitulados “A Hora das Bruxas”, volumes I e II, e continua nos livros “Lasher” e “Taltos”. Todos fazem parte de uma grande sequência de fatos, por isso poderiam ser facilmente considerados como um grande livro único.

O volume I de “A Hora das Bruxas” começa nos apresentando os três principais personagens dessa história: a jovem Deirdree Mayfair, aparentemente em estado vegetativo, presa em sua cadeira de balanço de uma refinada mansão em Nova Orleans; o restaurador Michael Curry, que recebeu um estranho dom de ter flashs de acontecimentos quando toca em objetos e pessoas, depois de quase morrer afogado e ter visto estranhas criaturas; e a médica Rowan Mayfair, jovem aficcionada pelo seu trabalho e que esconde um grande poder, que tanto a ajuda quanto a atormenta.

O fio condutor de toda essa história é um espírito, que acompanha as bruxas há várias gerações e atende pelo nome de Lasher. Como uma estranha maldição – ou benção, ninguém sabe dizer -, Lasher está sempre ligado à uma das mulheres da família a cada geração, passando de mãe para filha como uma espécie de herança, assim como o misterioso colar que contem uma grande esmeralda e seu nome gravado.

Tudo começa no ano de 1664, em um pequeno vilarejo da Escócia, chamado Donnelaith. Lá vive a curandeira Suzanne e sua filha Deborah, uma menina filha das farras (grandes festas pagãs) e cujo pai não é conhecido. Pesquisando sobre suas curas, Suzanne encontra um homem que lhe apresenta um livro negro com estranhos conhecimentos sobre espíritos e fantasmas. Ela então faz um ritual em torno do círculo sagrado de pedras do vilarejo, chamando pelo espírito de Lasher, que passa então a estar ligado a ela.

Lasher, no entanto, não é apenas uma simples companhia. Apesar de não ter forma, ele a ajudava a curar as pessoas e lhe dava prazer, além de trazer algum dinheiro e conforto à sua vida simples. Todos esses fatores logo chamaram a atenção da Igreja, que julgou Suzanne como bruxa e a condenou a fogueira. Deborah estaria sozinha se não fosse a intervenção de uma ordem muito antiga chamada talamasca, dedicada a estudar todos os tipos de fenômenos sobrenaturais e que mandou um de seus membros, Petyr van Abel, até a cidadezinha para estudar o caso de Suzanne. Petyr volta para a sede da Talamasca levando Deborah, que no entanto não fica muito tempo com eles e logo se vai para continuar sua vida, sozinha.

A partir desse momento e dos relatos de Petyr é aberto na Talamasca um arquivo sobre as Bruxas Mayfair e seus estudiosos começam a estuda-las, sempre discretamente e sem interferências, seguindo sempre o lema da ordem: “Vigiamos, e estamos sempre presentes”. Ainda ligado à essa investigação, Petyr vai descobrir da pior forma possível que a esmeralda não é único legado deixado por Suzanne: Lasher é um espírito vingativo e perigoso quando quer.

 A história continua a se desenrolar a partir do tempo presente, da ligação entre Rowan e Michael e a amizade que os dois desenvolvem com Aaron Lightner, o estudioso da Talamasca que atualmente é o responsável pela investigação da família Mayfair e por manter os arquivos atualizados. É através de Aaron e dos arquivos que ele traz para Michael que nós, leitores, também temos acesso à toda a história da família Mayfair e como Lasher teve influência na criação e manutenção da grande riqueza da família.

Anne Rice conseguiu mesclar terror, suspense, romance e sensualidade, até mesmo com uma pitada de erotismo, em uma mesma obra. Contar mais do que isso seria estragar muitas das grandes surpresas e mistérios que o livro traz. A história permite que você se envolva aos poucos, se aproximando das muitas personagens e criando identificação com cada uma delas.

Os dois volumes de “A Hora das Bruxas” são mais focados na família Mayfair, mas vale muito a pena continuar a história e fechar todo o ciclo lendo “Lasher” e “Taltos”, que contam mais sobre a origem do espírito, mantendo as mesmas personagens e apresentando algumas novas, que ajudam a envolver ainda mais o leitor.

Se buscássemos resumir a série em algumas palavras, elas seriam: envolvente, polêmica, sedutora e altamente recomendável.