RESENHA + ENTREVISTA: “DOCE PERSEGUIÇÃO” DA JANETHE FONTES

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Capa
Capa
Autora: Janethe Fontes
Editora: Giostri Editora
Origem: Brasileira
Ano: 2012
Edição: 1
Páginas: 247
Skoob
Sinopse: Uma jovem brutalmente assassinada… Um homem frio e perigoso… Uma promessa de vingança… Graziela tinha apenas quatorze anos de idade quando a irmã fora violentamente assassinada, e ela jurou vingança ao assassino. Essa, porém, seria a missão mais difícil de sua vida, pois, por mais que renegasse seus sentimentos, ela amava o principal suspeito do assassinato… Mas Graziela está disposta a ir até as últimas conseqüências para descobrir a verdade e cumprir sua promessa. Afinal, a paz de seu coração depende exclusivamente disso…

Análise:

“[…] ela não podia resistir às carícias dele e ao próprio desejo. Por isso, não ofereceu qualquer resistência quando ele segurou o seu rosto entre as mãos, fitou seus lábios por longos segundos e a beijou intensamente.”

—Pág. 143.

 

Saudações, caros leitores! O livro de hoje é muito especial, não que os anteriores não foram importantes, mas por esse tenho um carinho maior porque vejo a autora como uma grande e especial amiga por três fatores: O seu talento em escrever tramas que envolvem questões sociais, a simpatia ao dialogar com os seus leitores e fãs (estou incluso aqui) e também porque foi a primeira escritora a apoiar o extinto Policial da Biblioteca, após ler uma resenha feita por mim e dar-me elogios tão generosos, isso me incentivou ainda mais a me dedicar na hora de escrever uma resenha. Contudo, não pensem que as palavras a seguir foram frutos de uma mera amizade, pois ao ler “Doce Perseguição” deixei de lado um pouco o aspecto fã e conduzi meus passos como um leitor o mais critico possível, pois antes de qualquer coisa, meu objetivo é auxiliar os autores a conseguirem o melhor de si mesmos.

O primeiro componente da obra que desejo comentar é a capa. É muito interessante como algumas cores, dependendo do tom, conseguem nos remeter à emoções específicas e é justamente à paixão que o fundo negro com uma “película” vermelha por cima, deixando as peles dos personagens da foto nesta cor, me remeteu. Os lábios prestes a se tocar passam uma sensação forte, pois deixa no ar uma expectativa sobre como será quando o beijo acontecer, assim como os olhos fechados retrata uma entrega completa ao sentimento, afinal não enxergar abre as portas para uma variedade enorme de riscos. Achei a capa excelente, visto que se alia perfeitamente à história.

É notável a maneira como a Janethe evoluiu a cada novo livro, sua narração está mais lapidada e consegui ver em “Doce Perseguição” ainda mais traços que o distinguem de seus dois livros anteriores, algo que mostra amadurecimento e capacidade de sempre se reinventar como escritora. Nesse livro o foco da história e como ela acontece é totalmente diferente dos seus primeiros trabalhos e digo com convicção que é o seu melhor até o momento, mas percebo que ela ainda pode nos presentear com textos mais fascinantes.

O cerne dessa obra é Graziela, uma jovem cujo ódio pelo assassino de sua irmã é tão poderoso que ela acaba sabotando a sua própria vida, pois sem resolver esta questão de seu passado, avança muito precariamente para o futuro, isso quando não permanece “paralisada” emocionalmente, não conseguindo perdurar em outros sentimentos se não a raiva. Ela é um ser humano e como qualquer outro está passível de cometer erros, dos mais grosseiros até os mais sutis, mas os leitores com olhar mais aguçado vão perceber o quanto a Ira dela é perniciosa, turvando seus julgamentos e sendo espinhos em suas ações, causando aflições de fácil solução, mas que ganham proporções ampliadas graças à sua fragilidade emotiva. Esse ponto, com certeza, nos faz pensar em quantas ocasiões sucumbimos a um impulsivo destrutivo, tornando as coisas ainda mais complicadas e no final das contas não resolvemos nada e provavelmente só fizemos aquilo que alguns podem condenar na personagem, enfim, esse é um aspecto empolgante, visto que convida o leitor a refletir sobre si mesmo.

Como notaram, a causa de toda a angústia da personagem é ela mesma, pois ela opta em alimentar um sentimento que aumenta a ferida e não elucida nada, diferente dos livros anteriores em que as protagonistas eram vítimas de um agente externo e opressor e buscavam romper com isto. Antes, os inimigos eram menos perigosos, uma vez que eram agentes dos quais era possível se afastar fisicamente, mesmo que não psicologicamente, mas agora o adversário oferece um desafio maior, o adversário de Graziela é sua própria mente, seus medos. Como fugir de si mesmo? Não há como e qualquer coisa que der essa impressão é somente uma trilha para a autodestruição.

Para conceder ao enredo um tempero ainda mais saboroso, a Janethe colocou um romance na obra, mas acreditem, na mesma proporção em que ele é ardente, com cenas que não vão decepcionar os fãs de romances adultos, constantemente solta algumas faíscas que ameaçam destruir tudo, mais uma vez a negatividade sentimental de Graziela a impede de viver várias vezes a intensidade de algo belo.

No começo o romance que Graziela iniciou na adolescência é evidentemente baseado em uma atração puramente física, ebulição dos hormônios, natural para essa fase da vida, mas isso acaba se estendendo ainda um pouco para a fase adulta. As primeiras cenas do enlace amoroso são bem elaboradas, mas deixa a desejar no quesito profundidade de sentimentos, alguma coisa para me cativar mais, ainda bem que isso não foi algo que tomou muitas páginas e o sentimento aumenta de complexidade e não se prende unicamente ao contorno mais erótico da relação. Não que erotismo seja defeito em um texto, mas quando usado em demasia, sem uma base de ideias que instiguem a reflexão, acaba empobrecendo a escrita.

A obra também contém elementos de suspense, um mistério que ora fica sob os holofotes, ora cede espaço para questões diversas, mas sempre está por perto nos fazendo olhar pelos cantos dos olhos a cada nova informação obtida. O que era óbvio vai crescendo e se insinua como uma conspiração para preservar alguns indivíduos, mas no desfecho surpreende bem mais do que eu esperava. A autora conseguiu fazer uma virada na história quando nada mais parecia possível de ser mudado, mas sem deixar lacunas.

A Janethe me surpreendeu mais uma vez com a sua renovação literária, mudando os ares de sua escrita, mas sem perder a característica de denúncia social que tanto está presente em cada uma de suas letras e que me cativou desde que a conheci. Nesse caso, o tema foram os crimes passionais. Com certeza posso afirmar que seus próximos livros tem tudo para serem leituras obrigatórias para muitas pessoas, mais do que os já lançados são, visto que a sua ascensão está sendo muito bem construída e cada degrau está mais firme que o anterior. Parabenizo a autora, desejo muito sucesso, agradeço por ter gentilmente enviado um exemplar da obra para resenha e dou quatro selos cabulosos e meio para o livro! Leitura recomendada para refletir sobre as nuanças do amor e da paixão.

NOTA:

Entrevista

Janethe Fontes

Olá, Janethe, eis que mais uma vez estou lhe entrevistando. Acredita que estou com ansiedade como das outras vezes? (risos) É que sempre fico empolgado ao conversar com um (a) autor (a). Estou ainda mais alegre em dialogar com você agora porque “Doce Perseguição” reconfirmou algo para mim: Você é uma autora com alta capacidade de se reinventar, algo que proporciona uma experiência de leitura bem diferente a cada livro. Espero que mais uma vez você aprecie a entrevista…

Com certeza!! É sempre um prazer poder “papear” um pouquinho com meus leitores!

1 – “Doce Perseguição” é um livro bem diferente dos seus trabalhos anteriores, apesar de manter a denúncia social como norte, pois, além de ser uma história de suspense, a protagonista segue uma lógica diferente das anteriores. Como foi o processo de escrita desse livro? Foi mais difícil que os anteriores?

Não, não foi mais difícil. Na realidade, meu livro mais difícil foi mesmo Vítimas do Silêncio, por ser o primeiro e ter uma carga extra de insegurança e também pela grande responsabilidade e vastidão de sentimentos que o tema despertava (violência sexual). Além disso tudo, eu  tive de reler várias vezes e “adequá-lo” às exigências do mercado editorial… diminuir o número de páginas para aumentar as chances de publicação… A dica me foi dada por um amigo meu, também escritor, e, realmente, me ajudou bastante, pois pouco tempo depois de ter atendido ao conselho desse amigo, consegui publicar.

E muito embora ainda me restasse uma dose muito grande de insegurança na época que comecei a esboçar Doce Perseguição, pois eu ainda não tinha nenhum livro lançado, minha maior preocupação era apenas conseguir passar para o papel uma história com as mesmas características dos livros que tanto me fascinavam (fascinam): os policiais. Espero ter conseguido.

2 – Na entrevista que você me concedeu anteriormente, mencionou que é uma fã de suspense. Gostaria de saber quais os seus autores favoritos deste gênero e se pretende investir mais nesse tipo de narração.

É “lugar comum” mencionar Agatha Christie, não é mesmo?? Mas é impossível não citá-la. Contudo, há vários outros autores, pois sou muito “eclética” em termos de leitura. E, sim, pretendo investir mais nesse tipo de narração, sobretudo se os resultados com Doce Perseguição forem positivos entre os leitores.

3 – A personagem Graziela, protagonista, é completamente distinta daquelas dos livros anteriores, devido aos motivos que citei na resenha, como foi a sensação de cria-la? O que você achou do resultado final?

Você achou isso mesmo, que ela é completamente distinta? Ai, que bom!! Então, o resultado final não poderia ser melhor! Afinal, para o escritor, o “melhor resultado” está na aprovação do leitor.

4 – A cada livro você demonstra mais amadurecimento como escritora e aborda um problema social diferente, gostaria de saber se você já tem algum projeto sendo arquitetado e o que você pode contar sobre ele. Qualquer detalhe serve para satisfazer a minha curiosidade de leitor.

 Tenho mais uma obra na gaveta: O voo da Fênix. Mas não posso contar detalhes, porque vou revisá-la por completo antes de submeter à apreciação das editoras. Meus leitores estão cada vez mais exigentes e preciso atender às expectativas desse meu público. (rsrs)

5 – Em 2008 você lançou seu primeiro livro, em 2011 o segundo e agora lançou o terceiro. Pelo visto, você consegue manter um ritmo de produção grande, estou certo? Como você faz para manter esta constância na escrita? Segue alguma técnica ou só para e começa a escrever?

Eu realmente tenho um ritmo rápido na escrita. Em média, o livro fica pronto em três ou quatro meses. Mas depois do fim é que começa realmente o trabalho do escritor, já que é imprescindível reler várias vezes a obra a fim de melhorá-la. E é incrível como sempre que voltamos a um texto, pensamos que algo pode ser mudado, acrescentado ou suprimido. Não é mesmo?

6 – Neste momento, deixo para você o espaço para deixar algum recado aos seus leitores ou um pensamento que queira compartilhar.

Vou deixar então um recado:

Queridos,

Através dos livros, fiz muitas viagens, conheci lugares nunca antes imaginados… Mergulhei em oceanos, subi montanhas e saltei de paraquedas… Senti raiva, tédio, paixão, medo… Enfim, vivi muitas vidas…

Agora, também através dos livros, procuro companheiros para viajar comigo neste vasto mundo de emoções. Prometo que a viagem é totalmente segura, que sua integridade física está totalmente preservada, independentemente das situações que vivenciar. MAS, quanto à sua alma, ah, essa não voltará imune!

Vamos nessa?

Aproveito também para agradecer, embora não consiga, nesse momento, encontrar palavras suficientes para demonstrar a minha enorme gratidão a todos os amigos, físicos e virtuais, que me apoiaram e continuam me apoiando até hoje. Mais do que leitores e seguidores, alguns se tornaram verdadeiras “fontes de energia”, que utilizo nos momentos de insegurança “literária”. Então, só tenho algo a dizer: Muito obrigada, de coração, a todos vocês!!!

Fico grato demais pela entrevista! Fico ansioso por saber sobre seus próximos livros, desejo ainda mais sucesso para ti!

 Eu é que agradeço, mais uma vez, e sempre, pela oportunidade!!!

Observação: É possível comprar o livro na loja virtual da autora. O que estão esperando?